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24 de abril de 2021

Direita e extrema-direita – 4

Direita e extrema-direita estão ambas unidas na defesa do neoliberalismo. O neoliberalismo procura ofuscar as relações sociais que integram os seres humanos, como o marxismo afirma, exacerbando o individualismo como “liberdade”, visando suprimir a democracia, isolar os cidadãos, tornados como trabalhadores, meras mercadorias, criando um fosso entre o pessoal e o coletivo, para que em lugar da vida sindical prolifere o lumpen proletariado.

Como iria o “liberalismo”/neoliberalismo resolver qualquer crise, fosse económica e financeira (originada pelos seus processos), social (idem) ambiental (idem) ou de saúde pública (em parte, idem)? Com o Estado “pequeno, mas forte”? Com que recursos?

Claro que sem temerem contradições para salvar o seu sistema e os seus esquemas, ditos de eficiência máxima, apelam ao Estado. Este que se endivide, o agravamento da austeridade que se seguirá é mesmo necessário para manter o sistema ao abrigo das reivindicações e "ilusões progressistas".

O neoliberalismo é a doutrina oficial, uma espécie de religião da UE, porém está desacreditado teoricamente e a sua a prática totalmente fracassada. O seu paradigma manifestou-se no Chile de Pinichet, promovido a laboratório neoliberal pela chamada Escola de Chicago, tal como na Rússia sob o “democrata” Ieltsin.

Realidades e tragédias completamente escamoteadas pelos media. A propaganda mente sobre sobre as consequências do Comércio Livre, sobre o desmantelamento das funções sociais do Estado, sobre a desregulamentação financeira.

A mistificação é que, por muito liberais que queiram parecer, nem uma palavra dizem como iriam contra o sistema monopolista, a finança especuladora, a infame “concorrência fiscal”, predadores da riqueza criada pela força de trabalho

Uma medida tão evidente como taxar as transações financeiras e controlar os paraísos fiscais, mesmo sem pôr em causa a o sistema capitalista é combatida tenazmente como "radical", ao mesmo tempo que os países são atacados pelos défices públicos, precisamente pelos que se aproveitam deste sistema iníquo. 

Se há algo que a pandemia mostra é que as teses do “menos Estado” e de privatizar as funções sociais do Estado é ainda mais desmascarada do que já o fora antes face à crise capitalista de 2008 – que nunca foi resolvida e se agrava.

A questão do salário mínimo mostra como por maiores lucros que o grande capital obtenha têm sempre argumentos em nome da “economia” (chama-se “economia” aos interesses oligárquicos) para o seu relativo – ou mesmo absoluto – empobrecimento. Com lágrimas de crocodilo também afirmam que o seu aumento iria por no desemprego os trabalhadores mais pobres. Claro que não lhes passa pela cabeça, alterar o sistema.

Como a CGTP mostrou para manter o poder de compra de quando foi criado devia agora andar pelos 960 euros. O exemplo dos EUA é esclarecedor, em termos reais declina desde 1968. O aumento em 2009, para 7,25 dólares/hora foi insuficiente para compensar a inflação. (1)

A direita e a extrema-direita voltam os ressentimentos das massas populares exploradas pelas próprias políticas de direita de conciliação com a oligarquia e as chantagens da UE, praticadas também social-democracia/”socialismo democrático” (PS), para o racismo, a corrupção - na realidade inerente ao sistema - ou aos emigrantes fugidos aos horrores dos conflitos do imperialismo que defendem totalmente.

Esta estupidez apresentada de forma assertiva, arrogante e repetida, capta as pessoas desinformadas, pela boçalidade de que “os políticos são todos iguais” e os “funcionários públicos uns privilegiados, parasitas dos contribuintes”. 

Com o neoliberalismo os trabalhadores, o próprio poder democrático é entregue ao poder da oligarquia. Por tudo isto, é cada vez mais urgente o esclarecimento militante.

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