Das redes sociais , dois textos
1 Benditos reguladores que ganham uma pipa de massa " para não serem tentados pelos regulados "
Vodafone, MEO e NOS
Aumentam as tarifas no mesmo valor, 7.8%
2 DAVOS: FORUM DO ENTRETENIMENTO MUNDIAL!
...E o autismo é de tal ordem que temos de ouvir a anglo-germânica Ursula Von der Lata gabar-se que a EU “aplicou as mais fortes sanções, fazendo o regime de Moscovo enfrentar 10 anos de regressão económica e falta de tecnologias críticas na sua indústria. Mas, afinal, de que mundo fala ela? Estará a Europa, por si governada por procuração passada por Washington, em condições de se gabar de tal coisa."
É
de rebentar a rir até não podermos mais! Já passei a fase do choro, da
raiva e da depressão. Desta feita, a estratégia a utilizar só pode ser a
da ridicularização.
Não
sei o que é mais ridículo, se o tempo de antena que a imprensa
corporativa do atlântico norte dá ao Fórum Económico Mundial, que de
“mundial” tem muito pouco, não passando de uma feira das vaidades da
vassalagem mais rica do império, ou se, o facto de desfilarem notícias,
comentadores da ordem e eloquentes conclusões sobre as “preocupações” e
“soluções” manifestadas pela aristocracia bilionária e seus capatazes.
Ao mesmo tempo, tentam fazer-nos acreditar que uma gente que vive
absolutamente à margem das dificuldades do comum dos mortais e da
esmagadora maioria da humanidade, quer, de facto, salvar o mundo. É de
doidos!
Ouvir o
milionário John Kerry, do clã Clinton, ex-candidato a presidente dizer
“é o que somos”, a propósito de poderem ridicularizar o facto de gente
como ele querer um mundo melhor, salvar o planeta, entre outros
objectivos nada consonantes com a sua prática política; Mario Centeno
(ex chefe do Eurogrupo) dizer qualquer coisa como, afinal “isto
(referindo-se à economia) pode não correr assim tão mal”; o mentor
Schwab dizer que Davos tem “um espírito positivo”… É melhor do que
assistir aos melhores filmes dos Monty Pyton. Uma comédia sem fim,
regada com vinhos, whiskys (será que podem comer caviar?) que custam
mais do que um trabalhador médio ganha num ano.
Uma
das questões fundamentais, jamais colocadas pelos mesmos órgãos que nos
querem fazer acreditar nos nobres objectivos de Davos, consiste em
perguntar “afinal, para que humanidade se dirigem as reflexões desta
gente”? É que, partindo dos temas que ocupam a agenda da edição deste
ano e da lista de “convidados” e principais oradores, imediatamente
percebemos que a “humanidade” a que se dirigem, não é a mesma que povoa
este imenso planeta, mas apenas uma minúscula parcela.
O
conflito no leste europeu dominou a maioria das intervenções. Ora,
acreditar que, para a maioria da humanidade esse conflito tem
importância, é viver numa bolha fechada e absolutamente opaca. Uma
rápida busca pelos principais órgãos de comunicação dos países do sul
global (85% da humanidade) e todos percebemos que o conflito em causa
não apenas não está nas prioridades do dia, como nem sequer das do ano.
Simplesmente, quase não se fala do assunto e quando se fala, nem sempre o
fazem em termos que agradem à elite que domina as nossas vidas e que
nos condena, todos os dias, a uma vida pior.
Os
“iluminados” que falam em Davos, falam por quem, afinal? Em jactos
pessoais ou institucionais, que poluem numa viagem o que um automóvel de
um trabalhador polui em anos, a Davos, vão os representantes, capatazes
(CEO, CFO, CTO…) daquela percentagem de seres “excepcionais” que se
apropriaram de 63% da riqueza produzida desde 2000, em plena pandemia de
Covid, enquanto os salários dos trabalhadores europeus estão estagnados
há 20 anos e os dos americanos há 50. E é a Oxfam, financiada em parte
pela NED (o que quer dizer CIA), que o vem dizer, no seu último
relatório. É também a mesma Oxfam que vem dizer que 50% da riqueza está
concentrada nas mãos desse 1% da população. Os tais que adoram Davos.
