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22 de fevereiro de 2024

Os planos dos EUA garantem fracassos em série...

 Afinal os EUA têm um plano para a Palestina! Mas cuidado, os planos dos EUA – com o “ocidente” a reboque – só funcionam bem nos filmes de Hollywood, no real são um fracasso. O Washington Post reporta que os EUA e “vários países árabes” (?) esperam apresentar um plano para a paz entre Israel e os palestinos, incluindo um “prazo” para estabelecer um Estado Palestino desmilitarizado e provisório, mas sem delinear ou especificar as suas fronteiras”. Para a Resistência palestina, “um ‘Estado’ palestino provisório, desmilitarizado e futuro, sem fronteiras delineadas ou especificadas, não é um Estado, é como uma reserva para índios ou "bantustão" (território segregado para negros na África do Sul e na atual Namíbia sob administração sul-africana).

Tal como as conferências de paz para a Ucrânia, sem incluir a Rússia e que apenas serviam para pedir mais dinheiro para o clã de Kiev, neste não se preocuparam em ouvir as partes em confronto, assim as improbabilidades são simplesmente ignoradas.

Israel já disse que não aceitava “estabelecer um Estado terrorista” ao lado de Israel, a maioria absoluta dos israelitas opõem-se à ideia [de um Estado Palestino]”. Note-se que cerca de 700 mil colonos foram instalados na Cisjordânia precisamente para bloquear qualquer Estado Palestino.

Quando há duas décadas, um Estado Palestino era uma perspetiva real, o ocidente, ignorou-o. Hoje, Israel moveu-se muito para a direita e está dominada por uma paixão escatológica para estabelecer Israel em toda a “Terra de Israel” bíblica. Os EUA e a Europa são os únicos culpados pelo dilema em que se encontram agora e posições como a deste “plano” apenas causam danos estratégicos dificilmente calculáveis aos EUA e aos europeus submissos.

Portanto, a situação é que nem sequer há garantia, de um cessar-fogo em Gaza, como parte de um acordo abrangente sobre reféns/fim da guerra, nem que Israel consiga derrotar o Hamas ou cumprir seus compromissos por exemplo em Rafah. Além disto, a esquizofrenia dos “estrategas” de Washington parece não terem em conta o que se passa na fronteira Norte e o crescente conflito com as forças do Hezbollah. Quem as vai obrigar a retirar da fronteira? Claro que Israel ameaça atacar as cidades do Líbano – mais vítimas civis – mas tal como os seus patrocinadores americanos, não têm em conta as consequências nem o potencial de bélico do Hezbollah, que já no passado derrotou as tropas israelitas.

Desde o ataque do Hamas a Israel, em 07 de outubro, todos os estratagemas nos quais os EUA e súbditos se apoiaram, falharam. A operação militar limitada em Gaza transformou-se numa tempestade regional. Os porta-aviões enviados como dissuasão sobre o Irão e aliados, falharam com os Houthis continuando os ataques; as bases dos EUA no Iraque e na Síria continuam a ser atacadas, apesar das ações dos EUA de resposta.

Netanyahu ignora Biden e desafia o mundo representado na ONU. Está à vontade, nem uma sanção e quanto a críticas apenas lágrimas de crocodilo de alguns “comentadores” e da direita, envergonhados por não darem total apoio a um protegido de Washington. Agora Israel prepara-se para atacar Rafah. Os palestinos que tentavam sobreviver em Gaza foram mandados por Israel para irem para Rafah, onde estariam “seguros”, mas era uma mentira, começaram depois a bombardear e a disparar contra civis, mesmo quando tentavam render-se e também a destruir infraestruturas como hospitais e escolas para tornar a área inabitável.

Os franco-atiradores do exército juntaram-se, disparando sobre médicos e pacientes dentro do edifício e no terreno para forçar o Hospital Nasser a evacuar e encerrar, invadindo o hospital supostamente em busca de “reféns”. Agora, Netanyahu anunciou que a invasão terrestre de Rafah começará em breve, apesar dos palestinos encurralados, a passarem fome devido ao bloqueio israelense à ajuda humanitária, não têm para onde ir e muitos mais milhares morrerão de uma forma ou de outra.

O “exército mais moral do mundo” de Israel entrou no negócio do entretenimento. Começou a convidar grupos de civis israelitas para centros de detenção e prisões com prisioneiros palestinos da Cisjordânia e de Gaza. Os civis podem observar os detidos nus, e rir e zombar enquanto os homens são espancados, humilhados e torturados, os espectadores também podem filmar o que está acontecendo nos seus próprios telemóveis para partilhar com os seus amigos e familiares. (IDF torture of Palestinian prisoners is turned into entertainment for Israeli viewers (euromedmonitor.org)

É difícil dizer como estarão as coisas na região daqui a alguns meses. Entramos num período de colapso e violência, à medida que as forças que destroem o velho status quo se reforçam mutuamente.

Segundo texto do ex-diplomata britânico Alastair Crooke

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