Adrien Bocquet, antigo militar e desportista, autor de uma autobiografia que comoveu a França (Lève-toi et marche !), ofereceu-se nos primeiros dias da guerra para prestar apoio médico aos civis e militares ucranianos em zonas de combate. Após semanas na frente, regressou chocado a França e concedeu ontem o seu testemunho sobre as exações cometidas pelo exército de Kiev, sobretudo pela milícia Azov.
Adrien Bocquet:
«Assumo plenamente o que digo. Fui testemunha de crimes de guerra e os
únicos crimes de guerra com os quais fui confrontado foram perpetrados
por militares ucranianos e não por militares russos. (...) Ao regressar a
França, fiquei extremamente chocado ao confrontar aquilo que me foi
dado ver com a versão que por cá domina a comunicação social. É
abominável. (...) Quanto aos militares Azov, estão por todo o lado, até
em Lviv, fardados e com aquele símbolo neo-nazi no camuflado. O que me
choca é que a Europa oferece armamento a militares neo-nazis, com um
símbolo nazi inspirado nas antigas SS. Estão por todo o lado e não
levantam qualquer problema para os europeus. Quando lhes prestei apoio
médico, e como falo ucraniano e russo, ouvi as conversas sobre como
matar e esmagar judeus e negros. Depois, num hangar, assisti à chegada
de prisioneiros russos manietados por cordas que chegavam em grupos de
três ou quatro em pequenas furgonetas. Cada prisioneiro que saía da
carrinha era de imediato alvejado no joelho com um tiro de Kalashnikov.
Tenho filmes e poderei disponibilizá-los. Se os prisioneiros se
identificassem como oficiais ou sargentos, eram de imediato abatidos com
um tiro na cabeça. (...) Até lhe posso dizer algo de muito mais grave:
parte dos bombardeamentos sobre zonas civis, sobretudo em Bucha, foram
executados pelos morteiros ucranianos. Mas não só, pois em Lviv, onde
estava por ocasião dos bombardeamentos russos aos depósitos de armamento
acabado de chegar da Europa, verifiquei que todo esse armamento havia
sido colocado em edifícios civis habitados, em zonas residenciais e sem
que os moradores de tal tivessem conhecimento. A isso chamo servir-se
das populações como escudos humanos. (...) Quanto a Bucha, o que posso
dizer é que foi um espectáculo. Os cadáveres foram ali colocados para
que as imagens fossem feitas.»
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