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10 de janeiro de 2023
A UE no seu labirinto
A UE no seu labirinto – concertação, subordinação e rivalidade inter-imperialistas
João Ferreira
Membro da Comissão Política do Comité Central do PCP
Um dos traços marcantes da evolução da conjuntura internacional é, indiscutivelmente, o
inaudito grau de subordinação da União Europeia (UE) – e, em particular, das principais
potências capitalistas europeias que fazem dela um seu instrumento – face aos EUA, aos
seus interesses económicos e geopolíticos e à estratégia de confrontação que têm vindo
a alimentar com a Rússia e a China. São os EUA quem mais tem aproveitado com esta
estratégia. É a UE – em rigor, os trabalhadores e os povos da Europa – quem tem pago o
grosso da factura. O colossal preço a pagar acentua inevitáveis contradições, dando-lhes
mais visibilidade, o que impõe um questionamento: Até quando? Quais as consequências
deste processo?
«Uma guerra contra a Europa»
As mais recentes previsões económicas da Comissão Europeia (1) (CE) não escondem o
que, nas palavras do comissário Paolo Gentiloni (o social-democrata responsável pela
pasta da economia na CE), são as «águas turbulentas» em que navega a UE. A quebra
do produto interno bruto (PIB) prevista no último trimestre de 2022 prolongar-se-à pelo
menos pelo primeiro trimestre de 2023. No conjunto do ano, a média do PIB da UE e da
Zona Euro (0,3%) aponta para uma situação de estagnação económica, prevendo-se que
a Alemanha se mantenha em recessão (-0,6%). A inflação tem vindo a ser
sucessivamente revista em alta, prevendo-se que feche o ano em 9,3% no conjunto da
UE (8,5% na Zona Euro). Para 2023, prevê-se uma inflação de 7,0% na UE (6,1% na
Zona Euro), significativamente acima das previsões de há poucos meses. Uma inflação
impulsionada sobretudo pelos preços da energia, mas também dos alimentos e de outras
mercadorias.
As temperaturas moderadas deste início de Inverno aliviaram a pressão sobre as reservas
de gás – actualmente bem preenchidas, para o que contribuíram as importações de gás
natural liquefeito (GNL) oriundo dos EUA, que beneficiam do incremento massivo das
exportações para a UE. Mas é a própria CE que prevê que as coisas possam ser bem
diferentes no Inverno de 2023/2024, dadas as limitações à capacidade de aumentar as
importações de GNL e a perspectiva de manutenção de preços elevados, que não
excluem a possibilidade de ocorrência de disrupções no fornecimento e consequente
escassez, pese embora as medidas de redução do consumo entretanto impostas aos
Estados-Membros da UE.
Com o sugestivo título «Congelada», a revista «The Economist» (2) dedica a capa de um
dos seus últimos números à Europa. O mote é o «brutal aperto económico», resultado da
guerra e das sanções, em face do qual não se devem esperar boas notícias da Europa
nos próximos tempos. A baixa relativa dos preços do gás verificada nos últimos meses
deixa-os, ainda assim, seis vezes acima da média de longo prazo. Segundo o periódico,
num Inverno normal, um aumento de 10% nos preços da energia está associado a um
aumento médio de óbitos de 0,6%. A fazer fé neste modelo, a alta dos preços registada
este ano terá já causado mais de 100 000 mortes adicionais de população idosa na
Europa. A estratégia de instigação da guerra não faz vítimas apenas na Ucrânia.
Assinala Avelãs Nunes (3) (2022): esta é «uma guerra contra a Europa, desencadeada
pelos EUA, executada pelos dirigentes europeus, paga e sofrida pelos povos da Europa
(com os ucranianos na primeira linha). A Europa está a sofrer as consequências do
esforço de guerra imposto pelo ‘patrão’ da NATO e as consequências das sanções
impostas à Rússia, que tão negativamente repercutem na economia europeia».
As sucessivas vagas de sanções impostas à Rússia acentuaram o aumento dos preços
da energia, que já se vinha registando desde a pandemia, o que por arrasto levou a um
aumento geral dos preços, em particular de bens como os alimentos. Os impactos na
actividade económica em geral, na vida dos trabalhadores e das suas famílias, sob as
políticas vigentes na generalidade dos países, estão a ser brutais, impondo uma
redistribuição do rendimento nacional, em favor do capital e em desfavor do trabalho. Em
Portugal, o peso das remunerações dos trabalhadores no PIB sofreu a maior redução
alguma vez registada, num só ano, desde a adesão à CEE/UE (4).
