AS REVELAÇÕES SOBRE A DESTRUIÇÃO DO NORDSTREAM
E AS CAUSAS DA GUERRA NATO-RÚSSIA NA UCRÂNIA/ OPINIÃO
por Gordon M. Hahn
Escrevi
vários artigos sobre as causas da Guerra OTAN-Rússia na Ucrânia. Neles,
concentrei-me nas causas imediatas e de longo prazo para a decisão de
Putin de invadir. No entanto, tudo isso precisa ser conjugado agora com
novas revelações para entender o clima que reinava no Kremlin no final
de janeiro e início de fevereiro (provavelmente meados de fevereiro),
quando Putin decidiu puxar o gatilho.
Temos
as causas de fundo: décadas de expansão da OTAN; o ataque da OTAN à
Sérvia, o reconhecimento ocidental da independência de Kosovo da Sérvia,
apesar de uma resolução da ONU estipulando a inviolabilidade
territorial da Sérvia; a “promoção da democracia” colorida estimulando a
subversão na Ucrânia e noutros estados vizinhos da Rússia; apoio
financeiro e moral ocidental a uma revolução colorida na Rússia, a
revolução colorida Maidan de fevereiro de 2014 apoiada pelo Ocidente; o
encobrimento do ultranacionalista Maidan, o ataque terrorista da ala
neofascista de atiradores de elite que provocou o derrube final de
Yanukovych, que o Ocidente até hoje ainda 'finge' ter sido realizado
pelas forças de segurança de Yanukovych; apoio ocidental à operação
antiterrorista de Maidan Kiev visando a população civil do Donbass, bem
como os rebeldes que estavam apenas repetindo o método Maidan apoiado
pelo Ocidente de tomada ilegal do poder; a perda certa para a Rússia de
sua base naval da Frota do Mar Negro como resultado do golpe de Maidan; o
fracasso de Kiev em cumprir o acordo de Minsk 2 de negociar diretamente
com os rebeldes de Donbass e adotar legislação concedendo autonomia à
região; e a transformação pela OTAN do exército ucraniano na segunda
maior força da Europa e um membro de facto da aliança militar mais
poderosa da história mundial, e muito mais (por exemplo, abandono e
violações de tratados de controle de armamentos).
As
causas mais imediatas que demonstrei incluem a ameaça de Zelenskiy de
desenvolver armas nucleares uma semana antes da invasão de Putin, um
deslocamento de forças ucranianas para a linha de contacto numa postura
que indicava um ataque iminente ao Donbass, e uma forte escalada nos
combates iniciados e intensificados pelas forças de Kiev (os chamados
'batalhões nacionais' regulares e neofascistas), que frequentemente
visavam civis, ao longo da linha de contacto no Donbass dias antes da
invasão de Putin e quando ele tomou a decisão de invadir.
Agora,
podemos acrescentar às causas imediatas as ameaças do presidente dos
EUA, Joe Biden, e da secretária Victória Nuland de destruir os gasodutos
russo-europeus Nord Stream que transportam gás natural russo para a
Alemanha e o facto de que, como resultado de suas incitações
provocativas, a inteligência russa certamente teria concluído que havia
uma grave ameaça de que os EUA planeavam destruir os oleodutos. Isso
seria verdade, mesmo que a Rússia não tivesse mais informações sobre as
discussões internas e o planeamento dos ataques pelo governo, os
servições de inteligência e os militares dos EUA.
O
artigo de Seymour Hersh, citando fontes não identificadas dentro do
governo, mostra que com poucas ou nenhuma advertência tudo isso mostrava
já a Putin que os planos dos EUA para destruir o Nord Stream colocavam
os oleodutos e as vendas de gás russo para a Europa em perigo.
A
ameaça de atacar o Nord Stream estava implícita como resposta a
qualquer invasão russa da Ucrânia. Mas para o Kremlin, o perigo de um
ataque aos oleodutos Nord Stream - decorrente do que já se sabia -
representava não apenas uma ameaça a esses oleodutos em particular, mas
uma ameaça ocidental geral emergente a todo e qualquer oleoduto russo
fora do contexto ucraniano.
A
irresponsabilidade da conversa fiada do governo Biden sobre o que foi,
como observa uma fonte do relatório de Hersh, "um acto de guerra" só
poderia ter despertado a angústia russa e constituído outro peso que fez
pender a balança a favor da decisão de Putin de invadir. Se, além
disso, a Rússia tinha informações ou concluiu com base apenas nas
ameaças verbais que o planeamento e a organização do ataque já estavam
em andamento, então a ameaça aos oleodutos da Rússia torna-se um factor
muito maior e muito mais provocador da invasão da Rússia.
Goste-se
dele ou não, ao interrogarmo-nos por que Putin decidiu invadir, há que
reconhecer que os motivos foram inúmeros para desencadear uma medida
preventiva que evitasse a necessidade de uma guerra futura maior que
pudesse colocar o país numa correlação de forças menos vantajosa no
confronto entre a Rússia e o Ocidente.
Por
que Putin invadiu? A ameaça nuclear de Zelinskiy, a ameaça NordStream
de Biden, as forças armadas OTANizadas cada vez mais poderosas da
Ucrânia, a substancial e crescente natureza ultranacionalista e
neofascista da ideologia de estado e cultura política da Ucrânia? Faça a
sua escolha ou leve-os juntos.
A
arrogância, a arrogância, a ideologização e a simples incapacidade do
estado-partido democrata americano de ouvir e levar em consideração as
reais preocupações de segurança nacional russa ao longo de três décadas
tiveram suas consequências. Pode acrescentar-se a corrupção da media de
massa americana; a politização, o crescente autoritarismo e falta de
contenção de seus órgãos policiais aliados; e a resultante falta de
noção do público americano em relação ao mundo exterior e ao papel cada
vez mais maligno da América internacionalmente.
O
artigo de Hersh não terá nenhum efeito sobre a opinião pública dos EUA,
e ainda menos sobre as suas elites presunçosas e pervertidas.
Desta
forma, estamos cada vez mais próximos de um iminente confronto militar
entre o império globalista liderado pelos americanos e o cada vez mais
autoritário Ocidente com o desafio sino-russo liderando o autoritário
resto do mundo.
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