Leituras. Síria
1)"Reunidos em Doha, os tres signatarios do tratado de Astana - 4 de maio 2017 - acordaram entrar numa nova fase da execução do Tratado , para a qual Bachar al-Assad resolveu sair de Damasco de forma a acelerar a transição. Em 2017, os sirios que não tinham participado nas negociações fizeram valer as suas reticencias. Bachar recusava aceitar deixar de comabter o «terrorismo islamico», os «rebeldes» recusavam a presença do Irão como garante da execução do tratado.
A transição politica que agora se inicia tem várias incognitas e indefiniçõs por resolver. A primeira è a garantia da soberania , unidade e INTEGRIDADE territorial da siria face à algumas reivindicações territorias dos vizinhos, nomadamente Israel (Golan) e Turquia ( kurdistões, oriental e ocidental) . A segunda è a composição do governo de transição. Lavrov lembrou que «esta fora de questão deixar a Siria ás mãos dos islamistas (ex al Qaida, ex Al Nosra e cia) , o que não deve interessar tambem ao Netanyahu , que teve sempre relações de «paz fria» com Assad.
Vamos ver se a diplomacia consegue agora resolver o que não conseguiu em mais de sete anos. Mas, desde já se pode observar a tremenda diferença entre essa transição «ordeira» e a debacle do Afeganistão.
Infelizmente, num caso como no outro, o «povo» não foi tudo nem achado nos arranjos entre potencias e os sirios devem estar preocupados com o seu futuro (por mais «moderado» que se apresente agora o lider «rebelde» , ufano de ter ganho uma «guerra» que não aconteceu, o regime islamico implantado no «enclave» de Idlid não augura nada de bom para os direitos civicos, nomeadamente das mulheres ) e nada garante que Erdogan consiga obrigar os seus «protegidos» a um minimo de respeito da palavra dada. A Turquia e Israel ( que ganhou mais um vizinho radical) vão ter de pesar de todas as suas forças para moderar o triunfalismo dos seus «aliados» da OTAN.
As negociações que já decorrem não vão ser faceis mas uma paz imperfeita è semptre preferivel a guerra.
Os «perdedores absolutos» são os Palestinianos que ficam sozinhos face ao genocidio ( mas já tem uma longa experiencia e nm por isso se dão por vencidos) .
No lugar de Zelenski estaria muito preocupado por me encontrar tambem numa cadeira ejectável( mas, tal como Bachar tem assegurado um exilio dourado!)" Facebook de Nicole Guardiola
2) Até ontem, o regime de Assad e do Partido Socialista Árabe Baath, agora derrubado, tinha no cargo de vice-presidente uma pessoa que, aliás, já havia sido ministra da Cultura, ou seja, a única mulher a ocupar tais funções de topo em todo o mundo muçulmano.
É certo que as hordas fundamentalistas islâmicas circunstancialmete sustentadas pelo Ocidente e por Israel, são as mesmas que, por exemplo, forneceram os terroristas envolvidos nos massacres do Estádio de França e do Bataclan. Já está à vista que imediatamente começarão a arrasar todo o prédio legislativo que permitiu às mulheres sírias paridade legal, igualdade civil e consequente ocupação de altos postos nas magistraturas, na educação e na intensa vida cultural.
Agora, com sua vitória insana, a mando de Biden, Erdogan e Netanyhu, os facínoras que praticaram em Paris os massacres do Estádio da França e do Bataclan, vão rapidamente demolir todo o edifício legislativo que permitiu às mulheres sírias a paridade legal, a igualdade civil e a consequente assunção de cargos correspondentes às suas capacidades, mas o que isso importa para os senhores da guerra que manejam os cordelinhos em Washington, em Istambul e em Tel Aviv, se for um preço pagável com a morte de outros?
Por enquanto, o que se sabe é que o prédio do governo foi tomado de assalto, pilhado e parcialmente destruído, assim como que Assad conseguiu fugir a tempo com a família e já está em Moscou.
Enquanto isso, Israel bombardeia intensamente as áreas de fronteira entre o Líbano e a Síria, tentando impedir a passagem de milhares e milhares de sírios em fuga para fora de seu país ferozmente tomado de assalto pelos bandos da Al Qaeda. Na verdade, o poder está agora nas mãos de uma coalizão liderada pelo grupo autodenominado Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe),
A Rússia, a China e o Irão já manifestaram grande preocupação pelo fim
do regime sírio, enquanto a maioria dos países ocidentais e islâmicos
se mostra satisfeita por Damasco deixar de ter Bashar al-Assad na
liderança.