E
o autismo é de tal ordem que temos de ouvir a anglo-germânica Ursula
Von der Lata gabar-se que a EU “aplicou as mais fortes sanções, fazendo o
regime de Moscovo enfrentar 10 anos de regressão económica e falta de
tecnologias críticas na sua indústria. Mas, afinal, de que mundo fala
ela? Estará a Europa, por si governada por procuração passada por
Washington, em condições de se gabar de tal coisa. Estará a situação
económica da europa melhor do que a do país que ela acusa de ter pela
frente “10 anos de retrocesso económico”? Esse país que, apesar das
piores sanções da história do imperialismo, teve apenas uma quebra de
2,1% do PIB e uma inflação e 11%, prevendo para o ano crescimento e uma
inflação de 3 a 4%. Estará a EU em condições de poder regozijar-se com
tal realidade? Afinal, como está a economia da EU?
Não
estará a indústria da EU, por causa das sanções arquitectadas pelos
seus mestres, a enfrentar insolvências e deslocalizações? Não está a
Alemanha a colocar empresas em Lay-off para poder fazer face à falta de
gás e aos elevadíssimos preços que, por causa das suas políticas,
triplicaram? Não estará a inflação da EU a galopar, o desemprego a
aumentar e a economia a retrair-se? Não estará isto tudo a acontecer
quando a EU sanciona, ao invés de ser sancionada? Não representará, esta
realidade, um falhanço total das acções da comissão europeia na
protecção do seu espaço? Para país mais sancionado da história, não
poderá o maior país do mundo regozijar-se, por oposição, não apenas pela
capacidade de resistir ao maior ataque económico e militar desde a
segunda guerra, mas, e apesar disso, conseguir diversificar mercados,
fornecedores e até aumentar a produção em áreas chave? O que diz isto de
uns e outros?
Poderá um
europeu médio, nos dias de hoje, dizer que nada mudou nas suas vidas,
nos últimos anos, como nós vimos acontecer com transeuntes entrevistados
nas ruas de moscovo, no programa de Tucker Carlson? Deveria dar que
pensar. E o que diz isto de Ursula e das suas gentes? Do seu autismo,
arrogância, autocracia e falso triunfalismo?
Diz
Úrsula que “existem nações a observar com muita atenção o conflito” e
que “não se pode permitir que achem que podem invadir quando quiserem”, e
por isso, qual louca a lembrar o papel de Jack Nicholson em “Voando
sobre um ninho de cucos”, “tem de ser punida”! Afinal de que nações
fala? Não serão nações que, ao contrário das suas, nunca invadiram
qualquer país, pelo menos nos últimos séculos? E como se arroga ela de
um qualquer direito universal a punir nações inteiras? Afinal, quais são
as nações que invadem a seu bel prazer, se não as que a suportam? Eis o
caricato da questão: é que ela parece mesmo acreditar nas suas próprias
mentiras! E isso é trágico, porque por muito louca que a achemos, ela,
uma corrupta empedernida, contra a qual estão investigações em curso do
próprio tribunal de contas europeu, manda nas nossas vidas, fazendo-o
sem qualquer escrutínio ou avaliação!
Ficasse
o discurso por aqui e já não seria mau. Mas quando vamos para o
dualismo maniqueísta das “democracias” contra as “autocracias”, está
tudo arrumado. Eu gostaria de saber qual foi o processo de consulta
utilizado para o povo europeu se pronunciar sobre a necessidade de
embarcarmos nesta guerra – sim, porque somos parte desta guerra – e de
nos sujeitarmos ao ricochete das sanções, trocando uma dependência de
gás barato, por uma de gás três vezes mais caro e de pior qualidade.
Alguém colocou esta questão aos povos? Se pretendiam pagar mais caras as
suas casas, energia, alimentação e outros bens essenciais, como
resultado da guerra económica movida? Ou, ao contrário, o que é
veiculado na Imprensa corporativa do atlântico norte, não será que isto
tudo acontece “por causa da guerra”, nunca expondo quais os mecanismos
através dos quais a “guerra” nos afecta?
Será
democracia, uma elite, tomar todas as decisões, para mais uma elite não
eleita, baseando-se na manipulação que faz através de órgãos de
comunicação totalmente arregimentados, incapazes de uma mensagem
dissonante e, mesmo quando a apresentam, logo a enquadram com o
necessário comentador que tem a função de “explicar” ao público
espectador como a enquadrar na narrativa oficial fornecida?
Como
podem admirar-se, os poderes instituídos, da enorme crise que os grupos
económicos que exploram a actividade de imprensa atravessam? Em
Portugal, desde 2017, os principais grupos deram 191 milhões de euros em
prejuízos. Porque será?
