2022,o ano em que o défice da balança de pagamentos voltou!
As mais recentes estimativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, confirmam que no último ano o PIB cresceu em termos reais 6,7%, o crescimento mais elevado desde 1987, depois de em 2021 ter crescido 5,5% e de ter registado em 2020 uma queda histórica de 8,3%, na sequência do impacto da pandemia sobre toda a actividade económica.
Uma análise da evolução trimestral do PIB, mostra-nos, no entanto, que o aparente forte dinamismo registado no crescimento económico do ano passado, se concentrou no 1º trimestre e acabou por resultar mais de um efeito estatístico, do que de qualquer dinâmica de crescimento que se possa ter verificado.
Foi de tal forma assim que antes do ano de 2022 se ter iniciado, já se sabia que mesmo que o crescimento económico fosse nulo nos quatro trimestres de 2022, comparativamente com o último trimestre de 2021, a nossa economia iria crescer pelo menos 3,9% neste ano.
Mais de metade desse crescimento registado em 2022 resultou pois do crescimento registado em 2021, da mesma forma que em 2021 foi inevitável o crescimento de 5,5%, dada a forte queda verificada no ano de 2020, devido à pandemia.
Em síntese, expurgado o efeito estatístico, a nossa economia cresceu efectivamente no último ano cerca de 3,8% e não 6,7% como aponta o INE.
Ora, se deve ser assinalado como positivo o facto deste nível efectivo de crescimento do PIB em 2022, ter sido bem superior à média do crescimento económico que tem vindo a ser registado nas últimas décadas no nosso país, uma análise mais profunda deste crescimento mostra-nos que ele foi conseguido à custa de um défice externo da nossa balança de pagamentos, que já não se verificava desde 2011.
O forte crescimento em termos reais das nossas exportações de bens (8,7%) e do consumo final das famílias (5,7%), bem como algum crescimento do investimento (2,7%), dada a incapacidade de resposta do nosso aparelho produtivo, agravaram os nossos défices da balança alimentar e energética, que atingiram a preços correntes cerca de 5,5 mil milhões de euros e 11,6 mil milhões respectivamente e só encontrou resposta num crescimento ainda mais acentuado das nossas importações (9,8%), quer seja de bens de consumo, bens intermédios ou de bens de investimento.
A evolução da nossa balança alimentar em 2022 e das suas principais componentes (ver quadro seguinte), mostra-nos o nível de dependência alimentar a que chegou o nosso país.
Balança Alimentar em 2022 |
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(em milhares de euros) |
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Saldo |
-5 474 224 |
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Principais Produtos
Deficitários |
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Peixes e crustáceos, moluscos e outros invertebrados
aquáticos |
-1 336 623 |
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Carnes e miudezas, comestíveis |
-1 237 681 |
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Cereais |
-1 287 136 |
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Sementes e frutos oleaginosos; grãos, sementes, etc. |
-907 655 |
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Preparações alimentícias diversas |
-261 766 |
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Leite e lacticínios; ovos de aves; mel natural;
produtos comestíveis de origem animal, n. e. |
-334 581 |
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Resíduos e desperdícios das indústrias alimentares;
alimentos preparados para animais |
-308 803 |
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Preparações à base de cereais, farinhas, amidos,
féculas ou leite; produtos de pastelaria |
-328 368 |
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Cacau e suas preparações |
-234 484 |
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Café, chá, mate e especiarias |
-258 509 |
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Frutas; cascas de citrinos e de melões |
-60 342 |
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Produtos hortícolas, plantas, raízes e tubérculos
comestíveis |
-148 355 |
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Balança Alimentar em 2022 |
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(em milhares de euros) |
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Saldo |
-5 474 224 |
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Principais Produtos
Superavitários |
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Gorduras e óleos animais ou vegetais, produtos da
sua dissolução, gorduras alimentícias elaboradas, ceras de origem animal ou
vegetal |
372 936 |
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Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres |
718 925 |
Fonte:
Estatísticas Comércio Externo (INE)
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