O perigo na escada é um quadro do surrealista Claude Roy. Uma serpente insinua-se numa aparentemente segura escada tradicional. Nas suas casa as pessoas fazem os seus trabalhos, convivem, pensam nos seus problemas, mas ignoram o perigo. Assim estamos nós. Durante a semana que passou o perigo de uma guerra na Europa foi real. As pessoas são distraídas com falsas notícias e com uma russofobia instituída - neste aspeto diga-se que Portugal não é dos piores - os media corporativos repetem o que é preparado pelas centrais internacionais de desinformação, o sr. Milhazes (jornalista da RTP em Moscovo) dizia – sem temer o ridículo – que Putin apresentava para o desempenho económico abaixo das previsões “como desculpa a pandemia”… Sem comentários.
Outros promovem Navalny, um elemento de extrema-direita, a discursar com neo-nazis e skinheads, condenado por corrupção, racista assumdo, um ultranationalista financiado pela norte-americana NED, como sendo democrata perseguido – mas ignoram o drama de Julian Assange preso em condições que configuram tortura.
O imperialismo não aceita ser contestado por qualquer outro poder soberano, nem mesmo os ditos aliados. Como diz Michael Hudson: “Os americanos querem guerra. As pessoas que Biden indicou têm um ódio emocional da Rússia. Falei com governantes próximos do Partido Democrático, disseram-me que há um desejo emocional patológico de guerra com a Rússia.”
A guerra na Europa foi preparada, envolvendo a NATO, a partir da Ucrânia contra a Rússia. O presidente da Ucrânia era um cómico televisivo que ganhou as eleições prometendo manter boas relações com a Rússia, mentiu como é de norma. Não passa de um fantoche de Washington. Fez apelos à intervenção da NATO, aviões descarregaram armamento no país, tropas concentram-se na zona do Donbass, separada após a tomada de poder pelos nazifascistas em Kiev, a seguir a uma “revolução colorida”, protestando contra os políticos, exigindo mais liberdade e fim da corrupção, etc.
Enfim,a agenda comum da extrema-direita por toda a parte e cá também. Pegam numa figura televisiva ou promovem-na e fazem dela nos media um líder. A cartilha está feita, é comum, só têm de segui-la.
A Rússia já avisou que uma guerra naquele território poderia levar ao fim da Ucrânia. A tomada do Donbass pelos nazis de Kiev apoada pela NATO colocaria a NATO nas suas fronteiras, a Crimeia seria a próxima a ser atacada. O objetivo final congeminado pelos cérebros em Wahingtos e Cia. é tornar a Ucrânia para a Rússia o que o Afeganistão foi para a URSS. Mas para isso os EUA/NATO precisariam de um outro Gorbatchov e um outro Ieltsin que leve de novo o país ao caos e finalmente ao desmembramento em repúblicas separatistas, como então preparado.
O traidor Gorbatchov nem sequer um papel escrito negociou com os EUA ao dissolver o Pacto de Varsóvia… Para se entender o que aconteceu naquele tempo vale a pela ver o que escreveu alguém que o viveu, como Dimitri Rogozin (1)
Voltemos à Ucrânia. Antes do fim da URSS foi feito um referendo, depois de meses de propaganda antissoviética e saneamento dos dirigentes verdadeiramente fieis à Constituição. O resultado foi conclusivo: quase 80% dos cidadãos queria manter a URSS. A Ucrânia (excluindo os Estados Bálticos dado ignorar qual a sua percentagem) foi a República com menor percentagem: “apenas” 74%… O social-democrata e pró-imperialista Gorbatchov teve uma atitude perfeitamente cínica, mas coerente com o que revelou no futuro: “o referendo não era vinculativo”.
Sim, vinculativo seria o bombardeamento ordenado por Ieltsin ao Parlamento russo (Duma) com maioria comunista. “Tanques do nosso país dispararam sobre o Parlamento Russo que não tinha nem armas nem defensores. Centenas foram mortos ou esmagados pelos tanques. Nesse mesmo dia foram realizados disparos do telhado da embaixada dos EUA sobre manifestantes. O exército estava proibido de intervir.” (1)
1 - Do fim da URSS à atual Russofobia Notas de Dimitri Rogozin, um embaixador russo junto da NATO https://resistir.info/v_carvalho/rogozin_resenha_1.html e https://resistir.info/v_carvalho/rogozin_resenha_2.html
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