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14 de abril de 2021

O imperialismo recuou na Ucrânia - 2

 A Europa esteve à beira de um conflito militar de consequências imprevisíveis, que poderiam levar á sua destruição se as tropas da Ucrânia avançassem para o Donbass. Perante a óbvia derrota dos soldados de Kiev, a NATO interviria contra a Rússia.

O objetivo dos tresloucados que rodeiam Biden não era apenas o Donbass, mas a Crimeia, com a base naval de Sebastopol. Só gente totalmente desligada da realidade pode conceber que a Rússia permitiria que Sebastopol se tornar-se uma base da NATO. Nem com o Ieltsin o comando russo abriu mão dessa histórica base.

Perante as intenções declaradas de Kiev e da NATO, a Rússia montou um importante dispositivo militar na região. Que fariam os EUA perante situação parecida nas suas fronteiras? A ação russa nos planos militar e diplomático terão assustado Washington e seus súbditos da NATO. 

Note-se que perante o cerco militar que lhe é movido, a Rússia definiu diretivas para o uso de armas nucleares em resposta a ataques não nucleares visando infraestruturas militares e áreas estrategicamente essenciais.

Na recente reunião entre a China e a Rússia foi anunciado que as duas nações "construirão um modelo de confiança mútua estratégica, apoiando-se firme e mutuamente na defesa de nossos interesses fundamentais, unindo forças contra “revoluções coloridas”, lutando contra todos os tipos de informações falsas e mantendo a nossa soberania e segurança política.”

No último momento, apesar de toda a retórica agressiva mantida durante anos, o imperialismo recuou. Neocons como Victoria Nuland, terceira figura na Secretaria de Estado de Biden (a senhora do Fuck the EU’: US diplomat Victoria Nuland's phonecall leaked - video fev 2014 em Kiev) foram ultrapasados. Mostra também as lutas de interesses e influências em Washington, entre Pentágono, CIA-NED, belicistas neocons, complexo militar industrial.

Mostra ainda como o mundo multipolar está de facto instituído. O unilateralismo dos EUA precisaria de avançar com a NATO até às fronteiras russas. Tal parece não ser possível sem entrar em guerra aberta com a Rússia. Idem em relação à China.

Falharam na Bielorússia, falharam na Ucrânia, torna-se difícil manter Navalny como "o líder da oposição a Putin", totalmente desacreditado, apesar da propaganda dos media. Um "líder" que até a Amnistia Internacional deixou de apoiar depois de verificar o racismo deste fascista corrupto promovido a democrata pela NATO. Aminstia Internacioanl que se tinha recusado a apoiar Julian Assange como prisioneiro de consciência, mas apoiava Navalny.

Os media e seus comentadores vão repetindo as versões dos EUA. Mostram-se agora muito nervosos com o “belicismo” da Rússia, quando silenciaram o aumento dos efetivos militares dos EUA (na Alemanha) e seus navios no Mar Negro e quando Kiev declarava que os exercícios das suas tropas com a NATO eram preparação para uma guerra com a Rússia. E a Rússia avisava que “para o seu próprio bem” os EUA deviam afastar-se da Crimeia. Por fim Biden acabou dizendo que queria reunir-se com Putin, ou seja, contra o "assassino" como classificou Putin, que tinha de "pagar" as consequências.

Putin teve, segundo Sun-Tsu, a melhor vitória que se pode desejar: sem ser necessário lutar. Mas vencida esta batalha a guerra não acabou. Existe ainda uma probabilidade de confrontação no Donbass? Que resta ao "ocidente"? A questão é saber o que vão agora tentar os falcões que rodeiam Biden. O Pentágono vai por certo pedir mais dinheiro para modernizar o armamento e competir com a Rússia (e a China…). Os nazis de Kiev prosseguirão a via das provocações, para manter acesa a tensão e desencadear ódios, a sua forma de sobrevivência. Tal como os fascistas de Varsóvia e Estados Bálticos.

Nisto tudo, “fuck UE”, que se lixem os interesses da UE… A UE mostra que não tem voz. A Rússia cortou relações institucionais coma UE, mantendo apenas relações Estado a Estado. A Turquia mostra o desdém pela UE pela forma como (des)considerou a presidente da CE. Os Estados do leste europeu estão mais ligados e dependentes de Washington do que de Bruxelas, instrumentos da agenda agressiva dos EUA/NATO. A Alemanha tem de defender a sua indústria, os negócios com a China e a compra de combustíveis à Rússia. Além de que sendo território da linha da frente numa guerra com a Rússia, nada tem a ganhar e muito a perder.

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