Evan Reif, autor e investigador em global research, nasceu numa pequena cidade mineira no oeste de Dakota do Sul como filho de um mineiro e uma bibliotecária. As lutas de seu pai como organizador do sindicato e as lutas da comunidade contra a desindustrialização, nutriu o profundo interesse de Evan pela política de esquerda. Muitos dos que se dizem “esquerda” faziam bem em atentar no que nos diz. (1)
Em 1941, mais de 6 000 trabalhadores da Azovstal lutaram contra os nazistas como guerrilheiros ou soldados do Exército Vermelho. Um monumento foi erguido em sua homenagem, mas o regime de Kiev, envergonhado do que representava deixou-o em ruínas Em 1991, menos de 50 anos após a vitória de 1945, os monstros voltaram.
Em 1990, mesmo após uma década de sabotagem económica, o Índice de Desenvolvimento Humano da URSS era de 0,92, o 25º maior no mundo, segundo a classificação da ONU. Em 2019, o último ano em que os dados foram publicados, a Rússia estava em 52º lugar muito longe da prosperidade que o Ocidente tinha prometido. Quanto à Ucrânia, o golpe Maidan em 2014, ainda mais agravou a situação, passando de 83º em 2014 para 88º em 2018, abaixo do Sri Lanka, México e Albânia.
Em 2022, nenhuma das antigas repúblicas soviéticas havia recuperado seu nível de 1990. Mesmo meses antes de dissolução da URSS, os cidadãos soviéticos desfrutavam de maior prosperidade do que depois da sua "libertação". Sua riqueza e segurança não se evaporaram em éter: os capitalistas do ocidente tinham voltado para saquear o país.
Estudos concluíram que, apenas na Rússia, um mínimo de cinco milhões de mortes adicionais devido à fome, falta de assistência médica, dependência de drogas e privações ocorreram entre 1991 e 2001. Se adicionarmos as antigas repúblicas soviéticas, a conta excede facilmente o do Holocausto. Se isso tivesse acontecido em outro lugar ou tivesse sido perpetrado por outros, teria sido chamado pelo que era: um genocídio pela "ordem internacional baseada em regras".
A Universidade Estadual de Mariupol, fundada em 1991, graças a subsídios da USAID, George Soros e fundos dos EUA e da UE. A linha da faculdade foi abertamente pró-ocidente, professores visitavam a sede da NATO, a universidade anunciava os seus vínculos aos grupos de reflexão de Washington. Universidades como esta surgiram em todos os países do leste. A Open Society Foundation, apoiada por Soros, criou dezenas de novas universidades no leste e produziu novos livros didáticos para escolas primárias e secundárias. Entre seus ex -alunos estão presidentes, membros de Parlamento, inúmeros burocratas de menor importância, destacando-se líderes de grupos neonazis como o Azov. Tudo isso foi posto ao serviço de guerra contra o comunismo, sendo particularmente irónico o furor anticomunista de George Soros que obteve enormes lucros saqueando a antiga União Soviética.
A história que nos vendem sobre o golpe Maidan em 2014 é simples. Dizem -nos que os manifestantes se levantaram para se libertarem do jugo do partido das regiões de Viktor Ianoukovitch, ilegítimo e odiado devido à ligação à Rússia. Depois dizem que a transição foi calma e ordeira, só aparecendo problemas no leste por causa da infiltração russa, sustentando veementemente que o conflito na Ucrânia não era uma guerra civil, mas uma invasão estrangeira que está em curso há oito anos.
Na realidade, o conflito foi uma guerra civil de acordo com qualquer definição razoável. Os separatistas eram cidadãos ucranianos quase sem exceção e começaram a lutar para defender o governo ucraniano legitimamente eleito. Desde o início do golpe de 2014, grupos como a Legião Georgiana, apoiados pelos EUA, enviaram mercenários para transformar uma demonstração pacífica num golpe sangrento.
Muitos milicianos do Donbass, eram membros do Exército Ucraniano que desertaram quando foram ordenados a atirar sobre as suas famílias, amigos e compatriotas ucranianos do Donbass. O relato de uma invasão estrangeira, e não de uma guerra civil, é particularmente importante para o regime de Kiev. Sendo uma guerra civil, por que razão esse governo supostamente "nacionalista" matou tantos ucranianos no Donbass, bombardeou áreas residenciais, escolas, hospitais e outros alvos civis? Seria impossível justificar qualificá-los como nacionalistas e ainda menos libertadores, com o sangue de tantos ucranianos nas mãos.
Quando as manifestações de Maidan começaram em 2014, contramanifestações surgiram por todo o país, milhares de ucranianos desceram para a rua para apoiar o governo eleito democraticamente de Viktor Ianoukovitch e o partido das regiões. O regime de Kiev tornou-se cada vez mais violento sob a influência da extrema-direita, os manifestantes anti-Maidan recusaram-se a ser intimidados e retaliados. Temendo um contra-ataque, o governo não eleito de Arseniy Yatsenyuk, escolhido a dedo pelos americanos, criou a Patrulha de Tarefas Especiais (STP), uma polícia composta quase exclusivamente por neonazis infestando a Ucrânia e dotada de extensos poderes para prender e matar ucranianos. O mais famoso dos grupos neste processo foi o Batalhão Azov.
(continua)
1 – Texto completo em: How a Network of Nazi Propagandists Helped Lay the Groundwork for the War in Ukraine | CovertAction Magazine
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