“Durante séculos, a civilização ocidental baseou-se fortemente na guerra, no genocídio, no roubo, no colonialismo e no imperialismo, justificando-o através de discursos baseados na religião, no racismo e na supremacia étnica, fenómenos que hoje vemos manifestados na destruição de Gaza. `” .
O Assalto a Gaza para defender a Civilização Ocidental
| CAITLIN JOHNSTONE |
| 20 DE DEZEMBRO |
Quando o presidente israelita, Isaac Herzog , descreveu o ataque a Gaza como uma guerra “para salvar a civilização ocidental, para salvar os valores da civilização ocidental”, ele não estava realmente a mentir. Ele estava dizendo a verdade – mas talvez não exatamente como pensava.
A demolição de Gaza é de facto levada a cabo para defender os valores ocidentais constitui em si uma personificação perfeita dos valores ocidentais. Não os valores ocidentais que eles ensinam na escola, mas os valores ocultos que eles não querem que você veja . Não a embalagem atraente com slogans publicitários no rótulo, mas o produto que realmente está dentro da caixa.
Durante séculos, a civilização ocidental baseou-se fortemente na guerra, no genocídio, no roubo, no colonialismo e no imperialismo, justificando-os através de narrativas baseadas na religião, no racismo e na supremacia étnica, fenómenos que hoje vemos manifestados na destruição de Gaza.
O que vemos em Gaza é uma representação muito melhor do que realmente é a civilização ocidental do que todo o jargão sobre liberdade e democracia que aprendemos na escola.
Uma representação muito melhor da civilização ocidental do que toda a arte e literatura de que nos orgulhamos ao longo dos séculos. Uma representação muito melhor da civilização ocidental do que o amor e a compaixão em torno dos quais gostamos de fingir que giram os nossos valores judaico-cristãos.
Tem sido tão surreal ver a direita ocidental tagarelar sobre a natureza selvagem e bárbara da cultura muçulmana no meio da ressurreição zombie da islamofobia da era Bush em 2023, mesmo quando a civilização ocidental acumula uma montanha de dez mil cadáveres de crianças.
Esta montanha de cadáveres de crianças é uma representação muito melhor da cultura ocidental do que qualquer coisa que Mozart, Da Vinci ou Shakespeare já produziram.
Esta é a civilização ocidental.
É assim que ela se parece.
Civilização ocidental, onde Julian Assange aguarda o seu apelo final em Fevereiro contra a sua extradição pelos Estados Unidos por jornalismo que expôs crimes de guerra americanos.
Onde somos alimentados por um dilúvio implacável de propaganda mediática para fabricar o nosso consentimento para guerras e agressões que estão a matar milhões e a deslocar dezenas de milhões só no século XXI.
Onde somos distraídos por entretenimento insípido e guerras culturais inventadas, para que não pensemos muito sobre o que é esta civilização e quem ela mata, mutila, deixa passar fome e explora.
Onde os ciclos de notícias são dominados mais por fofocas sobre celebridades e pelos últimos peidos de Donald Trump do que por atrocidades em massa ativamente facilitadas pelos governos ocidentais.
Onde os liberais se elogiam por terem opiniões progressistas sobre raça e género, enquanto os funcionários que elegem ajudam a despedaçar os corpos das crianças com explosivos militares.
….
Onde um império global gigante, alimentado pelo militarismo, pelo imperialismo, pelo capitalismo e pelo autoritarismo, devora carne humana com um apetite insaciável enquanto nos felicitamos por sermos muito melhores do que nações como o Irão ou a China.
Estes são valores ocidentais. Esta é a civilização ocidental.
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