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9 de setembro de 2024

Uma ilha chamada Europa - 1

O deslocamento das placas tectónicas geopolíticas criaram uma ilha designada "Europa", formada pela UE/NATO. Trata-se de uma ilha económica que as sanções ajudaram a constituir, uma ilha militar pelas guerras que não são capazes de vencer nem sabem como terminar, uma ilha geopolítica porque grande parte do mundo se afastou da sua propaganda e objetivos incoerentes, sem pontos de contacto com o real e incapazes de entenderem o que são interesses mútuos.

Exemplo desta inconsciência foi o triunfalismo da "bomba atómica das sanções" que poriam a Rússia de joelhos em seis meses e levaria ao seu isolamento internacional, tudo isto repetidamente propalado por "comentadores" que por aí continuam. Agora enquanto a ilha europeia rapa no fundo dos cofres para aguentar a Ucrânia e outras iniciativas dos EUA, a China e a Rússia vão alinhando a seu lado o resto do mundo, o chamado Sul Global que se afasta dos EUA e da UE/NATO.

As sanções à Rússia foram ignoradas por países que representam cerca de 70% da população do globo. Bastava este facto, para na "Europa" se alterar o caminho da arrogância e estupidez de acharem que podiam dar ordens à "comunidade internacional".

O isolamento da Rússia foi outro fracasso ocidental, em vez disso o que se verifica é o sucesso das várias organizações em que a Rússia participa e de Fóruns internacionais que promove, como o Fórum Económico Internacional de São Petersburgo, 2024, com a presença de 150 delegações de 130 países; o Festival Mundial da Juventude em Sirius (Rússia) teve mais de 20 000 participantes de 188 países; o Fórum Económico Internacional "Rússia - Mundo Islâmico" em Kazan, tendo o volume de comercio da Rússia com os países da Organização de Cooperação Islâmica aumentado 30% em 2023.

Em 3 de julho, realizou-se em Astana a cimeira da Organização de Xangai (OCX), atualmente com nove Estados-membros - Rússia, China, Cazaquistão, República do Quirguistão, Tajiquistão, Usbequistão, Índia, Paquistão e Irão, três Estados observadores e 14 parceiros de diálogo. A influência global da OCX está a crescer através dos seus objetivos económicos e também políticos "promovendo uma nova ordem internacional política e económica democrática e justa", isto é, o fim do mundo unipolar liderado pelos EUA a consolidação do mundo multipolar liderado pela China e pela Rússia.

Os estados da OCX cobrem cerca de 80% da massa terrestre Euroasiática e têm uma população de mais de 3,5 mil milhões de pessoas, com uma participação de 25% no PIB global; no seu conjunto os estados da OCX possuem 25% das reservas mundiais de petróleo e 44% do gás natural. Porém, os seus objetivos não são apenas económicos, estão também ligados à segurança mútua e estabilidade política (leia-se: contra "revoluções coloridas"). Uma Estrutura Regional Antiterrorista coordena os esforços dos membros no combate ao terrorismo, separatismo e extremismo nos níveis regional e global.

Enquanto na UE/NATO a estagnação económica se torna crónica, na Rússia, apesar das sanções ou graças a elas, pondo em prática um processo coordenado e inteligente de substituição de importações e relações económicas internacionais, segundo o Banco Mundial, é uma das cinco maiores economias globais em termos de paridade de poder de compra (PPC), o crescimento da renda disponível real entre a população foi em 2023 estimado em 5,4%.

A presença UE/NATO e mesmo dos EUA, já deixou de ser dominante em África. Para além da Aliança do Sahel outros países alinham com a Rússia por razões económicas ou para combater o separatismo e o extremismo islâmico. O Fórum de Cooperação China-África com a participação de líderes de mais de 50 estados africanos, apresentou um “plano de ação para cooperação abrangendo troca de conhecimento, industrialização, conectividade, vínculos comerciais e segurança”, bem como o compromisso de Pequim de um investimento de 50 mil milhões de dólares para implementar projetos de desenvolvimento. 

A UE/NATO, dada a insuficiência de recursos naturais, designadamente os mais necessários às tecnologias mais avançadas, conseguiu a proeza de aplicar sanções aos seus mais favoráveis fornecedores como a Rússia, alinhar em conflitos comerciais com a China, destruir países como a Líbia e alinhar no caos das políticas do Médio Oriente. Nesta inconsciência criou ou alinhou em conflitos na sua vizinhança, fragilizou as suas linhas de abastecimento. Uma questão pertinente a colocar aos belicistas e russófobos: que combustível iria a UE/NATO utilizar em caso de guerra?

Também nestes casos as políticas da "ilha" revelam-se como a do "rei vai nu"...

Fonte de dados e informações: Geopolítica ao vivo – Telegram


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