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9 de dezembro de 2023

A Ucrânia está à venda: quem quer comprar?

 A Ucrânia tornou-se um “estudo de caso” sobre o que acontece a países que se deixam seduzir pelo imperialismo, mas também como a manipulação mediática é auto destrutiva. O triunfalismo da sra. Nuland, em 2014, as bravatas de recuperar territórios que não aceitaram o nazifascismo do clã de Kiev e a repressão que lhe estava associada, resultou em jogos de guerra por computador em que os estrategas de Washington, já se viam de novo a dar ordens a Moscovo, com Putin em fuga ou morto.

O resultado é um país com as infraestruturas destruídas ou em estado precário, centenas de milhares de mortes numa guerra inventada em Washington e cuja população sob o controlo de Kiev é agora cerca de 20 milhões (50 milhões quando soviética).

Os cérebros eletrónicos ocidentais são impotentes para resolver mais este falhanço dos EUA/NATO/UE. Que fazer da Ucrânia? Nos EUA as opiniões dividem-se em acesa dissidência: prolongar a guerra ou entregar a questão à UE/NATO. A questão é quem compra uma ou outra, isto é, quem paga. Quem vai financiar um Estado falido (quando deixou de ser soviética a dívida externa era zero), sem economia, com a mão de obra capaz emigrada, ferida ou morta.

A Ucrânia pode oferecer as suas ricas terras agrícolas, mas a Black Rock já tomou em grande parte conta disso e os agricultores desmobilizados vão então perceber que o invasor não era a Rússia, mas o “amigo americano”.

A contraofensiva ucraniana, que começou em junho com muita propaganda de que as FAU com equipamento ocidental esmagariam facilmente as forças russas russas, terminou com a perda de 125 mil efetivos e 16 mil unidades de armamento ocidental. 

Há ainda outros problemas que os EUA não sabem resolver: as dissidências entre Zelensky (de quem se querem ver livres) e o comandante-em-chefe Zaluzhny; os baixos estoques de armamento e munições atingidos na NATO; a impossibilidade prática de prosseguir a mobilização ucraniana. O moral do exército ucraniano é muito baixo e se conseguem não ser baleados pelas costas, unidades inteiras entregam-se.

Nos media ocidentais, Zelensky passou de “homem do ano” em 2022 (Time) e a dissertações sobre a fraqueza do exército da Rússia, às “armas maravilha” da NATO que iam “fazer diferença” (?!) a um fracassado, desgastado por lutas internas, enquanto agora comentadores falam “numa falta de visão estratégica” e Putin creditado por ter “adquirido suprimentos militares” com previsão, forjado laços fortes com o Sul Global, que o Ocidente alienou. Afirmando o óbvio, a revista admitiu que a contraofensiva da Ucrânia “estagnou” e prevê que no próximo ano a Rússia estará numa posição mais forte. (The Economist)

Na sua pesporrência os comentadores falavam na unidade da UE e da NATO como uma derrota da Rússia. Mas já se calaram. Já ninguém diz “todos somos ucranianos”, como se ir de Kiev a Moscovo fosse um passeio. Na Polónia mais de 2 500 caminhões ficaram retidos na fronteira com a Ucrânia por uma greve de transportadoras polacas, devido à perda de negócios para ucranianos, isentos de licenças, que tornam os seus serviços mais baratos. Nos Bálticos, Suécia, Polónia, as populações contestam os subsídios que os ucranianos recebem.

A Ucrânia tornou-se (tornaram-na) um poço sem fundo. Só para o orçamento de Estado seriam necessários 40 mil milhões de euros, além dos fornecimentos militares insistentemente pedidos

Ninguém agora quer comprar a Ucrânia ou subsidiar o bando corrupto de Kiev. As perspetivas de financiamento adicional para a Ucrânia pela UE são fracas, informa o Financial Times. Partidos de extrema-direita, ou tidos como tal, nos nos Países Baixos, na Eslováquia, além da Hungria opõem-se ao dinheiro para a Ucrânia e às sanções anti russas. Na Alemanha a contestação aumenta enquanto o apoio ao governo diminui. Sem fundos, nem da UE nem dos EUA, a Ucrânia não tem como financiar-se e ainda menos pagar dívidas.  

O primeiro-ministro eslovaco sublinha importância de manter relações com a Rússia recusando-se a seguir a tendência ocidental de fingir que "a Rússia não existe": “as sanções contra a Rússia não funcionaram, mas é um "tema tabu". "Se tentar dizer isso e que as sanções não funcionam, vão dizer que é politicamente incorreto, embora seja a verdade."

O Pentágono alerta sobre atraso na produção de armas dos EUA. Os EUA são incapazes de construir armas com a rapidez suficiente e a incompatibilidade entre qualidade e velocidade "apresenta um risco estratégico crescente", uma vez que Washington precisa de apoiar operações de combate ativas "ao mesmo tempo que dissuade a ameaça maior e tecnicamente mais avançada que surge no Indo-Pacífico". A China tornou-se um centro industrial global e a sua indústria "excede agora em muito a capacidade não só dos Estados Unidos, mas também a produção combinada dos nossos principais aliados europeus e asiáticos", afirma o documento. A ineficiência do sistema liberal é evidente no facto dos EUA têm o maior orçamento de defesa do mundo, cerca de 40% dos gastos militares globais em 2022, superando em várias vezes os gastos militares da China

(informações de Geopolítica ao vivo – Telegram)


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