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5 de setembro de 2024

As mil e uma noites

 Facebook de Carlos Coutinho


NINGUÉM imaginaria que, no século XXI, uma das mais populares histórias de “As Mil e Uma Noites”, compilada 1 200 anos antes, sob o título “Ali Babá e os 40 Ladrões”, haveria de sofrer o brutal efeito da deflação moral em curso (DMC), passando a intitular-se “Coelho e os Quatro Ladrões”. 

É, pelo menos, o que se depreende das notícias sobre a venda da TAP, em 2015, no âmbito da imensa DMC, quando o trio Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque e Pinto Luz (primeiro-ministro, ministra das Finanças e secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações), às carrapitas de Sérgio Monteiro, secretário de Estado das Obras Públicas, venderam a TAP a dois empresários geniais, do estilo Alfredo da Silva e António Champalimaud. Foram eles os famosos David Neeleman e Humberto Pedrosa, impolutos mercadores que deram uns trocos à Avianca e a Miguel Pais do Amaral que generosamente os ajudaram a pagar a compra com dinheiro debitado à empresa abocanhada, por obra e graça de um traficante de alto gabarito, o tal Sérgio, que tudo cozinhou à medida dos apetites de Sócrates e da troica.
   Só que, o Governo está nas mãos alcatroadas do PSD e do CDS e só agora a Inspeção-Geral de Finanças descobriu a marosca e entregou o caso ao Ministério Público. Isto, sabendo-se como há terrenos pantanosos em que Montenegro, Nuno Melo e Pedro Passos Coelho – e mesmo António Costa! – se entendem bem. Portanto, não é garantido que se faça justiça, porque até a Assembleia da República já foi metida ao barulho e aí nem sempre a maioria dos votos corresponde à maioria da razão.
   Assim vai a Pátria que, naturalmente, não difere muito da União Europeia com a sua Úrsula, arguida por corrupção na Alemanha, e a nossa Maria Luís já na sacristia, à espera de entrar para o bando. 

       Ei-los a assinar os termos do esbulho, com o ministro Pires de Lima como assistente de operações. São Maria Luís, Neeleman e Pedrosa. Dispensaram Monteiro da Missa de Aleluia, bastando-lhes uma sacristana e dois meninos do coro destinados ao anonimato
Um anexo

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