Das redes sociais
Do facebook do Maj general Raul Cunha . Dois textos.
Nota : A ajuda americana e europeia à Ucrânia é também em regime de " Land Lease"
!º texto -Em resposta a um escrito foleiro da
comentadeira HFG em que, entre outros disparates, referia que a URSS só
tinha vencido os nazis graças à ajuda americana, anexo um esclarecimento
histórico, que espero bem que alguém faça chegar à fulana, embora não
acredite que o seu neurónio consiga absorver tanta informação:
"Um
mito comum, de proveniência revisionista, é o da preponderância do
famoso programa “Lend-Lease”, a dita “altruísta” ajuda americana sem a
qual, supostamente, a URSS nunca teria vencido. Pois bem,
desmistifiquemos esse mito com recurso a simples factos:
1
- O Lend Lease foi um projeto de lei com vista a fortalecer os
interesses de segurança americanos fora das suas fronteiras. O programa
decretado consistia em apoio material, sobretudo militar, mas também
financeiro e alimentar a países que “apresentassem interesse” aos EUA na
esfera da segurança nacional, pelo que os beneficiários teriam de
devolver a soma dos valores da ajuda material em dinheiro. Por outras
palavras: de altruísmo, não existia absolutamente nenhum no Lend-Lease;
2
- A ajuda militar americana não pode deixar de ser acompanhada por uma
“pequenina” grande nuance: os EUA, durante anos, apoiaram e financiaram a
Alemanha nazi. E mesmo durante o período do Lend-Lease e depois do
início da guerra, em 1 de setembro de 1939, continuaram a financiar
Hitler e os aliados do Eixo. O próprio futuro presidente dos EUA,
Truman, afirmou, no verão de 1941: “se virmos que os russos estão a
ganhar, devemos ajudar mais os alemães, e se virmos o contrário, devemos
ajudar os russos. É conveniente para nós que se matem uns aos outros o
mais possível.”
3 - O Lend-Lease representava, a
nível de produção material, de apoio financeiro, de fornecimento
alimentar e de apoio militar, 94% do exército da “Résistance”, 56% do
Exército Britânico e 28% do Exército Vermelho. Significativo? Sem
dúvida. O principal factor decisivo? Nem por isso. Afinal de contas, os
números não mentem: tanto no caso francês como no britânico, a
percentagem total proveniente do apoio americano era avassaladora,
principalmente no caso francês. Contudo, não é menos verdade que ambos
os exércitos, juntamente com o americano, eliminaram um total de 176
divisões do exército alemão em toda a guerra. A URSS, por sua vez, com
um apoio a representar 28% de exatamente os mesmos indicadores, eliminou
607 divisões do Exército Alemão em toda a guerra, mais do que o triplo
dos restantes;
4 - Por fim, quiçá o factor mais
importante e acerca do qual mais valerá a pena refletir: os EUA apenas
começaram a reduzir, progressivamente, o fornecimento da Alemanha e das
restantes forças do Eixo após, precisamente, a Batalha de Estalinegrado.
Foi também a partir desse período que a URSS começou a receber cada vez
mais apoio, fosse ele militar, financeiro, industrial ou alimentar,
perfazendo os ditos 28% anteriormente mencionados. Até lá, nos dois anos
mais sangrentos e decisivos da guerra – 1941 (quando os alemães
estiveram às portas de Moscovo) e 1942 (onde, em Novembro, começou a
contraofensiva em Estalinegrado) – o apoio americano à URSS nunca
representou mais do que 0,7% e 12%, respectivamente. Por outras
palavras: lucrando com os dois lados e percebendo que um deles não
venceria, os americanos alteraram o rumo dos seus financiamentos. Se a
Alemanha tivesse vencido em Estalinegrado, os EUA, do lado de lá do
oceano, teriam tido todo o gosto em continuar a lucrar com o apoio à
Wehrmacht. No entanto, graças ao heroico Exército Vermelho, tal não
aconteceu."
