Desde o início que parece evidente a derrota, não propriamente do Hamas, mas dos palestinos. Ao ritmo atual de mortes diárias, incluindo 30% dos feridos israel demoraria uns 5 anos. Estas contas também o governo de Israel as sabe fazer, por isso reduzem o povo de Gaza à fome e à doença. Para os palestinos em Gaza a sua condição é pior do que a dos judeus para as câmaras de gás, onde até aos momentos finais era suposto irem tomar duche. Em Gaza a condenação à morte foi claramente pronunciada por Israel. Os mediáticos comentadores, elevam o nível de subserviência, alinhando na hipocrisia dos EUA que diz pretender que os ataques israelitas se tornem mais direcionados e precisos enquanto lhe fornece armas e financia Israel.
Já que é inútil imaginar qualquer esforço do ocidente – nem uma sanção! - para parar a guerra, a situação dos palestinos só se alteraria caso Israel não tenha de lutar intensamente em novas frentes. Até agora apesar de aparentemente haver uma intensificação a Norte pelo Hezbollah e dos Houthis no mar, tal não aconteceu. Sem isso, um texto de Chris Edges (1) diz-nos que “Israel parecerá triunfar depois de encerrar sua campanha genocida em Gaza e na Cisjordânia. Apoiado pelos Estados Unidos, alcançará seu objetivo insano. A sua ofensiva assassina e violência genocida exterminarão os palestinos ou os limparão etnicamente. Seu sonho de um Estado exclusivamente judeu, no qual todos os palestinos sobreviventes seriam despojados de direitos básicos, será realizado. Celebrará seus criminosos de guerra. Seu genocídio será apagado da consciência pública e jogado no enorme buraco negro da amnésia histórica de Israel. Os israelitas com consciência serão silenciados e perseguidos.
Mas quando Israel conseguir dizimar Gaza – Israel fala em meses de guerra – terá assinado a sua própria sentença de morte. Sua fachada de civilidade, seu suposto respeito ao Estado de Direito e à democracia, sua história mítica de um corajoso exército israelitas e a génese milagrosa da nação judaica, serão reduzidos a cinzas. Será revelado como um regime de apartheid, repressivo e carregado de ódio, alienando as gerações mais jovens de judeus americanos. Os Estados Unidos, à medida que novas gerações chegarem ao poder, se distanciará de Israel. O apoio popular, já corroído nos Estados Unidos, virá de fascistas cristianizados que percebem a escravização dos árabes como uma forma de racismo e supremacia branca.
Dez vezes mais crianças foram mortas em Gaza do que em dois anos de guerra na Ucrânia dezenas, senão centenas de milhares, de fantasmas se vingarão. A vida cultural, artística, jornalística e intelectual de Israel será aniquilada. Israel será uma nação estagnada onde fanáticos religiosos, sectários e extremistas judeus dominarão o discurso público. A instrumentalização cínica do Holocausto, é de pouca utilidade quando se trata de perpetrar genocídio vivo contra 2,3 milhões de pessoas presas em um campo de concentração. Israel não será capaz de recrutar cúmplices locais, como Mahmoud Abbas e a Autoridade Palestiniana – desprezada pela maioria dos palestinianos – para fazer o trabalho dos colonizadores.
O genocídio em Gaza tornou os combatentes do Hamas heróis no mundo muçulmano e no Sul Global. Israel pode eliminar a liderança do Hamas. Mas assassinatos passados – e atuais – de um grande número de líderes palestinos pouco fizeram para diminuir a resistência. O bloqueio e o genocídio de Gaza geraram uma nova geração de jovens profundamente traumatizados e enfurecidos, cujas famílias foram mortas e comunidades destruídas. Eles estão prontos para tomar o lugar dos líderes caídos. Israel empurrou as ações de seu adversário para a estratosfera.
Israel já estava em guerra consigo mesmo antes de 7 de outubro. Os israelenses protestavam para impedir que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu abolisse a independência do Sistema Judiciário. Seus fanáticos religiosos e extremistas, atualmente no poder, haviam lançado um ataque determinado ao secularismo israelita. A unidade de Israel tem sido precária desde o ataque. É negativo. Baseia-se apenas no ódio. E nem mesmo esse ódio é suficiente para impedir que os manifestantes denunciem o abandono do governo de reféns israelitas em Gaza.
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