Linha de separação


6 de dezembro de 2024

A Síria e os brioches de Macron

A situação na Síria degrada-se de forma contínua. As democracias coloniais estão em declinio, mas como qualquer animal acossado, morde mais do que seria de esperar. O último estertor é sempre o pior.

O Exército Árabe Sírio abandonou hoje a cidade de Hama e os bandos de terror entraram na cidade. 40 kms a Sul fica a cidade estratégica de Homs. Se esta cair, fica a porta aberta para Damasco e para a cidade de Lataquia no Mediterrâneo, onde se localiza o porto onde estaciona a frota russa e onde está a base aérea da Força Aérea da Russa.

Raia a incredulidade como foi possível que após os imensos sacrifícios materiais e humanos da Síria, da Rússia, do Irão e do Líbano através do Hezbollah, para empurrarem os terroristas para os territórios ocupados pelo exército turco, quer o governo, quer o Exército sírios tivessem abandonado a protecção do território libertado e acreditarem que as milícias terroristas desapareciam por si! Nem sequer construíram linhas de defesa, sabendo que toda aquela seita de terroristas estava a meros 20 kms de Alepo! Agora batem em retirada quase sem luta e abandonando imenso material, desde aviões, helicópteros, carros de combate e sistemas de radar e defesa anti-aérea.

Compreende-se agora com clareza o porquê de os EUA se moverem e o Estado terrorista de Israel aceitar um cessar-fogo com o Hezbollah. Claro, foi pelas baixas militares que o exército judeu sofreu, mas sobretudo, para permitir que toda aquela bandidagem que dormia na província síria de Idlib passasse à ofensiva. Tinham-se preparado, e muito bem preparado, ao longo do tempo e à frente dos sírios para esta ofensiva. Constata-se agora com certeza que foram especialmente treinados no uso dos diversos tipos de drones – que exigem uma alta especialização, por instrutores estrangeiros e já se confirmou a presença de instrutores ucranianos no terreno. Erdogan continua a ser o protagonista escondido na sombra. Erdogan é o tipo de pessoa que só se pode atender à porta, sem deixar que pise a soleira. Há 80 anos atrás a França entregou a cidade síria de Antioquia aos turcos. Agora tem o nome Iskenderun. Mas Erdogan quer mais, daí que no meio da confusão em 2016 o exército turco entrou na província síria de Idlib e por lá ficou a conviver com as milícias do terror, mas o objectivo de Erdogan é estender essa ocupação a todo o Norte da Síria ao longo da fronteira com a Turquia para expulsar para longe os curdos sírios. Ora, se o poder em Damasco mudar, é ouro sobre azul. O mesmo acontece com o Estado genocida de Israel, se o poder mudar em Damasco fecha-se a torneira de apoio do Irão ao Hezbollah, daí o cessar-fogo permitir descansar o exército judeu enquanto continua a massacrar Gaza. Por outro lado, se o Hezbollah vai de novo em socorro da Síria desguarnece o Sul do Líbano e os judeus sentir-se-ão muito mais à vontade para reiniciar os combates. A Sul de Damasco, na fronteira com a Jordânia e os Monte Golan ocupados pelos judeus, na província de Deraa, as células terroristas activaram-se e certamente, como na guerra civil anterior, vão ter o apoio dos genocidas judeus. O problema é que a Síria neste momento parece não sobreviver sem a ajuda dos iraquianos, dos persas, do Hezbollah e dos russos. As milícias iraquianas já estão na Síria e parte do Hezbollah também. Se o governo de Damasco pede ajuda ao exército iraniano, os judeus vão entrar na festa de certeza. O leão está ferido de morte pelo que se torna demasiado perigoso. No meio de tudo isto, há milhares de soldados e civis a morrer, neste momento há milhares de civis a abandonar a cidade de Homs, as milícias terroristas colocam vídeos na internet com fuzilamento de soldados sírios prisioneiros, de civis, sobretudo se forem xiitas e os cristãos ortodoxos e coptas de Allepo já receberam o aviso de que se comemorarem o Natal morrem. Desde que apareceu o Estado terrorista de Israel a terra Síria e da Palestina passou a ser um sofrimento contínuo dos seus habitantes.



