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7 de fevereiro de 2024

A farsa liberal sem disfarces

 O prof, Michael Hudson é um dos maiores economistas atuais. Nem um livro seu está publicado em Portugal. Seria interessante saber quantos economistas, alunos, mestres, etc., conhecem os seus textos. É simplesmente ignorado porque as suas análises são demolidoras relativamente ao liberalismo atual, o neoliberalismo. Um recente texto, com a prof. Radhika Desai, “A dívida é o que faz o mundo girar” (1), mostra o caráter económica e socialmente destrutivo do liberalismo. A ignorância sobre estas questões e autores deixa as iniciativas liberais e extrema-direita à solta. É o triunfo da manipulação mediática.

O texto mostra como a economia liberal não passa de uma fraude, de que os EUA são exemplo. Não são os produtores, trabalhadores, PM empresários, mas sim os rentistas que beneficiam deste tipo de economia, pela alquimia da financeirização e dos juros. A preponderância do setor financeiro conduz à crise. Nos EUA a montanha de dívidas atual é para a federal devida à redução de impostos para os mais ricos e às guerras, para as famílias devida à falta de prestações sociais e baixos salários, enquanto as empresas também sufocam com os juros elevados. Assim, enquanto a finança (mesmo a fraudulenta) enriquece, a estabilidade económica é ameaçada bem como o próprio sistema do dólar.

O objetivo é garantir que os bancos ganhem apesar de sufocarem a economia. Devido aos cortes nas prestações sociais, as pessoas precisam pedir dinheiro emprestado para pagar determinados procedimentos médicos. Tudo isto mostra que sob o neoliberalismo, são as pessoas comuns, os trabalhadores, os pobres que ficam realmente enganados.

Os preços dos imóveis subiram tanto, o preço dos alugueres é tão alto que um dos subprodutos disso é o aumento do número dos sem abrigo. As pessoas não têm dinheiro suficiente para comprar bens e serviços, e os padrões de vida diminuíram. Vivemos num plano de austeridade crescente, como no Terceiro Mundo." "Os bancos basicamente, assumiram o controle do FED. Este é o ideal liberal de uma economia planeada pelos bancos. Quando o liberalismo pretende tirar os governos do mercado e não terem défice, significa que o governo irá cortar impostos e irá cortar despesas. Significa que todo o crédito de que as pessoas e a economia precisam, será produzido pelos bancos.”

O próprio governo foi privatizado. É o que o neoliberalismo, significa: liberdade para os bancos e sistema de dívida para a população em geral. É uma espécie de economia de apartheid financeiro: 10% da população possui mais de 75% das ações e títulos da população.

"Há monopólio da habitação, da educação e da riqueza no topo da pirâmide económica, o resto da economia está essencialmente privado de direitos. Isto é também o resultado de mudanças na estrutura tributária. No sistema fiscal dos EUA, os rendimentos provenientes de juros e rendas são tratados de forma muito mais branda, muito mais favorável do que os rendimentos do trabalho."

"Isto leva-nos à teoria do valor. Na economia clássica mercado livre era um mercado livre de rendas. A renda não é obtida pelo trabalho, e a maioria das pessoas não conhece a teoria do valor-trabalho, em se baseiam as teses de Ricardo e de Marx. No neoliberalismo a riqueza é obtida pelos juros, pela especulação ou por ter um monopólio. Grande parte da inflação é inflação pelos lucros monopolistas em que empresas simplesmente decidem, vamos aumentar o preço."

Os governos representam os seus contribuintes de campanha [os mais ricos]. Os departamentos militares e estaduais no Senado e no Congresso são subsidiados e pagos pelo complexo industrial militar, os departamentos de saúde pelas empresas farmacêuticas, e assim por diante. São parte do problema que fez da América uma economia falida.”

A empáfia liberal alardeia eficiência económica, a realidade é muito diferente: apenas conduz a crises constantes e empobrecimento: Nos EUA “isto criou uma economia que é muito pouco dinâmica, não é muito eficiente, mas, ao mesmo tempo, é muito lucrativa para aqueles que a possuem, o que coloca um fardo adicional sobre os americanos comuns. Portanto, se pensarmos em quão enorme é o desperdício que protege os interesses da pequena minoria dos muito ricos, temos uma ideia até que ponto as autoridades se esforçam para proteger a riqueza desta minoria.”

50% dos americanos não possuem quaisquer bens, mas têm grandes dívidas. Os grandes empresários que têm dívidas não pagam multas. Se uma família tem dívidas no cartão de crédito, se perder um pagamento da conta de luz ou de outro serviço, a taxa sobe de 19% para 30% ou mais. Não é o caso, para as pessoas ricas, há um conjunto de taxas de juros e penalidades para a generalidade da população, outro conjunto para 1 a 10% da população mais rica. É o apartheid financeiro.”

1 – Texto completo a ser publicado em Resistir.info

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