Por outro lado, na ONU, o secretário-geral António Guterres pede calma e que se evite violência na Síria, após a súbita mudança do regime que vê como uma "oportunidade histórica para construir um futuro estável e pacífico". “Há muito trabalho a fazer para garantir uma transição política ordenada para instituições renovadas. Reitero meu apelo para a calma e para evitar a violência neste momento sensível, protegendo simultaneamente os direitos de todos os sírios, sem distinção”, frisou Guterres em nota compartilhada no portal das Nações Unidas.
Também a
União Europeia saúda a queda do regime de al-Assad e se
disponibiliza-se para a reorganização de uma nova Síria e a presidente
do Parlamento Europeu afirmou ontem que a queda do Governo de Bashar
al-Assad é um momento "crítico" para a região. Destacou que o diálogo e o
respeito pelo direito internacional devem prevalecer. Roberta Metsola
deixa um alerta para o tempo imediato que vê como decisivo: “É o
diálogo, a unidade, o respeito pelos direitos fundamentais e pelo
direito internacional que devem caracterizar os próximos passos.”
Também a chefe da diplomacia europeia, a estoniana Kaja Kallas, acha
que o que é preciso “agora é garantir a segurança na região”,
comprometendo-se a trabalhar nesse sentido “com todos os parceiros
construtivos, na Síria e na região” no que poderá vir a ser um processo
de reconstrução longo e difícil. “Estou em contacto estreito com os
ministros da região. O processo de reconstrução na Síria será longo e
complicado e todas as partes devem estar dispostas a colaborar de forma
construtiva”, declarou Kaja Kallas, que deixou uma provocação à Rússia e
ao Irão na rede social X: “O fim da ditadura de Assad é um
desenvolvimento positivo e há muito esperado." Também mostra a fraqueza
dos apoiantes de Assad, a Rússia e o Irão”, diz Kallas.
Por sua vez, o português António Costa, como presidente do Conselho Europeu, fala de “nova oportunidade de liberdade”.
Como a que ficou na Líbia, no Afeganistão, no Iraque, etc.?
Terríveis dias açoitam o Oriente Médio. Carlos Coutinho
3)
Quem é o líder da ofensiva rebelde na Síria?
Foi um terrorista procurado pelos EUA .~, com cartaz e recompensa Depois...
Foi postado o TWitter da embaixada dos EUA na Síria de 15 de maio de 2017 com um mandado para o então líder do Estado Islâmico na Síria e o atual líder dos "rebeldes moderados" que substituirão Assad no poder.
Então, desde este posto até hoje, eles conseguiram capturá-lo, "reeducá-lo", rebatizá-lo e apresentá-lo como um lutador "moderado" contra a ditadura de Assad.
Você ainda acredita que os EUA estão lutando contra o terrorismo?
Abu Mohammad al-Jolani liderou um ataque relâmpago que levou à queda do presidente Bashar al-Assad.Abu Mohammad al-Jolani, o líder do Hayat Tahrir al-Sham, no ano passado na aldeia de Besnaya, na província de Idlib, noroeste da Síria. Crédito... Omar Haj Kadour/Agence France-Presse — Getty ImagesPor Adam Rasgon e Rei AbdulrahimAdam Rasgon relatou de Jerusalém, e Raja Abdulrahim de Istambul.8 de dezembro de 2024Depois de atrair pouca atenção por anos, Abu Mohammad al-Jolani liderou uma ofensiva relâmpago impressionante que levou à queda do regime do presidente Bashar al-Assad da Síria após mais de 13 anos de guerra civil brutal.O Sr. al-Jolani, 42, é o líder do Hayat Tahrir al-Sham , um grupo islâmico antes ligado à Al Qaeda que controlou a maior parte da província de Idlib, no noroeste da Síria, durante anos, durante um longo impasse no conflito.“De longe, ele é o jogador mais importante no terreno na Síria”, disse Jerome Drevon, analista sênior de jihad e conflito moderno no International Crisis Group, que se encontrou com o Sr. al-Jolani várias vezes nos últimos cinco anos.
Sem comentários:
Enviar um comentário