Das redes sociais
"A vergonhosa ida do BE integrando uma
delegação da AR à Ucrânia foi defendida por José Manuel Pureza e José
Gusmão com um argumentário que é do mais falacioso e intelectualmente
vigarista que é possível produzir.
Pureza afirma
que «o que é que fomos fazer a Kiev e eu digo-vos: fomos levar a um povo
que está a ser morto à bomba a nossa solidariedade. A bomba é a bomba e
a solidariedade é a solidariedade, uma mata a outra protege»(...) a
linha justa é a da defesa da autodeterminação (…) divergência inventada
para esconder uma divergência real, que é sobre a questão de fundo,
sobre a condenação da agressão russa e a solidariedade com o povo
ucraniano e a sua resistência pela autodeterminação». De facto há um
povo que está a ser morto à bomba. Está a ser morto à bomba desde 2014 e
é isso que o Pureza atira para debaixo do tapete da sua miserável
solidariedade, solidariedade que não tem com a esquerda ucraniana nem
sequer com os seus camaradas ucranianos que a camarilha nazi-fascista de
Kiev prende, tortura e assassina. Nada que espante quem tem acompanhado
as contumazes tergiversações esquerdalhas do BE, uma esquerda hesitante
e balbuciante que se ausenta quando se confronta com questões
nucleares, para se submeterem aos ditâmes do pensamento dominante o que
acaba por ser uma vassalagem indirecta, mas que não deixa de ser
aviltante, aos desígnios do império mesmo quando aparentemente se lhe
opõe, sempre em alta grita como convém e é habitual no radicalismo
pequeno-burguês.
Se o Pureza já é claudicante e
mau, José Gusmão porta-se como um vulgar traficante quando afirma que a
ida a Kiev «não é chá com o Presidente, é [uma visita] ao parlamento
ucraniano» e apontou que os críticos internos queriam que o partido
«assumisse uma posição oficial de não reconhecimento da Ucrânia e das
suas instituições» Quais instituições? O parlamento ucraniano de onde
foram banidos onze partidos, mesmo os que não tinham divergências de
fundo mas denunciavam a corrupção, a drástica limitação das liberdades, a
venda aos desbarato dos activos nacionais aos fundos abutres e outras
multinacionais e outras malfeitorias da bandidagem nazi-fascista que
controla o Estado ucraniano? Com este critério não nos devemos espantar
que um dia José Gusmão alinhe com os branqueadores do
fascismo-salazarista elogiando a Assembleia Nacional marcelista que não
era melhor que o actual parlamento ucraniano. Como a coerência não faz
parte dos príncipios tem o supremo desplante e descaro, para defender a
ida do BE a Kiev, que o BE reafirma « quase todas as semanas: a oposição
ao alargamento da NATO e a defesa da extinção da NATO e de todos os
blocos militares». Quase todas as semanas? Quase, excepto todas as
outras em que, por exemplo, votou a favor da sangrenta intervenção da
NATO na Líbia e agora, com a ida a Kiev, cauciona a sua activa
participação na guerra que decorre em território ucraniano. Advogar a
extinção da NATO aprovando as suas acções bélicas é um notável
contorcionismo que a NATO agradece, com inimigos destes até pode
dispensar amigos, por vezes até menos fiáveis.
O
que estas miseráveis intervenções evidenciam é que entre a designação
Bloco de Esquerda e uma prática de esquerda consequente e coerente a
distância é absoluta. O que é iniludível é que o BE foi caucionar um
governo nazi-fascista e a União Nacional ucraniana que ocupa todos os
lugares de um parlamento que não é melhor que a câmara legislativa que a
Revolução de Abril derrubou, o que só desprestigia a Assembleia da
República e os coloca do lado dos que têm usurpado a democracia de
Abril. As cambalhotas do Pureza e do Gusmão são dignas das mais
conspurcadas barganhas intelectuais. São estes os caminhos por que se
transvia a esquerda do BE." Do facebook de M .Augusto Araujo
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