O fim da União Soviética permite-nos refletir sobre as potencialidades do sistema socialista, que muitos tidos como de esquerda, passaram a ter medo ou vergonha de abordar, de tal forma a propaganda imperialista se insinuou.
Havia uma crise económica? Financeira? Declínio do poder militar? A população queria o fim da União Soviética, preferia o capitalismo? A tudo isto a resposta é absolutamente não.
A União Soviética, representou progresso económico, científico e espiritual. Milhões de soviéticos viajavam durante o seu período de férias sem necessidade de qualquer “permissão”. As pacíficas realizações (como na habitação, depois das terríveis destruições da guerra) são completamente ignoradas no ocidente. A vida dos soviéticos nos anos 1970 era na verdade boa. Nenhuma sociedade tinha até então conseguido em tão curto espaço de tempo níveis de vida, consumo, segurança para toda a população, sem conhecer crises económicas.
A União Soviética tinha um elevado nível educacional, sendo atualmente a base da recuperação da Rússia. Não apenas tinha especialistas, cientistas, académicos de alto nível mundial, mas também uma elite tecnológica que desafiava os EUA. Um quarto dos cientistas do mundo trabalhava na URSS. Na URSS as pessoas tinham confiança no futuro. Tudo isto foi ridicularizado por jornalistas e cómicos na TV durante a perestroika.
Quando Gorbachov foi levado ao poder em 1985 a URSS dispunha de todas as ferramentas necessárias para consolidar essas forças se não se tivesse associado aos oportunistas e traidores alojados no PCUS. A União Soviética não foi dissolvida por fatores económicos, por lojas vazias nem por dissidentes desejosos de se tornarem famosos no ocidente. Quanto às Forças Armadas eram perfeitamente capazes de responder a qualquer agressor.
O problema foi gente seduzida pela riqueza dos oligarcas do ocidente, pela abundância e luxos como se isso fosse o padrão nos países capitalistas. Gente seduzida pelo imperialismo, apossou-se da lideranças do PCUS e dos governos locais, afundando-se numa teia de mentiras e privilégios. A URSS foi perdida por vigaristas políticos e demagogos que desprezavam o povo e saquearam a riqueza nacional, transformando-a em bens privados. Muitos destes conduziram movimentos separatistas.
Gorbachov dizia-se Leninista para depois confessar no ocidente que tinha sido a forma de impor a “mudança”, um projeto para destruir o socialismo. Iakovlev, um dos principais colaboradores de Gorbatchov, declarou: "enfrentámos a tarefa histórica de desmantelar todo um sistema social e económico com todas as raízes ideológicas, económicas e políticas".
Empenharam-se numa campanha de calúnias, denegrindo as experiências socialistas e todo o seu passado. Procedeu-se ao branqueamento dos crimes do capitalismo, Inventaram histórias como “o novo pensamento” e “valores humanos universais”. O capitalismo foi apresentado como "liberdade" e "direitos humanos", o socialismo "ditadura", "totalitarismo".
Yeltsin foi um fantoche americano, sob seu comando um clã rapidamente privatizou (roubou) grande parte da riqueza pública da Rússia, a sociedade russa deteriorou-se a ponto de haver máfias étnicas e gangues administrando negócios ilegais na maioria das grandes cidades. Criou um Estado imerso no roubo e na caça ao poder. Ieltsin ainda traiu mais o seu país quando assinou uma concessão de 20 anos pela base naval de Sebastopol, que nunca tinha sido entregue à Ucrânia, nem mesmo em 1991.
Alinhando com o ocidente, desligaram-se de países com estreitas relações com a URSS, como Cuba, RPDC, Vietname, Afeganistão (então tendo em vista o socialismo) que isolados tiveram de fazer frente a acrescidas formas de agressão, sanções, ingerências do imperialismo. A superioridade do socialismo verifica-se pela recuperação económica e social dos países que prosseguiram nessa via.
Em 1913, 70% da população era analfabeta; em 1940 não era apenas alfabetizada, era uma das mais educadas do mundo. O socialismo permitiu um nível inédito de igualdade, segurança, serviços de saúde, habitação, educação, emprego e cultura para todos os cidadãos. A produção industrial na Rússia representava em 1913 cerca de 4% da produção mundial. Em meados dos anos 1970, na URSS, elevava-se a 20%.
A Revolução de Outubro contribuiu para o desenvolvimento dos direitos sociais mesmo nos países europeus do ocidente, não é coincidência que, após a desaparição socialismo no Leste, se assista ao ataque contra direitos sociais.
A URSS ainda era poderosa na época em que Gorbachev assumiu o poder. As pessoas tinham empregos estáveis, boas oportunidades de carreira, boas moradias, excelente transporte público, educação e medicamentos gratuitos, tudo o que era básico e muitos extras. Faltava o acesso irrestrito a bens de consumo de luxo, embora os funcionários do PCUS tivessem esse acesso. Muitas pessoas consideraram essa situação intolerável achando que o sistema precisava ser reformado.
A Rússia atual é herdeira das realizações soviéticas. Conseguiu reconstruir-se com um forte governo federal com grande intervenção na economia, recuperando económica, social e militarmente após o descalabro dos anos 1990 devido às inumanas “reformas” da “democracia liberal”. Na ciência, na reindustrialização, no desenvolvimento dos meios militares, que tornaram a Rússia uma grande potência, está a marca deixada pelo socialismo.
Não é possível falar da URSS sem abordar o tema do “estalinismo”. Os preconceitos e mentiras antissocialistas fazem uso do álibi do “estalinismo", para desviar a discussão sobre o socialismo e as formas de transição em cada país. Por este motivo não pode ser considerado tabu, deixando o campo ideológico aberto à propaganda imperialista. (1)
1 - Sobre o tema ver “Problemas económicos do socialismo na URSS”, 1a Parte, o autor ; 2ª Parte - A obra
Fontes - - Andrei Martyanov, A perda da supremacia militar e a miopia do planeamento estratégico dos EUA (1)
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