2º Texto. Um artigo interessante do Sr. Coronel (ret) do US Army - Douglas Macgregor
"Desta vez é diferente
Até
decidir confrontar Moscovo com uma ameaça militar existencial na
Ucrânia, Washington limitou o uso do poder militar norte-americano a
conflitos que os norte-americanos podiam dar-se ao luxo de perder,
guerras com oponentes fracos no mundo em desenvolvimento, desde Saigão a
Bagdade e que não representavam uma ameaça existencial às forças dos
EUA ou ao território norte-americano. Desta vez – uma guerra por
procuração com a Rússia – é diferente.
Ao
contrário das esperanças e expectativas iniciais[...], a Rússia não se
desmoronou internamente nem capitulou perante as exigências colectivas
do Ocidente no sentido de uma mudança de regime em Moscovo. Washington
subestimou a coesão social da Rússia, o seu potencial militar latente, e
a sua relativa imunidade às sanções económicas ocidentais.
Como
resultado, a guerra por procuração de Washington contra a Rússia está a
falhar. O Secretário da Defesa dos EUA Lloyd Austin foi invulgarmente
franco sobre a situação na Ucrânia quando disse aos aliados na base
aérea de Ramstein, na Alemanha, a 20 de Janeiro: "Temos aqui uma janela
de oportunidade, entre agora e a Primavera", admitindo, "Isso não é
muito tempo".
Alexei Arestovich, conselheiro
recentemente despedido do Presidente Zelensky e "Spinmeister," não
oficial, foi mais directo. Ele expressou as suas próprias dúvidas de que
a Ucrânia possa ganhar a sua guerra com a Rússia e agora questiona se a
Ucrânia irá mesmo sobreviver à guerra. As perdas ucranianas – pelo
menos 150.000 mortos, incluindo 35.000 desaparecidos em acção e
presumivelmente mortos – enfraqueceram fatalmente as forças ucranianas,
resultando numa frágil postura defensiva ucraniana que provavelmente se
estilhaçará sob o peso esmagador do ataque das forças russas nas
próximas semanas.
As perdas materiais da Ucrânia
são igualmente graves. Estas incluem milhares de tanques e veículos
blindados de combate de infantaria, sistemas de artilharia, plataformas
de defesa aérea, e armas de todos os calibres. Estes totais incluem o
equivalente a sete anos de produção de mísseis Javelin. Num cenário onde
os sistemas de artilharia russos podem disparar quase 60.000 munições
de todos os tipos – foguetes, mísseis, drones e munições de 'cápsula
dura' – por dia, as forças ucranianas são duramente pressionadas para
responder a estas salvas russas com 6.000 munições por dia. Novas
plataformas e pacotes de munições para a Ucrânia podem enriquecer a
comunidade de Washington, mas não podem alterar estas condições.
Previsivelmente,
a frustração de Washington com o fracasso do Ocidente colectivo em
travar a maré da derrota ucraniana está a crescer. De facto, a
frustração está rapidamente a dar lugar ao desespero.
[…]
Na
II Guerra Mundial, Washington teve sorte com o timing e os aliados.
Desta vez é diferente. Washington e os seus aliados da OTAN defendem uma
guerra total contra a Rússia, a devastação e a desagregação da
Federação Russa, bem como a destruição de milhões de vidas na Rússia e
na Ucrânia.
Washington segue o seu exemplo.
Washington não pensa, e é também abertamente hostil ao empirismo e à
verdade. Nem nós nem os nossos aliados estamos preparados para travar
uma guerra total com a Rússia, a nível regional ou global. A questão é
que, se a guerra rebentar entre a Rússia e os Estados Unidos, os
norte-americanos não devem ficar surpreendidos. A administração Biden e
os seus apoiantes bipartidários em Washington estão a fazer tudo o que
está ao seu alcance para que isso aconteça."
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