A generalidade dos governos da UE intervieram para conter o aumento dos preços da
energia. A opção recaiu em subsidiar os consumidores finais (indústria ou domésticos),
não pondo em causa aspectos estruturais de funcionamento dos mercados liberalizados
que garantem fabulosos lucros aos grupos económicos. Além da Alemanha, que sozinha
foi responsável por 46% dos gastos feitos em toda a UE para manter a energia acessível
(5), são casos expressivos os da França, Espanha e Itália. Cada país interveio com os
seus próprios meios, consabidamente muito diferenciados, sem ajudas da UE. Esta
abordagem tem dois tipos de consequências. Por um lado, sendo diferentes as
capacidades de cada Estado para poder financiar determinado tipo de medidas, serão
também diferentes os resultados dessa intervenção, pelo que tendem a agravar-se as
desigualdades no seio da UE. A sacrossanta «livre concorrência» no mercado único é,
desta forma, ainda mais falseada. Por outro lado, diz-nos a experiência que a
«flexibilidade» na interpretação das regras da UE, designadamente do Pacto de
Estabilidade, que permite a cada Estado, num dado momento, «gastar o que for preciso»
(ou o que pode), rapidamente dá lugar à «correcção de trajectória», com o regresso das
regras em dose reforçada. Não por acaso, os «radares» da UE e dos mercados
financeiros já estão a apontar para os países do Sul – Itália, Espanha, Grécia, Portugal e
também a França – detentores de dívidas públicas acima dos 100% do PIB, que
necessariamente aumentarão na actual conjuntura.
A «reforma da governação económica da UE»
Não estará desligado das circunstâncias acima expostas que a Comissão Europeia tenha
vindo anunciar recentemente as suas «orientações para a reforma do quadro de
governação económica da UE» (6). Sem surpresa, a proposta da CE corresponde, no
essencial, a um decalque do «documento de posição» apresentado pelo governo alemão
relativo à «reforma das regras orçamentas da UE» (7). Trata-se de uma peça importante
para compreender, em parte, o rumo mais imediato que se pretende imprimir ao processo
de integração capitalista europeu.
O objectivo expresso da reforma é facilitar uma vigilância económica ainda mais apertada
sobre os Estados, por parte das instituições da UE e de quem as controla. Não sobre
todos os Estados. Como habitualmente, há os que são controlados e os que controlam.
São criados novos e reforçados constrangimentos a países como Portugal na condução
da sua política económica (8). Além da dimensão orçamental, à qual se passam a
associar objectivos explícitos de compressão da despesa primária do Estado, com
naturais impactos nas suas funções sociais, estes constrangimentos passam a abarcar
também as dimensões das «reformas» e dos «investimentos», que ficam sob o controlo
da UE. Os «vistos prévios» aos orçamentos – introduzidos pela «Governação
Económica» e pelo «Semestre Europeu» – passam, de alguma forma, a existir também
para os investimentos e para as reformas que os Estados pretendam fazer. Ou a ser
impostos pela UE, mesmo que contra a sua vontade. Se os critérios de Maastricht, quanto
à limitação do défice orçamental e da dívida pública, nas últimas décadas, foram
instrumentais na imposição do diktat neoliberal, os seus sucedâneos parecem servir para
consolidar relações de tipo neocolonial no seio da UE, que além de coarctarem qualquer
estratégia de desenvolvimento soberano dos Estados, põem em causa a própria
democracia, mesmo que entendida já só num plano meramente formal. Os órgãos de
soberania dos Estados são colocados sob o controlo de instituições supranacionais não
eleitas, que mais não são do que emanações do poder económico e das potências que
defendem os seus interesses.
Sob o espectro de uma nova crise
São cada vez mais as vozes que apontam a política monetária do Banco Central Europeu
(BCE) como elemento detonador de uma nova crise na UE e, em particular, na Zona Euro
(9).
O capital financeiro tem aversão aos juros baixos, assim como à inflação alta, factores
que limitam e transtornam a acumulação capitalista. Há muito que vinha verberando a
política monetária dita não convencional do BCE, de manutenção de juros baixos. A
subida da inflação constituiu o pretexto esperado, o tiro de partida, para uma trajectória de
aumento das taxas de juro, colocando os interesses do capital financeiro mais
directamente ao comando dos destinos da política monetária. Sublinhe-se que a subida
da inflação resultou de causas muito específicas – as perturbações nos mercados da
energia, das matérias-primas e dos alimentos, indissociáveis da pandemia, primeiro, e da
guerra e das sanções, depois. Razão pela qual a própria presidente do BCE, Christine
Lagarde, já admitiu que o efeito da subida nos juros na inflação será, por agora, diminuto.
Voltando às previsões económicas da CE, «é expectável que a política monetária
continue o seu caminho de aperto» ao longo de 2023. De resto, o próprio BCE já deixou
claro isto mesmo: os juros vão continuar a subir. Depois da «expansão quantitativa»,
temos o «aperto quantitativo». Após ter decidido terminar as aquisições líquidas de dívida
soberana ao abrigo do seu programa de compra de activos, o BCE subiu por três vezes
as taxas de juro directoras (10). Os efeitos já se fazem sentir, a vários níveis. Desde Julho
que os spreads dos títulos soberanos em relação aos títulos de dívida pública alemã
começaram a aumentar. Ou seja, os custos de financiamento de vários Estados, incluindo
do Estado Português, estão a aumentar, por enquanto pouco, mas aumentarão ainda
mais. Também os custos dos empréstimos concedidos às famílias e às empresas estão a
aumentar, esses mais significativamente. A CE reconhece a «grande perda no rendimento
disponível real das famílias», considerando que «deverá continuar nos próximos
trimestres». Reconhece, também, que o aumento do custo de vida está a «corroer
rapidamente o valor real das poupanças adicionais acumuladas durante a pandemia».
Mas esta política afecta mais uns do que outros. O mercado hipotecário da Zona Euro é
heterogéneo no que diz respeito ao tipo de taxa de juro associada – variável ou fixa. Em
vários países, nomeadamente do centro, como a França, Alemanha ou Holanda, a grande
maioria dos empréstimos concedidos às famílias tem taxa fixa. Mas noutros países,
nomeadamente da periferia da Zona Euro, com destaque para Portugal, a esmagadora
maioria dos empréstimos concedidos às famílias, com especial destaque para o crédito à
habitação, têm taxa de juro variável, o que implica que as subidas das taxas de juro
directoras se transmitam muito mais rapidamente nos empréstimos em Portugal do que
na maioria dos países da Zona Euro, traduzindo-se em significativos aumentos das
prestações mensais. O mesmo sucede com o crédito concedido às empresas. O espectro
da crise, como sempre, não paira sobre todos de igual forma.
É caso para dizer que, mais uma vez, se confirmam os limites e as perversões da
existência uma política monetária única para países em condições muito diferenciadas.
Uma política monetária que, sendo única, nunca se ajusta às necessidades, às
especificidades e aos interesses de países como Portugal, antes concorre, contra esses
interesses, para agravar dificuldades (11). É também por isto que Portugal precisa de se
libertar da moeda única, recuperando a sua soberania monetária; libertando-se de
decisões que não controla, contrárias aos seus interesses; libertando-se da chantagem,
ora do BCE, ora dos mercados financeiros, ou de ambos.
Entretanto, a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento
(UNCTAD), no seu relatório anual (12), alertou que as políticas monetária e orçamental
que têm vindo a ser adoptadas nos EUA, na UE e na generalidade dos países capitalistas
ocidentais, correm o risco de empurrar o mundo para uma recessão global e estagnação
prolongada. As rápidas subidas das taxas de juros e o aperto orçamental, combinando-se
em cascata com os efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia, já transformaram uma
desaceleração global em recessão, de aterragem previsivelmente pouco suave.
As contradições manifestam-se
Os EUA instigaram e alimentam uma guerra que travam por procuração na Europa, onde
são sentidos os seus maiores impactos – medidos em perda de vidas, sofrimento humano
e destruição económica. São os grandes beneficiários da evolução mais recente da
conjuntura internacional. Beneficiam das sanções impostas ao petróleo e ao gás russos,
exportando o gás que produzem para a Europa, depois de anos em que esta sua indústria
extractiva, na qual se fizeram vultuosíssimos investimentos, se confrontou com grandes
dificuldades e falências. Anos durante os quais, na Europa, a perspectiva foi a do
aumento – e não da redução, como agora – das quantidades de gás russo importadas.
Para isso mesmo foi projectado o gasoduto Nord Stream 2, ao qual o presidente dos EUA,
Joe Biden, numa situação humilhante para o Chanceler da Alemanha, Olaf Scholz,
passou uma certidão de óbito, afirmando que seriam os EUA a pôr fim ao projecto, caso a
Europa não o fizesse. Meses depois, várias explosões no Mar Báltico danificaram
seriamente o sistema Nord Stream, impedindo o abastecimento de gás através do
mesmo. Também o complexo militar-industrial dos EUA beneficia com a guerra e com a
corrida armamentista em curso. Estes são, digamos assim, benefícios mais óbvios e
directos. Mas os EUA procuram também tirar partido da situação actual para ganhar
vantagem relativa numa guerra mais ampla, de uma outra dimensão, em que é a China o
alvo principal e na qual os EUA procuram contrariar o processo de declínio relativo da sua
hegemonia no plano mundial. Os aliados da NATO e da UE são arrastados nesta cruzada,
numa posição de clara e crescente subordinação. Ainda que estes se comportem mais
como vassalos do que como aliados, a manifestação das contradições existentes no
campo imperialista é, porém, inevitável.
Sob pretexto do actual surto inflacionário, os EUA levam a cabo uma autêntica guerra
económica, que visa atrair actividade económica e capitais de outras paragens. A «Lei de
Redução da Inflação» prevê a atribuição de 400 mil milhões de dólares em subsídios para
fazer face aos custos da energia,
produção e transporte. Inclui provisões «make in America», que favorecem a produção
doméstica, face às importações. Nada de novo. Para as principais potências capitalistas,
que andaram nas últimas décadas a apregoar e a espalhar a doutrina neoliberal,
procurando impô-la a outros, fazendo uso de todo o seu peso político, económico,
diplomático e militar, assim como das suas estruturas de articulação no plano
internacional, o «proteccionismo» é um mal supremo. A menos, claro, que se trate do seu
próprio proteccionismo. A liberal «The Economist» (13) não poupa nas palavras: trata-se
de proteccionismo e intervencionismo estatal por parte dos EUA; e perante isto, com o
seu cândido apego às regras da Organização Mundial do Comércio e do «livre comércio»,
a UE não faz senão «figura de lorpa».
Há empresas europeias a reagirem aos subsídios com que lhes acenam dos EUA. A
Northvolt, uma premiada startup sueca de baterias, manifestou intenção de expandir a
produção nos EUA. A espanhola Iberdrola, do sector eléctrico, está a investir nos EUA o
dobro daquilo que investe na UE. A BASF, gigante alemã do sector químico, que alertou
vigorosamente para as consequências das perturbações nas importações de gás russo,
revelou recentemente que planeia reduzir as suas operações na Europa
«permanentemente» (14). Outra multinacional do sector químico, a Solvay, anunciou a
realização de novos investimentos nos EUA, em vez da UE. Os subsídios são justificados
pelo presidente dos EUA com a necessidade de investimentos «verdes» (os veículos
eléctricos correspondem a uma das áreas de aposta), que posicionem melhor os EUA na
luta contra as alterações climáticas – área em que as principais potências europeias há
muito vinham afirmando ambições próprias, para o que contam com a prolixa «agenda
verde» da UE. Ora, o confronto é evidente e inevitável. E é significativo que a presidente
da Comissão Europeia tenha recentemente usado esta mesma expressão – «confronto»,
ainda que para dizer que preferia a «cooperação» ao «confronto» (15) – para se referir ao
momento actual das relações UE-EUA.
A perspectiva de avanço da desindustrialização na UE é real, contrariando as
altissonantes proclamações em torno da necessidade de reindustrialização do continente,
feitas sobretudo durante e após a pandemia. A somar a isto, o inverno demográfico
parece atingir mais duramente a UE do que os EUA.
As reacções não se têm feito esperar. O ministro da economia da Alemanha acusou os
EUA de «aspirarem investimentos». O presidente francês, Emmanuel Macron, da França,
pediu «um despertar europeu». O comissário francês Thierry Breton (responsável pela
pasta do mercado interno) afirmou que «os EUA vendem-nos seu gás com um efeito
multiplicador de quatro quando este atravessa o Atlântico», acrescentando «claro que os
americanos são nossos aliados... mas quando algo está errado é necessário também
entre os aliados dizer isso» (16). O ministro francês da economia, Bruno Le Maire, acusou
os EUA de seguirem o caminho do «isolacionismo económico», instando a UE a replicar a
mesma abordagem, com o argumento de que «a Europa não deve ser a última dos
moicanos».
Alguns apontamentos finais
A deterioração da situação económica, social e política na UE é uma realidade. Presa no
seu labirinto, a UE integrou-se e integra-se activamente na política de confrontação e de
instigação da guerra promovida, desde há anos, pelos EUA e pelo seu braço armado, a
NATO. Mas, contraditoriamente, a UE aparece como vítima de uma guerra de que os EUA
são os principais beneficiários. O arrastar da situação – em que a UE parece apostada,
fechando portas a qualquer perspectiva de solução política para o conflito – tenderá a
tornar mais visíveis e a agravar estas contradições. Entretanto, os centros de comando do
processo de integração capitalista europeu parecem dispostos a empreender uma fuga
em frente.
A natureza neoliberal do processo de integração capitalista europeu confirma-se e
acentua-se, o que é visível numa multiplicidade de frentes – da política monetária à
modificação das regras orçamentais e de «governação económica»; do mercado único às
opções no domínio da política ambiental; dos investimentos, incluindo no tocante ao uso
dos fundos da UE, às ditas reformas estruturais. As desigualdades aprofundam-se, entre
estados e dentro de cada Estado. O pendor federalista da UE também se acentua, sendo
condição para melhor impor o aprofundamento neoliberal, com a concentração de mais
poder nas instâncias supranacionais, controladas pelas principais potências. Ao mesmo
tempo, a vertente militarista da UE desenvolve-se de forma impetuosa. Segundo o vice-
presidente da CE, Josep Borrel, a UE forneceu, até ao momento, cerca de 8 mil milhões
de euros em material militar para a Ucrânia. Os compromissos nacionais de incremento
de despesas militares, muito para lá do razoável e admissível, mais ainda em países que
enfrentam dificuldades no plano económico e social, são postos ao serviço desta deriva
militarista.
Acentua-se o carácter reaccionário da UE e das suas políticas. Os desenvolvimento em
curso comportam ameaças à própria democracia: o incremento da política de sanções, as
teorias do inimigo interno, a tentativa de imposição de um pensamento único, a prática de
censura, a reescrita da história, o anti-comunismo e o branqueamento do fascismo são
aspectos marcantes da evolução da situação na UE, que tendem a adquirir presença mais
estrutural nas suas políticas e orientações.
Neste contexto, adquirem uma assinalável actualidade e importância as seguintes linhas
colhidas do Programa do PCP: «A situação criada por esta evolução torna indispensável
uma política que se desenvolva em seis direcções principais e interligadas: defender
sempre firmemente os interesses portugueses, designadamente nas instituições
europeias, combatendo decisões que os prejudiquem; minimizar com medidas concretas
os condicionalismos e consequências negativas da integração; lutar contra as imposições
supranacionais e as limitações à democracia e à vontade dos povos; reclamar e utilizar a
favor do progresso de Portugal e do bem-estar dos portugueses todos os meios, recursos
e possibilidades; agir especificamente e em articulação com os trabalhadores e os povos
de outros países para romper com o processo de integração capitalista europeu e
promover uma Europa de paz e cooperação baseada em Estados livres, soberanos e
iguais em direitos; lutar por um desenvolvimento soberano de acordo com os interesses
nacionais dos trabalhadores e do povo, cuja concretização deve prevalecer face a
condicionamentos ou constrangimentos, assumindo as exigências, caminhos e opções
que a situação coloque como necessários» (17).
Notas
(1) Autumn 2022 Economic Forecast: The EU economy at a turning point (europa.eu)
(2) The Economist, November 26th-3rd December, pág. 13.
(3) A integração europeia – um projecto imperialista. António Avelãs Nunes, 2022.
Edições «Avante!».
(4) AMECO Online - AMECO Online (Current Version 2022-11-11 11:00) | Pasta - Qlik
Sense (europa.eu)
(5) The Economist, November 26th-3rd December, pág. 22.
(6) com_2022_583_1_en.pdf (europa.eu)
(7) Microsoft Word - SGPpaper.docx (bmwk.de)
(8) Quadro de «governação económica» da União Europeia: promessas de flexibilidade
resultam em constrangimentos reforçados! | Partido Comunista Português (pcp.pt)
(9) Entre outros: Eles têm um plano | Setenta e Quatro
(10) Monetary policy decisions (europa.eu)
(11) Deputados do PCP no PE contestam nova subida das taxas de juro pelo BCE |
Partido ComunistaPortuguês.
(12) Trade and Development Report 2022 | UNCTAD
(13) The Economist, November 26th-3rd December, pág. 13.
(14) BASF seeks 'permanent? Cost cuts at European operations | Reuters
(15) Antecipando uma guerra económica com os EUA, Bruxelas pede «cooperação» |
AbrilAbril
(16) Europe accuses US of profiting from war – POLITIC0
(17) Programa e Estatutos do Partido Comunista Português «Uma democracia avançada,
os valores de Abril no futuro de Portugal», 2013. Edições «Avante!».
Programa_e_estatutos_PCP_aprovados_xix_congresso.pdf
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