Linha de separação


29 de maio de 2023

 Das redes sociais 

"A vergonhosa ida do BE integrando uma delegação da AR à Ucrânia foi defendida por José Manuel Pureza e José Gusmão com um argumentário que é do mais falacioso e intelectualmente vigarista que é possível produzir.
Pureza afirma que «o que é que fomos fazer a Kiev e eu digo-vos: fomos levar a um povo que está a ser morto à bomba a nossa solidariedade. A bomba é a bomba e a solidariedade é a solidariedade, uma mata a outra protege»(...) a linha justa é a da defesa da autodeterminação (…) divergência inventada para esconder uma divergência real, que é sobre a questão de fundo, sobre a condenação da agressão russa e a solidariedade com o povo ucraniano e a sua resistência pela autodeterminação». De facto há um povo que está a ser morto à bomba. Está a ser morto à bomba desde 2014 e é isso que o Pureza atira para debaixo do tapete da sua miserável solidariedade, solidariedade que não tem com a esquerda ucraniana nem sequer com os seus camaradas ucranianos que a camarilha nazi-fascista de Kiev prende, tortura e assassina. Nada que espante quem tem acompanhado as contumazes tergiversações esquerdalhas do BE, uma esquerda hesitante e balbuciante que se ausenta quando se confronta com questões nucleares, para se submeterem aos ditâmes do pensamento dominante o que acaba por ser uma vassalagem indirecta, mas que não deixa de ser aviltante, aos desígnios do império mesmo quando aparentemente se lhe opõe, sempre em alta grita como convém e é habitual no radicalismo pequeno-burguês.
Se o Pureza já é claudicante e mau,  José Gusmão porta-se como um vulgar traficante quando afirma que a ida a Kiev «não é chá com o Presidente, é [uma visita] ao parlamento ucraniano» e apontou que os críticos internos queriam que o partido «assumisse uma posição oficial de não reconhecimento da Ucrânia e das suas instituições» Quais instituições? O parlamento ucraniano de onde foram banidos onze partidos, mesmo os que não tinham divergências de fundo mas denunciavam a corrupção, a drástica limitação das liberdades, a venda aos desbarato dos activos nacionais aos fundos abutres e outras multinacionais e outras malfeitorias da bandidagem nazi-fascista que controla o Estado ucraniano? Com este critério não nos devemos espantar que um dia José Gusmão alinhe com os branqueadores do fascismo-salazarista elogiando a Assembleia Nacional marcelista que não era melhor que o actual parlamento ucraniano. Como a coerência não faz parte dos príncipios tem o supremo desplante e descaro, para defender a ida do BE a Kiev, que o BE reafirma « quase todas as semanas: a oposição ao alargamento da NATO e a defesa da extinção da NATO e de todos os blocos militares». Quase todas as semanas? Quase, excepto todas as outras em que, por exemplo, votou a favor da sangrenta intervenção da NATO na Líbia e agora, com a ida a Kiev, cauciona a sua activa participação na guerra que decorre em território ucraniano. Advogar a extinção da NATO aprovando as suas acções bélicas é um notável contorcionismo que a NATO agradece, com inimigos destes até pode dispensar amigos, por vezes até menos fiáveis.
O que estas miseráveis intervenções evidenciam é que entre a designação Bloco de Esquerda e uma prática de esquerda consequente e coerente a distância é absoluta. O que é iniludível é que o BE foi caucionar um governo nazi-fascista e a União Nacional ucraniana que ocupa todos os lugares de um parlamento que não é melhor que a câmara legislativa que a Revolução de Abril derrubou, o que só desprestigia a Assembleia da República e os coloca do lado dos que têm usurpado a democracia de Abril. As cambalhotas do Pureza e do Gusmão são dignas das mais conspurcadas barganhas intelectuais. São estes os caminhos por que se transvia a esquerda do BE." Do facebook de M .Augusto Araujo

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