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10 de janeiro de 2023

É a Balança Comercial, senhores...“comentadores”

 Pois, e não são rosas… São 30,3 mil milhões de euros entre novembro de 2021 e outubro de 2022, (Boletim Mensal de Estatística - novembro de 2022) 2,5 mil milhões por mês, uma taxa de cobertura das exportações de 71,7%.

Mas ninguém fala nisto nos media. É caso para dizer: os que falam não sabem (ou não querem saber) e os que sabem não falam (não os deixam falar…).

Mas será que um défice desta ordem não é importante para os senhores “comentadores” e para os debates a fingir que são democráticos, excluindo os que não se integram dentro da “ordem” neoliberal e nas “regras” ditadas de Washington e dos seus lóbis.

Enquanto nos dizem que o país se “moderniza” – oferecendo-se barato às transnacionais, condição sine qua non – com digitalização, “revolução industrial”, energias verdes, e tudo o mais que Bruxelas ordenar, só em produtos agrícolas e alimentares o défice num ano atinge 5,5 mil milhões de euros. Mas em crescendo, extrapolando os últimos 7 meses vai para os 6,3 mil milhões num ano.

Existe algum plano para colmatar este buraco? Que horror, planeamento económico! Na Constituição está bem explicito o planeamento económico pelo Estado. Porém, já lá diz a direita “moderada” que para fazer as “reformas” não é preciso mudar a Constituição.

Alguém se lembra do que nos diziam quando entrámos para a “Europa” (Em que raio de continente estávamos então?!) dos 500 milhões de consumidores – que deviam estar todos à espera dos nossos produtos agrícolas e industriais? Como se dizia dantes: ó patego olha o balão… E aqui chegámos, com a função da “comunicação social” distrair (com os tais casos e casinhos...), não informar ou desinformar.

A estagnação económica é um facto desde a entrada no euro. Assim, tendo como base 100 o ano de 2015, o índice de produção industrial (incluindo energia, extrativas, água, vapor, etc.) era em outubro de 2022: 97,0; na indústria transformadora fundamental para o aumento de produtividade, crescimento e competitividade: 96,4.

Eis o resultado de anos de políticas de direita, com a direta e extrema direita a considerarem só haver condições para o que dizem ser crescimento, suprimindo ainda mais direitos laborais, leia-se maiores desigualdades.

Claro que os combustíveis aumentaram, o défice atinge num ano 11,6 mil milhões de euros; o de produtos químicos 7 mil milhões. Mas isto é outra má escolha, a de obedecer às sanções contra a Rússia.

Podem dizer que são consequências da guerra na Ucrânia. Mas as guerras têm a sua história, que se iniciou em 2014, e mesmo pré-história, com a expansão da NATO para Leste. "Uma guerra desnecessária e totalmente evitável" como consta do Apelo de Veteranos dos EUA para o fim da guerra na Ucrânia.

Uma série de papalvos nos media falavam na "bomba atómica das sanções". Podiam ao menos olhar para o mapa o político e o geológico da Rússia antes de falarem. A Europa do "ocidente", na absurda vassalagem aos EUA, que só pode interessar à oligarquia financeira, está a autodestruir-se. Os propagandistas – ditos "especialistas" – asseguravam que sem o "ocidente" a indústria russa, incluindo a petrolífera, não poderia sobreviver. Mas a indústria russa está em pleno numa estratégia bem conseguida de substituição de importações, enquanto no "ocidente" se vive em recessão e a contestação social cresce.

De acordo com o Financial Times, o caos político em curso e os resultados das sanções promovem a tendência de desindustrialização no Reino Unido. Os altos custos de energia são agora um fator importante para tornar a fabricação britânica não competitiva. A produção industrial da Alemanha nos setores químico e farmacêutico intensivos em energia caiu mais de15% em 2022 até novembro. Empresas indústriais foram fechadas e provavelmente não reabrirão… Como se vê estamos bem integrados na "Europa"...

É cada vez mais evidente a necessidade de uma política patriótica e de esquerda que cumpra de facto a Constituição, não aderindo a blocos militares e pondo em prática o planeamento económico democrático.

Ver: https://resistir.info/v_carvalho/planeamento_1.html https://resistir.info/v_carvalho/planeamento_2.html

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