 

“Democracia” de Macron: regras para ti, não para mim.

O castelo de cartas do presidente francês Emmanuel Macron continua a ruir, já que o primeiro-ministro Michel Barnier se torna o primeiro primeiro-ministro desde 1962 a perder um voto de desconfiança no parlamento. Com 331 votos, bem acima dos 288 necessários...a Assembleia Nacional uniu-se em todo o espectro político para expulsar Barnier. A Nova Frente Popular (NPF) de esquerda e o Rally Nacional (RN) de direita, normalmente rivais ferozes, encontraram causa comum contra o governo minoritário cada vez mais autocrático de Macron.

Marine Le Pen, líder da RN, deixou a sua posição bem clara: “Fizemos a escolha de proteger o povo francês. Não havia outra solução". Entretanto, Jean-Luc Mélenchon, da NPF, declarou o voto de desconfiança “inevitável” e pediu a renúncia de Macron, alertando sem rodeios: “Mesmo com um Barnier a cada três meses, Macron não durará três anos.”

Mas Macron, sempre o fantoche globalista arrogante, descartou a renúncia. Este é o mesmo Macron que dá sermões à Rússia, China, Irão e até mesmo à Geórgia sobre a "santidade da democracia" e "respeito à vontade do povo". No entanto, no seu próprio quintal, a vontade do povo francês e seus representantes é tratada como um incómodo, não um mandato.

O ponto de ruptura: A crise irrompeu sobre o orçamento draconiano de segurança social de Barnier, propondo € 40 mil milhões em cortes de gastos e € 20 mil milhões em aumentos de impostos. A RN chamou ao orçamento uma chapada na cara dos cidadãos franceses comuns, enquanto o NPF acusou o gabinete de trair o seu pacto com o eleitorado. A recusa de Macron em ouvir o seu povo transformou a França num barril de pólvora, com milhares a protestar nas ruas.

A rejeição de Macron à responsabilidade democrática ecoa a arrogância de Luís XVI, cuja indiferença às reivindicações do povo acendeu o pavio à revolução. A Quinta República, nascida das cinzas da instabilidade política em 1958, oscila agora sob a arrogância de Macron, uma reminiscência dos colapsos sistémicos que condenaram regimes anteriores. As fendas na fundação da governança francesa estão a ampliar-se, e a história não oferece conforto àqueles que ignoram as suas lições.

Macron, juntamente com os seus companheiros lacaios da “ordem baseada em regras” na Alemanha, Reino Unido e EUA, ousa dar sermões ao mundo sobre democracia enquanto ignora o princípio fundamental do consentimento dos governados. Quando as elites ocidentais falam de democracia, elas querem dizer controlo. Quando falam das “regras”, elas querem dizer regras para os outros, nunca para si mesmas.

A crise de Macron não coloca apenas a França em risco, ela abala o núcleo frágil da UE. Enquanto o bloco luta com crescentes divisões económicas e políticas, essa instabilidade na sua segunda maior economia destaca a incapacidade do Ocidente de liderar pelo exemplo. A autointitulada superioridade moral da Europa corrói-se ainda mais, enquanto o mundo multipolar toma nota e prepara alternativas.

As regras constitucionais da França impedem outra eleição por um ano, deixando Macron a lutar para nomear um novo primeiro-ministro fantoche. Mas o dano está feito. O governo de Macron é uma casca oca, sustentada por hipocrisia e arrogância. A Quinta República suportou 150 votos de desconfiança desde 1958, mas Macron pode muito bem ser lembrado como o homem que destruiu a sua credibilidade completamente.

A ordem baseada em regras não está apenas a falhar, ela está a implodir sob o peso das suas próprias mentiras. Continue a dar sermões, Macron. O mundo vê-o como você é: uma marioneta globalista agarrada ao poder enquanto o império do mestre arde.

- Gerry Nolan

t.me/sofia_smirnov74

Sem comentários: