A anomalia portuguesa. Portugal era de facto anómalo numa Europa (não confundir com UE) onde a extrema-direita proliferava. Mas isso resolveu-se: pega-se numa figura mediática ou promovida a tal e anda-se com ela. Não precisam pensar muito, a agenda está de antemão preparada e serve em qualquer parte do mundo. É a democracia liberal, o neoliberalismo, que o sr Fukiama disse que era o fim da História. Apesar dos milhões de dólares que ganhou com a presunção que é apanágio dos ignorantes, não passa disto mesmo. A História vai conduzindo a Humanidade para o progresso, por um processo sinuoso é certo, mas inexorável.
A tal "democracia liberal", a democracia sequestrada pela oligarquia, trouxe caos, guerras, instabilidade social e gritantes desigualdades, a paz sob a dramática ameaça nuclear. Que as ideias justas hão de sempre vencer (como disse Álvaro Cunhal) os tempos atuais o demonstram pela incapacidade do imperialismo derrotar a luta dos povos e silenciar os seus defensores.
Com a oligarquia e o imperialismo a braços com as crises e o caos a nível mundial que provocou, a extrema-direita é como sempre foi o recurso por excelência do sistema. Segundo Michel Hudson: "Os EUA não querem rivais. Querem satélites. O que temos basicamente são os EUA a dizerem: “Bem, nós sabemos qual é a resposta para o comunismo. É o fascismo." E temos-los visto a comprar políticos."
A questão é que não se trata de "comunismo", o sistema atingiu tal ponto de fragilidade que não suporta não só o socialismo, mas meras políticas progressistas de cariz social-democrata. Por isso o apelo à extrema-direita e ao seu ataque trauliteiro a tudo o que represente o coletivo, o social, cujo inimigo a abater é: o marxismo.
Aqui damos-lhes razão. O marxismo é a verdadeira base tanto prática como teórica de libertação e progresso dos povos. Mas o que acontece quando as bases marxistas são liquidadas dando lugar à extrema-direita. Um exemplo, entre muitos em todos os continentes.
Em 1991 a Ucrânia era uma das repúblicas mais avançadas da URSS. Alto nível educacional, desenvolvimento científico e tecnológico, industrializada, agricultura desenvolvida. Produzia misseis e aviões. Segundo o testemunho de uma empregada doméstica, ex-kolkosiana, ex-professora de música na escola infantil da cooperativa, a venda da produção estava sempre garantida, o Estado comprava parte, o resto podiam vender à sua vontade em termos de mercado.
Claro que este horror antidemocrático e totalitarista, dado não haver lugar para oligarcas monopolistas, latifundiários e transnacionais tinha de acabar.
Em 1994, já após o fim da URSS, a Ucrânia tinha uma dívida 4,8 mil milhões de dólares. Em 2018, sob tutela dos EUA/NATO a dívida ascendia a 76,3 mil milhões. Em 1991 a sua população era de 51,5 milhões, em 2018 tinha caído para 36 milhões, com 7 a 8 milhões a trabalharem fora do país, sujeitos a serem mais explorados que os locais e perseguidos ou desprezados como emigrantes. Em 2017 registaram-se 496 mil crimes. Em 1990 havia 313 mil cientistas com um estatuto de topo na sociedade, em 2017, 94 mil mal pagos; o pessoal médico e enfermeiros passou de 607 mil para 367 mil. Etc. The end of Ukraine? — RT CrossTalk
O país vive a corrupção generalizada, não só motivada pela oligarquia e pelos fascistas que vigiam e controlam a população, como pelos salários de miséria que conduzem aos abusos de quem detém alguma forma de poder, como nos empregos do Estado..
É o colapso como Estado sustentável. Note-se que o FMI foi contra as suas próprias regras para financiar um Estado falido. Na mais elementar lógica dos interesses mínimos do país, o governo só poderia dedicar-se a manter boas relações com a Rússia. A maioria do povo sabe-o, porém o fantoche no poder e os neonazis que o cercam, não o permitem. São as ordens do patrões desta “democracia” EUA/NATO.
Eis o que o rebotalho nazifascista consegue fazer a um país, com a cumplicidade dos media da “informação livre”.
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