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24 de fevereiro de 2024

Israel e as “regras da ordem internacional”

 Dizia Macron que “permitir que a Rússia vença significa expor-se ao risco de que as regras estabelecidas da ordem internacional deixem de ser respeitadas.” Maria Zakharova do Min. dos Negócios Estrangeiros Russo, respondeu-lhe: “Se Macron tiver uma cópia das 'regras' mencionadas, por favor partilhe. Quanto à vitória, não depende da “permissão” de Macron ou de qualquer outra pessoa - a Rússia fará o que disse". (Geopolítica ao vivo – Telegram 17/01)

Já tínhamos visto o cumprimento das regras pelo clã de Kiev não cumprindo os acordos de Minsk e retirando-se dos acordos de paz em abril de 2022. Também, cumprindo as “regras” a prática de prisões arbitrárias e tortura é corrente pelos seus serviços de segurança (SBU) desde o início do regime, culminando recentemente com a morte do jornalista cidadão dos EUA, Gonzalo Lira, em janeiro de 2024 depois de torturado nas masmorras do SBU, por publicar textos críticos sobre Zelensky. Os media telecomandados ignoraram o facto.

Israel está a apresentar-nos uma versão ainda mais aprimorada dessas regras, em que governantes falam sobre matar os “animais” palestinos, sejam crianças, mulheres, idosos, enfermos, pessoal médico. Que estão em conformidade com as “regras” parece não haver dúvidas já que nem sequer foi aplicada uma sanção a uma pessoa.

Ao que parece dentro das “regras” prepara-se para uma operação “poderosa contra Rafah. Os palestinos foram expulsos do norte dizendo-lhes estarem em segurança no sul (Rafah), agora ameaçam com um ataque dizendo-lhes para abandonarem o território. Ora eles não têm para onde ir, isto é, ou genocídio ou limpeza étnica.

Este nítido perder de cabeça, que nos lembra os nazistas, mostra não só que o Hamas não foi derrotado como têm pela frente uma guerra que não podem vencer, apesar das suas bombas nucleares. A norte o Hezbollah atacou o QG do comando regional das FDI, que em retaliação, atacou aldeias no sul do Líbano matando 11 pessoas, incluindo seis crianças.

Diz: Nasrallah, líder do Hezbollah: Israel’ deve preparar abrigos, para abrigar dois milhões de colonos que serão evacuados do norte da Palestina, [se Israel expandir a zona de guerra].” “Estamos empenhados em combater Israel até que este saia do mapa. Israel forte é perigoso para o Líbano; mas um Israel dissuadido, derrotado e exausto, representa um perigo menor para o Líbano”. “O interesse nacional do Líbano, dos palestinos e do mundo árabe é que Israel saia derrotada desta batalha: estamos comprometidos com a derrota de Israel”.

O Secretário da Defesa de Israel, Gallant, espera que a guerra no Líbano continue, mas avisa: “Podemos atacar não só a 20 km [da fronteira], mas a 50, em Beirute e em qualquer outro lugar”. Entretanto Israel colocou no Norte três divisões militares.

Nos EUA, existe um amplo sector cristão que adota a mesma leitura da Bíblia que os fundamentalistas israelitas: a antiga Palestina pertence aos israelitas porque assim está escrito na Bíblia. Assim os colonatos israelitas ilegais na Cisjordânia, deixam de o ser tal como a anexação israelita dos Montes Golã da Síria, tal como o genocídio ou expulsão de palestinos. Será que a Bíblia permite as que crianças outros civis inocentes palestinos sejam mortos e mutilados?

Para onde iria o mundo se cada nação decidisse pautar a sua política interna e externa impondo aos outros a sua interpretação do que considera “livro sagrado”? Será que as tais “regras” incluem esta visão? A UE/NATO fazem o papel de fantoches dançando ao sabor de quem define como melhor entende as “regras”. É que tem pela frente crises a que não é capaz de dar resposta. Os Houthis não se intimidaram com os porta-aviões e navios dos EUA e NATO, o movimento marítimo na zona caiu para metade e os ataques prosseguem: as forças navais das Forças Armadas iemenitas em 19-2-2024 atacaram os navios norte-americanos "Sea Champion" e "Navis Fortuna" no Golfo de Áden e afundaram o navio britânico "RUBYMAR", e derrubaram objeto aéreo americano "MQ9" na província de Hodeidah.

Afirmaram também o seu pleno direito de tomar novas medidas militares no Mar Vermelho e Árabe em defesa do seu povo e do país e em apoio ao povo palestiniano As operações serão intensificadas e não cessarão até que a agressão cesse e o cerco ao povo palestiniano seja levantado em Gaza.

Israel, enfrentam um declínio significativo na atividade económica devido à guerra. Cerca de 58 mil milhões de dólares foram utilizados para as despesas de guerra” (Geopolítica ao vivo – Telegram 21/01O PIB contraiu 19,4% durante os últimos três meses de 2023. Além dos custos da guerra a economia israelita cai devido à evacuação em massa de colonos das partes norte e sul do país, uma queda no investimento estrangeiro e no turismo, escassez de mão de obra devido à mobilização de centenas de milhares de reservistas e ao embargo no Mar Vermelho. (Geopolítica ao vivo – Telegram 19/01)

Os EUA e a UE/NATO têm portanto mais uma guerra para pagar, assim consta das “regras” e está escrito na Bíblia. Sabiam?

Ver: A Política Externa norte-americana parece não ter para onde ir

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