Carlos Coutinho
Apenas os países de segunda ou terceira ordem podem fingir que lideram a NATO, o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa. Ficou isso à vista com a entrega desses cargos à Noruega, à Bélgica e
agora a Portugal, porque a Casa Branca e o Pentágono só podem impor a
sua indiscutível liderança mundial se tiverem completo controlo dos
capatazes escolhidos para Bruxelas e Estrasburgo. Aliás, a própria
presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, não se descuidou
no cumprimento insidioso do desígnio norte-americano ao afirmar que
António Costa é um indivíduo pertencente a uma “minoria étnica”, ou
seja, corresponde ao formato adequado a um presidente do Conselho
Europeu.
A tornar bem clara esta circunstância
de vassalagem à prova de bala, a primeira iniciativa de retumbância
ocidental foi a ida de Costa a Kiev, logo na segunda-feira seguinte ao
domingo da sua eleição, abraçar Zelensky, pouco depois de um loiro
amplexo que Ursula mostrou aos jornalistas poucas horas antes do
moreníssimo abraço do rafeirito produto e um país mexeruca e de uma,
afinal honrosa, “minoria étnica”, tido como “goês”, não obstante haver
tido como pai alguém nascido em Moçambique.
Outro social-democrata, o chanceler alemão Olaf Scholz também visitou
ontem inesperadamente um hospital em Kiev, onde prometeu perante as
câmaras a Volodymir Zelensky que “a Alemanha vai continuar a ser o maior
apoiante da Ucrânia na Europa. Podem confiar em nós. Nós dizemos e
fazemos. E fazemos o que dizemos. (…) Estou a deixar muito claro para
Putin, hoje em Kiev: nós vamos ficar ao lado da Ucrânia durante o tempo
em que seja necessário”. Ou seja, a farronca tem números: Scholz vai
mandar mais ajuda militar “no valor de 650 milhões de euros, a ser
entregue ainda em Dezembro”.
Isto com a Alemanha
privada de petróleo barato e já em grave recessão que também vai ter
impacto em toda a Europa. No pacote vão sistemas de defesa aérea IRIS-T
até gora recusados, além de mais carros de combate Leeopard 1 e drones
ofensivos, porque pode ser um empurrão no sentido de uma escalada muito
séria, visto que a Rússia vai sentir-se gravemente ameaçada e não
deixará o caso sem resposta.
Passado apenas de
um dia, vêm os noticiários dizer-nos que o ainda Presidente Joe Biden,
antes de ir em viagem de negócios arrastar os pés por Angola, país aonde
nenhum presidente americano antes fora, amnistiou o vigarista seu
filho dos pecados que tem andado a cometer, sobretudo na Ucrânia. Hunter
Biden, um alegado católico de 54 anos, ia conhecer em meados deste mês
as decisões do Departamento de Justiça que o acusa de usar documentos
falsos para esconder evasão fiscal e para comprar um revólver em 2018,
além de negar a posse do que realmente possuía, no sangue e na despensa:
narcóticos. Assim se safou de uma pena que podia ir aos 17 anos de
pildra.
A partir de agora, mesmo com Trump no
poder, o Departamento de Justiça não mais poderá prosseguir
investigações sobre estes casos, o que nos mostra a pureza da Justiça no
país das máfias mais virtuosas.
Algumas altas
personalidades do próprio partido de Joe Biden, o Demcrata, sentiram
necessidade que vir a público muito envergonhados:
“Como
pai, compreendo o desejo natural do Presidente Joe Biden de ajudar o
seu filho e de o perdoar, mas estou desiludido com o facto de ele ter
posto a família à frente do país”, escreveu o governador do Colorado,
Jared Polis, na rede X. Já segundo Trump e o Partido Republicano, as
investigações de Departamento de Justiça sobre certos atos de Hunter
Biden deviam ter incluído a “contratação do filho do Presidente dos
Estados Unidos pela empresa ucraniana Burisma, numa altura em que Joe
Biden era vice-presidente” dos EUA.
De acordo
com outro vígaro de igual quilate, Donald Trump, Joe Biden influenciou a
contratação do seu filho pela Burisma e promoveu negócios ilícitos para
enriquecimento familiar”.
Ilicitude que está longe
de ferir a natureza da lei marcial que o seu vassalo Presidente da
Coreia do Sul acaba de decretar, já que a Oposição sul-coreana se mostra
maioritária nas sondagens e isso não se enquadra na democracia 'made in
USA'. Por sorte, o parlamento anulou, logo no dia seguinte, o belicoso
decreto presidencial.
Qual pai, tal filho...
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