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7 de maio de 2023

A guerra na Ucrânia e a guerra nos media - 1

 Todos os dias, a quase todas as horas, são apresentadas fantasiosas versões sobre o que se passa na Ucrânia além de calúnias dadas como divulgação de secretismos russos. Quem vai atrás disto, está tão condicionado que parece ter sido sujeito a lobotomia ao cérebro, incapaz de recordar e associar o que desde há mais de um ano andou a ser dito.

Deixando por agora aspetos estritamente militares, dizem-nos que a Ucrânia tem de ser defendida dado ser uma democracia, face ao totalitarismo. Só por piada pode dizer isto de um país em que o governo proibiu 11 partidos da oposição, ficando os que o apoiam e os neonazis. Quem fale em negociações para acabar com a guerra é preso pelos serviços de segurança, arrisca-se a ser torturado ou morto pelos grupos nazis. Também elaboram listas de “inimigos”, mesmo nos países que sustentam este estado de coisas, o seu nome e referências divulgados arriscando-se a represálias.

Um país em que há um projeto de criação da Ordem de Stepan Bandera, um criminoso colaborador das SS responsável por dezenas ou mesmo uma centena de milhar de mortes. Enfim, a política oficial da UE/NATO é que a Ucrânia é uma democracia e quem diz que não, apoia o totalitarismo russo.

Como se vê o sr. Santos Silva apoia tudo isto. Ao menos que tivesse noção da ameaça que a ramificação internacional da organização neonazi ucraniana "Azov" constitui. Mas sentem-se bem assim. A UE quer discutir um mecanismo de sanções destinado a terceiros países que não fazem o suficiente – a UE julgará - para impedir que a Rússia contorne as restrições impostas, informou a Bloomberg.

Uma das características de instituições em declínio é a incompetência dos seus dirigentes. Disse Josep Borrell, chefe da diplomacia da UE, exemplo de irrelevância e nulidade: “a guerra da Rússia contra a Ucrânia uniu o Ocidente e a UE não tem escolha (???!) senão continuar a apoiar a Ucrânia. "Este não é o momento para conversas diplomáticas sobre a paz. (?!) É o momento de apoiar militarmente a guerra.” "Se não apoiarmos a Ucrânia, a Ucrânia cairá numa questão de dias. (!!!) Borrell confirma assim que são a UE e os EUA que estão em guerra com a Rússia. “Claro que eu preferia gastar este dinheiro a aumentar o bem-estar das pessoas, em hospitais, escolas, cidades, mas não temos escolha". (?) “O plano de paz de Pequim não é sério. "A única coisa que poderia ser chamada de plano de paz é a proposta de Zelenskyy.”

As intervenções de Borrell fazem duvidar da sua lucidez e mesmo do QI, nem sequer percebe a contradição das suas declarações: “A Europa tem de estar unida para poder sobreviver numa arena internacional em mudança. Para isso, é crucial abandonar o sistema de votação por unanimidade ao nível da política externa, que permite que os Estados membros vetem decisões.” (Euronews)

Mais lúcido, embora desesperado, o vice-primeiro-ministro da Polónia acusou a oposição do país e "metade da Europa" por quererem melhorar as relações com a Rússia o mais rapidamente possível.” Já suspeitávamos… Claro que tem que ter cuidado no seu país. Sob protestos dos agricultores a Polónia proibiu importações de produtos agrícolas ucranianos privando Kiev de 143 milhões de dólares em abril. Outro aspeto que choca os polacos são os benefícios concedidos a ucranianos, sendo citados casos de milionários.

Polacos lembraram a imigrantes ucranianos o massacre de Volhynia. Perante um dístico Ucrânia Livre (Wolna Ukraina)" num carro ucraniano na Polónia, acrescentaram: "Volhynia 1943" em memória dos crimes cometidos pelos nazis ucranianos que continua viva. Os massacres de polacos na Volínia e na Galícia Oriental foram realizados pelo Exército Insurgente Ucraniano (UPA), ligado às SS. O chefe da OUN era Stepan Bandera, agora herói nacional na Ucrânia.

Sobre a democracia na Ucrânia e UE, note-se: Cidadãos de Odessa levaram flores para a Casa Sindical. A polícia permitiu que apenas uma pessoa entre no memorial improvisado (ao massacre pelos neonazis em 2014) de cada vez, após a apresentação de um passaporte. Na Zaporzhye, controlada por tropas ucranianas, pessoas foram presas por falarem russo. A polícia da Letónia diz que colocar flores dia 9 de maio em locais onde as autoridades desmantelaram monumentos soviéticos será considerado "glorificação desses monumentos e agressão" e será multado.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras, é conhecida pela sua agenda de ataque a tudo que seja progressista, dedica-se a atacar Cuba, Venezuela, China, Rússia, mas ignora Julian Assange ou os assassinatos de jornalistas cometidos na Colômbia, S. Salvador, Palestina, etc. No seu “Índice Mundial de Liberdade de Imprensa” de 2023, a Ucrânia subiu da 106ª para a 79ª posição. Um país onde a maioria dos meios de comunicação da oposição está fechada, o governo deseja fechar os canais do Telegram, e onde o parlamento irá votar lei que estabelece uma pena de sete anos de prisão para quem criticar as autoridades.

O Prefeito de Odessa, Gennady Trukhanov, foi preso, alegadamente por corrupção - que se tornou uma arma dos corruptos de Kiev. Antes tinha defendido negociações com a Rússia. Entretanto, o ministro da Defesa, Reznikov, enche os bolsos comprando alimentos a preços exorbitantes, superiores aos dos supermercados, segundo divulgado em Kiev.

Em Praga realizou-se uma manifestação contra o apoio à Ucrânia e pela saída da NATO. Um dos organizadores, Ladislav Vrabel, declarou "A situação da sociedade é muito pior do que há um ano. A situação hoje é que centenas de pessoas estão sendo perseguidas por suas visões políticas."


Seleção a partir de A Ukraine Watch  02/05 a 06/05

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