Linha de separação


29 de janeiro de 2024

"A derrota do Ocidente”, um livro que lança uma bomba

 O livro de Emmanuel Todd é caluniado em França pelos grandes media. Isto prova quanto que suas teses são perigosas para o poder estabelecido. Ele anuncia a derrota do Ocidente, mas apresenta os factos que a tornam inevitável e irreversível. Os EUA tornaram-se um buraco negro que suga seus aliados, ou melhor, seus vassalos.

Embora as afirmações de Todd, sejam sempre apoiadas em fatos e números, a narrativa dos media, contrária à realidade, fala de antiamericanismo primário, uma acusação é grotesca. Ainda em 2020 num livro apresentava-se como pró-americano.

Uma questão que coloca é por que os países do Leste Europeu, que sofreram mais com a Alemanha do que com a URSS, a preferem à Rússia? Entre 2000 e 2020, a taxa de mortalidade infantil caiu na Rússia de 19 por 1000 para 4,4, abaixo da taxa dos EUA, 5,4. Este número por si só é suficiente para mostrar a recuperação da Rússia sob a liderança de Putin. Pode-se acrescentar as taxas de suicídio, homicídio, morte por alcoolismo que seguiram a mesma tendência, contrastando com a onda de mortes por opioides entre nos Estados Unidos. A imagem de Putin veiculada no Ocidente é estritamente contrária aos fatos reais, como a atenção de Putin às reivindicações dos trabalhadores e sua popularidade entre o povo: para os media, isso traduz-se como "populismo"..

Quanto à Ucrânia, Todd dedica-lhe 9 mapas, que provam sua heterogeneidade, em torno de Lvov, ligados à Polônia e ao mundo germânico, no sul desse setor ligada à Hungria. Desde o fim da era soviética, a Ucrânia não conseguiu tornar-se um Estado.

A oligarquia no ocidente está obviamente em luta contra tudo o que é coletivo. Neste contexto, vemos uma atomização da sociedade. O indivíduo, reduzido a si mesmo, não ganhou liberdade, viu-se angustiado e impotente: isso é niilismo. Esse desarranjo generalizado é exacerbado pela guerra que as classes dominantes travam contra a realidade, propagando através dos media convicções contrárias à realidade: é o caso da ideologia transgénero, que nega o facto fundamental: há homens XY e mulheres XX que sempre permanecerão assim, por mais violentas que sejam as operações que a indústria cirúrgica e farmacêutica possa fazer.

Também se refere a que presença de ministras mulheres não muda nada na política de um país. Não há sequer uma conexão entre feminismo e belicismo. Parece que, uma vez no poder, as mulheres querem mostrar que têm tanto quanto os homens.

O capítulo sobre a Grã-Bretanha tem como subtítulo: "Crumble Britannia" (pudim britânico). Não há necessidade de reafirmar os números da desindustrialização; é mais interessante notar que quanto mais fraca a GB, mais violentamente belicista se torna, como se as gesticulações bélicas tivessem que esconder seu real estado. Outra tese de Todd é que o sentimento racista na GB foi transferido de cor para classe; desde, pelo menos, o século XIX, os ingleses de classe alta consideram os trabalhadores como uma raça separada (basta ver o tipo de linguagem que Agatha Christie empresta aos poucos trabalhadores em seus romances).

Nos EUA regista a frustração, a desmoralização dos brancos perdedores, dos trabalhadores, dos desempregados, dos eleitores de Trump, enfim, o "deplorável" de Hillary Clinton. Mas a situação não é melhor para a grande maioria dos negros, num país submetido ao neoliberalismo, onde o elevador social estagnou.

O PIB dos EUA é uma ilusão; devendo ser substituído por um PIR (produto doméstico real ou realista), esvaziando-o de todas as atividades inúteis, não produtivas ou mesmo prejudiciais ("médicos assassinos", que prescrevem opioides para garantir a paz social, advogados super-pagos, economistas, "sumos sacerdotes da mentira", etc.): o PIB seria assim cortado pela metade. Aplicando essa correção, entendemos como a Rússia, cujo PIB nos é dado como 3,3% do do Ocidente, pode fabricar mais armas ultramodernas. Incentivadas pelo domínio do dólar, as atividades produtivas foram abandonadas a favor dos negócios (produção de dinheiro sem produção real) leva a uma grave escassez de engenheiros: com o dobro da população da Rússia, formam cerca de metade.

Todd fala de um "conservadorismo" da Rússia que lhe permite reunir os mais diferentes países, como a aproximação Irão-Arábia Saudita e o que foi chamado de Terceiro Mundo. O niilismo do ocidente desperta-lhes nojo.
Num posfácio, "Niilismo Americano: A Prova por Gaza". O que se demonstra aqui é a total incompetência da "bolha" de Washington ou a sua irracionalidade, ambas coerentes: os Estados Unidos ignoram a diplomacia, conhecem apenas um tipo de reação, a violência, a destruição. E são assustadores: ao recusarem um cessar-fogo, estão a rejeitar "a moral comum da humanidade" e a arrastar no retrocesso, além de Israel e da Europa (não todos), apenas enfeites insulares como Fiji, Tonga, Nauru... Só resta fazer votos por uma derrota para os Estados Unidos, que seria a "derradeira vingança da razão na história".

Ver: A Derrota do Oeste: Emmanuel Todd solta uma bomba -- Rosa LLORENS

Sem comentários: