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21 de dezembro de 2023

Quem semeia ventos…

 … colhe tempestades e agora a NATO tem mais uma pela frente: a segurança no Mar Vermelho. Os estrategas do ocidente continuam a guiar-se pelos filmes de Hollywood, em vez de pensarem nas consequências das decisões que tomam e fazem os outros seguir.

Os media preferiram ignorar a mudança radical de políticas dos países do Médio Oriente, quando a Arábia Saudita, ao ver que as centenas de milhões de dólares gastos em armas dos EUA, não eram capazes de os defender dos mísseis dos Houtis do Iémen e verem grupos do seu exército serem derrotados. Não tardou muito a que mudassem de rumo e aceitassem a China como o garante da estabilidade na região.

Agora, o Iémen desencadeou ações contra navios ligados a Israel que continuarão até que a entrega gratuita de ajuda humanitária a Gaza seja estabelecida. Cerca de 12% do comércio global passa pelo Mar Vermelho, avaliado em 1 milhão de milhões de dólares de mercadorias por ano, incluindo 10% do petróleo e 30% dos contentores.

Rota vital para o comércio internacional, o Mar Vermelho está agora em grande parte fechado ao tráfego, afetando 8,8 milhões de barris de petróleo diariamente e quase 380 milhões de toneladas de transporte diário de carga. O tráfego global está a ser redirecionado para o Cabo da Boa Esperança, adicionando em média 40% à distância da viagem e ainda mais em despesa. Os tempos de trânsito da Ásia para o Mediterrâneo devem aumentar para mais 10 a 14 dias. A Hapag-Lloyd anunciou uma próxima "sobretaxa de risco de guerra" para todas as remessas de e para Israel.

O frete marítimo global enfrenta riscos adicionais no hemisfério ocidental, já que o Canal do Panamá não parece ser opção devido ao congestionamento e condições de seca. Pelo menos 167 navios cruzaram o canal durante a primeira semana de dezembro deste ano, em comparação com 238 no ano passado. As autoridades reduziram pela primeira vez o número de travessias, que em fevereiro serão limitadas a apenas 18 navios por dia. Vários armadores já aplicaram sobretaxas para exportadores que enviam mercadorias pelo Panamá.

A extensão dos danos provocados pelos Houtis aos navios é desconhecida. A British Petroleum, seguindo várias grandes companhias de navegação, parou de enviar para Israel através do Mar Vermelho o que significa que um bloqueio naval foi organizado. Alguns drones e mísseis antinavio e o inimigo sofre milhões de dólares em perdas. 

Os EUA anunciaram o lançamento de uma força multinacional "para proteger o comércio no Mar Vermelho”: EUA, RU, Bahrein, Canadá, França, Itália, Noruega, Holanda, Seychelles estão entre os países que aderiram à iniciativa. O Bahrein foi o único país árabe que aderiu à coligação.

Mas que vai fazer este aparato: tornar o mar Vermelho uma zona de guerra não resolve o problema do comércio… Bombardear o Iémen? Mas bombardeamentos apenas acrescentam vítimas civis sem derrotar a força militar, como se tem visto. Invadir o Iémen? Será que a lição do Afeganistão não bastou?

Mas os Houtis não estão nem um pouco assustados com as ameaças dos EUA. O ministro da Defesa Houti, major-general Mohammad al-Atifi, disse que os Houtis "afundariam" navios de guerra dos EUA. O membro do bureau político da Ansar Allah, Mohammed Al-Bukaiti, alerta a nova coalizão liderada pelos EUA de que os Houtis "responderão a qualquer agressão com operações militares sem precedentes e não levadas em conta.”

Bab el-Mandeb, tem 29 km de largura no ponto mais estreito O alcance dos mísseis dos Houtis permite que cubram não apenas o terço sul do Mar Vermelho, mas também todo o Golfo de Áden e grande parte do Mar Arábico. Com exceção do porta-aviões Indianapolis e dos navios de guerra no Golfo de Omã, todos os navios dos EUA e do Reino Unido perto do Iémen já estão dentro do alcance dos mísseis dos Houtis."

"Se os EUA atacarem o Iêmen, os Houtis responderão, e eles têm a capacidade de afundar navios da Marinha dos EUA e aliados no Mar Vermelho e no Golfo de Áden. E uma vez que isso acontecer, o Mar Vermelho torna-se uma zona de guerra ativa, para todos os navios no Mar Vermelho, afundando ainda mais a economia da UE/NATO.

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