Linha de separação


5 de dezembro de 2024

Pertencente a uma minoria étnica e vassalagens à prova de bala

Carlos Coutinho

Apenas os países de segunda ou terceira ordem podem fingir que lideram a NATO, o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa.    Ficou isso à vista com a entrega desses cargos à Noruega, à Bélgica e agora a Portugal, porque a Casa Branca e o Pentágono só podem impor a sua indiscutível liderança mundial se tiverem completo controlo dos capatazes escolhidos para Bruxelas e Estrasburgo. Aliás, a própria presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, não se descuidou no cumprimento insidioso do desígnio norte-americano ao afirmar que António Costa é um indivíduo pertencente a uma “minoria étnica”, ou seja, corresponde ao formato adequado a um presidente do Conselho Europeu.

   A tornar bem clara esta circunstância de vassalagem à prova de bala, a primeira iniciativa de retumbância ocidental foi a ida de Costa a Kiev, logo na segunda-feira seguinte ao domingo da sua eleição, abraçar Zelensky, pouco depois de um loiro amplexo que Ursula mostrou aos jornalistas poucas horas antes do moreníssimo abraço do rafeirito produto e um país mexeruca e de uma, afinal honrosa, “minoria étnica”, tido como “goês”, não obstante haver tido como pai alguém nascido em Moçambique.
   Outro social-democrata, o chanceler alemão Olaf Scholz também visitou ontem inesperadamente um hospital em Kiev, onde prometeu perante as câmaras a Volodymir Zelensky que “a Alemanha vai continuar a ser o maior apoiante da Ucrânia na Europa. Podem confiar em nós. Nós dizemos e fazemos. E fazemos o que dizemos. (…) Estou a deixar muito claro para Putin, hoje em Kiev: nós vamos ficar ao lado da Ucrânia durante o tempo em que seja necessário”. Ou seja, a farronca tem números: Scholz vai mandar mais ajuda militar “no valor de 650 milhões de euros, a ser entregue ainda em Dezembro”.
   Isto com a Alemanha privada de petróleo barato e já em grave recessão que também vai ter impacto em toda a Europa. No pacote vão sistemas de defesa aérea IRIS-T até gora recusados, além de mais carros de combate Leeopard 1 e drones ofensivos, porque pode ser um empurrão no sentido de uma escalada muito séria, visto que a Rússia vai sentir-se gravemente ameaçada e não deixará o caso sem resposta.
   Passado apenas de um dia, vêm os noticiários dizer-nos que o ainda Presidente Joe Biden, antes de ir em viagem de negócios arrastar os pés por Angola, país aonde nenhum presidente americano antes fora,  amnistiou o vigarista seu filho dos pecados que tem andado a cometer, sobretudo na Ucrânia. Hunter Biden, um alegado católico de 54 anos,  ia conhecer em meados deste mês as decisões do Departamento de Justiça que o acusa de usar documentos falsos para esconder evasão fiscal e para comprar um revólver em 2018, além de negar a posse do que realmente possuía, no sangue e na despensa: narcóticos. Assim se safou de uma pena que podia ir aos 17 anos de pildra.
    A partir de agora, mesmo com Trump no poder, o Departamento de Justiça não mais poderá prosseguir investigações sobre estes casos, o que nos mostra a pureza da Justiça no país das máfias mais virtuosas.
   Algumas altas personalidades do próprio partido de Joe Biden, o Demcrata, sentiram necessidade que vir a público muito envergonhados:
“Como pai, compreendo o desejo natural do Presidente Joe Biden de ajudar o seu filho e de o perdoar, mas estou desiludido com o facto de ele ter posto a família à frente do país”, escreveu o governador do Colorado, Jared Polis, na rede X. Já segundo Trump e o Partido Republicano, as investigações de Departamento de Justiça sobre certos atos de Hunter Biden deviam ter incluído a “contratação do filho do Presidente dos Estados Unidos pela empresa ucraniana Burisma, numa altura em que Joe Biden era vice-presidente” dos EUA.  
   De acordo com outro vígaro de igual quilate, Donald Trump, Joe Biden influenciou a contratação do seu filho pela Burisma e promoveu negócios ilícitos para enriquecimento familiar”.
Ilicitude que está longe de ferir a natureza da lei marcial que o seu vassalo Presidente da Coreia do Sul acaba de decretar, já que a Oposição sul-coreana se mostra maioritária nas sondagens e isso não se enquadra na democracia 'made in USA'. Por sorte, o parlamento anulou, logo no dia seguinte, o belicoso decreto presidencial.

           Qual pai, tal filho...

Sem comentários: