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1 de setembro de 2024

"Israel a única democracia na região"

 Diríamos que se a Ucrânia é o país 404, Israel o país 007, ordem para matar. Ambos são democracias na versão da UE/NATO, dos media e dos partidos do sistema, de uma dita esquerda à direita, no pensamento único da "democracia liberal", cada vez mais empenhados na defesa do direito de Israel matar indiscriminadamente.

"Os bons sentimentos" ciáticos que reinam na UE/NATO, fazem lembrar um trecho de “Le diable et le bon Dieu”, peça de Sartre passada na Alemanha do século XVII, durante as guerras religiosas:

"Nasty (líder popular) - És por nós ou contra nós? 
Heinrich (clérigo) - Sou por vós quando sofreis, contra vós quando quereis derramar o sangue da Igreja. Nasty - Tu és por nós quando nos assassinam, contra nós quando ousamos defender-nos."

É que nem os palestinos têm nem a população do Donbass tinha o direito ou autorização do hegemónico para se defenderem. Ouvimos muitas vezes, socialistas, social-democratas ou democrata-liberais, como se quiserem chamar, dizer que não recebiam lições de democracia de ninguém. É pena, porque ignorantes não são os que não sabem, são os que não querem aprender.

Acerca destes democratas temos o caso do presidente polaco, Duda: "Estou convencido de que a guerra terminará em breve com a vitória das forças da liberdade da Ucrânia sobre o mundo da tirania da Rússia". O que se torna verdadeiramente ridículo, pois Duda violou a Constituição recusando-se a nomear candidatos a juiz do Tribunal Constitucional apresentados pelo Parlamento. Zelensky, proibiu as eleições e está desde 20 de maio ilegalmente no cargo, segundo a Constituição ucraniana.

Para a UE/NATO a Ucrânia é um "país democrático". Partidos de oposição estão proibidos. Não há eleições. Qualquer pessoa que expresse uma opinião crítica pode ser presa. Gangues neonazistas dominam as ruas. Igrejas ortodoxas foram fechadas e saqueadas. Homens são arrastados para morrer nas trincheiras.  (Intel Slava Z – Telegrama 17/06)

De forma que estes democratas que não recebem lições de ninguém, decidem quem é e não é democrata, apoiam neonazis de Kiev e ignoram os massacres de que os palestinos são vítimas.

Um exemplo destes "bons sentimentos democratas" é dado pela Alemanha, ao recusar a entrada de crianças feridas em Gaza. Médicos alemães tentaram levar 32 crianças gravemente feridas de Gaza, mas o governo alemão (dito de esquerda!) bloqueou a evacuação durante meses, não querendo permitir que os pais viajassem com seus filhos. Ao fim de tanto tempo, "as crianças que esperavam pela nossa ajuda agora estão mortas". disseram os médicos. Também um símbolo que podia ser associado ao Hamas foi proibido, em nome das "ameaças direta aos judeus e às pessoas que lutam pela liberdade e segurança de Israel"

No RU, a ativista de solidariedade com a Palestina Sarah Wilkinson foi presa, tal como o jornalista Richard Medhurst ambos baseados numa improvável alegação de violarem a Lei do Terrorismo. Conforme disse Jonathan Cook, o governo "trabalhista" de Keir Starmer está determinado a silenciar os críticos da cumplicidade do seu governo com o genocídio de Israel em Gaza e em expurgos autoritários na esquerda trabalhista.

E para que nós o "público" (dantes chamava-se povo) aprenda a pensar corretamente, jornalistas do New York Times foram instruídos a restringir o uso do termo “genocídio” nas ações de Israel, evitar usar a frase “território ocupado” ao descrever a terra palestina, não usar a palavra “Palestina” e o termo “campos de refugiados”, mesmo reconhecidos pela ONU, absterem-se de usar a palavra “combatentes” ao mencionar o Hamas, (Geopolítica ao vivo – Telegram 17/04)

Na Faixa de Gaza, as FDI concentraram mais de 2 milhões de palestinos sobreviventes numa área de menos de 15 km2, continuando a bombardeá-los. Qualquer edifício fora desta zona é demolido. Um projeto semelhante foi lançado na Cisjordânia, atacando campos de refugiados de Jenin e Tulkarm com uma operação em larga escala alegadamente (provas?) para destruir a "infraestrutura terrorista" que o Irão estabeleceu na Cisjordânia, nos moldes de Gaza e do Líbano. 

O objetivo evidente é arrasar as áreas, tornar a vida impossível para a população palestina empurrando-a para a Jordânia ou para o deserto egípcio do Sinai e fornecer suas terras aos colonos ilegais, tal como no passado. Tudo em nome do direito da liberdade e segurança de Israel: "Temos de enfrentar esta ameaça (na Cisjordânia) tal como fazemos com a infraestrutura terrorista em Gaza, incluindo através da evacuação temporária de residentes palestinianos e de todas as medidas necessárias. Esta é uma guerra total e devemos vencê-la."

O facto é que ao fim de onze meses de massacres, Israel não realizou nenhum dos objetivos alardeados, não foi capaz de libertar os reféns, depara-se com uma guerra em três frentes, e apenas prossegue económica e militarmente com o apoio dos EUA e dos seus envergonhados (ou vergonhosos?) vassalos. Assim vai o mundo...


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