Imaginem
um qualquer trabalhador, ou estudante, abaixo dos 50 anos, com estudos,
capacidade de pesquisa de informação, conhecimentos informáticos
suficientes para contornar os condicionamentos do google e outros
motores de busca da califórnia e uma rede de amigos, de todo o mundo,
com quem se relaciona em plataformas de comunicação. Esta pessoa,
habituada a receber, procurar e pesquisar a informação que pretende, ao
contrário do espectador tradicional acima dos 50 que se habituou apenas a
receber, seja através da TV, da imprensa escrita ou das sugestões do
google e plataformas sociais da califórnia, que funcionam num circuito
fechado em conexão com as primeiras, olha para notícias como “Moscovo
bombardeia central nuclear de zaporízia”, isto depois de os mesmos terem
noticiado que essas mesmas forças tinham controlado a central logo nos
primeiros dias da operação, ou “moscovo pode ter rebentado o
NordStream”.
Se formos
para outras áreas, somos confrontados com contradições como as que se
têm visto aquando das manifestações violentas no Irão, em que os porta
vozes atlantistas apoiam sem excepção, mas que, quando as manifestações
violentas acontecem na europa, nos EUA ou, em países nos quais perpetram
golpes institucionais, como o Peru ou a Bolívia, nesses casos condenam a
violência, apelando à “ordem democrática”. Isto já para não falar do
apagamento da Palestina, cuja repressão e genocídio acontece há mais de
70 anos, ou as guerras de agressão contra inúmeras nações, cujas
consequências devastadoras para as respectivas populações nunca são
apontadas como “crimes de guerra”.
Perante
tanto brincar com a nossa inteligência e tão descarada hipocrisia, não
admira a crescente desconfiança na imprensa corporativa do atlântico
norte e a sua identificação como braço armado comunicacional da elite
autocrática e neofeudal da classe rentista que se formou com a
financeirização da actividade económica mundial.
Mas
o circo de Davos significa muito mais. Quem olhar atentamente, não
deixa de identificar a desgraça da vida de muitos que aí desfilam.
Fernando Haddad, ministro de Lula, disse em Davos, numa mensagem muito
pouco velada aos seus interlocutores a norte da américa, que o Brasil
pretende adiar a conferência dos BRICS de 2024 para 2025, pois, segundo
as suas palavras, como têm de organizar o G20, não querem fazer
coincidir dois eventos desta magnitude num mesmo ano. Esta posição
levantou suspeitas entre alguns parceiros BRIC, sobretudo, após o que
sucedeu em 8 de Janeiro no seu país e após o mais que certo envolvimento
das agências de segurança imperiais na sua organização e financiamento.
Para muitos, o 8 de Janeiro, foi um sério aviso a Lula: “ou te
alinhas”; ou “descarrilas de vez”. Pouco dado a comédias como as de
Davos, a casa branca passa as suas mensagens através de actos sempre
caracterizados por enorme contundência: “é só estalar os dedos e já
foste”!
Esta acção de
Haddad mostra bem o que é Davos realmente. Um desfile de prestação de
juramentos vassalagem, mesmo que envergonhados e habilidosos, aos
poderes de facto, em oposição frontal aos crescentes espaços de
verdadeira cooperação internacional, despidos do tradicional dividir
para reinar do imperialismo ocidental, como é o caso dos BRICS. Como em
qualquer cerimónia de juramento real, há sempre que contar com os
tradicionais e imprescindíveis bobos da corte. Afinal, quem, no meio de
tanta miséria, nos faria ri, senão as Ursulas deste mundo? Não obstante,
esta acção de Haddad, não deixa de nos trazer uma certa sensação de
negritude… E não é de humor negro! É que a sujeição de muitos quadros do
PT à doutrina identitária neoliberal, que celebra a liberdade
individual enquanto oprime a colectiva, o que, por sua vez, impede a
primeira… Não tem nada de engraçado. É uma tragédia para a américa
latina.
Daí que a grande
ironia que Davos nos traz, e que quem o noticia é incapaz de nos contar,
é que, em Davos, programa-se, não a “salvação do mundo” e muito menos a
sua libertação, mas a sua continuada e renovada submissão aos
interesses que até aqui o trouxeram.
Davos
é como um qualquer circo… Como em qualquer circo, no meio de todo o
espectáculo, é na parte dos palhaços que mais rimos, e é também nesta
que melhor percebemos o que o circo é! Entretenimento!
O
entretenimento esconde as condições nefastas em que o circo opera! E
quem melhor do que os palhaços, para o disfarçar perante as crianças?
Eis Davos no seu esplendor!
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