Os crentes do "atlantismo" estão desorientados. Não concebem que os EUA já não possam fazer o que bem entendam sem que os confrontem com leis internacionais, tenham de cumprir compromissos assumidos e que quem discorde dos seus atos possa reagir. O mundo dos "atlantistas" parece desmoronar-se na ausência do deus ex machina. Nunca lhes passou pela cabeça que ao fim de dois anos e dos "comentadeiros" terem várias vezes derrotado a Rússia, estivessem na situação atual.
Não concebem que não compete aos EUA dirigirem o mundo. Assim, temos três guerras pela frente: na Europa, no Médio Oriente, no Extremo Oriente sobre Taiwan, que se transformariam numa única, a 3ª Guerra Mundial.
A Rússia contestar a expansão da NATO para a Ucrânia e outros países do Leste e Nórdicos, não são os EUA faltarem a compromissos, mas um ditador russo querer tirar a liberdade a outros países, como se a liberdade de uns não terminasse onde começa a liberdade dos outros ou, neste caso, a sua segurança.
Os objetivos de derrotar a Rússia no plano económico, militar, político-social, falharam. As sanções prejudicam sobretudo a UE/NATO. Porém, o extremo da insanidade é continuar a querer derrotar militarmente um país com as capacidades tecnológicas e abundância de recursos alimentares, minerais e energéticos da Rússia - e cerca de 4 500 ogivas nucleares...
As guerras estão a destruir as economias e a credibilidade do ocidente. O comportamento dos EUA e UE/NATO na Ucrânia e relativamente a Israel, levaram a que os mais diversos países se aproximassem da Rússia e da China. A ordem unipolar colapsou, substituída por organizações com base no consenso e equilíbrio de interesses como BRICS, OCX, UEEA que desenvolvem processos de integração global, enquanto o FMI e o Banco Mundial mantêm os países empobrecidos e endividados.
O objetivo de isolar a Rússia foi outra derrota do ocidente. As reuniões internacionais promovidas pela Rússia têm tido ampla participação, como as reuniões do Clube Internacional de Valdai; o Festival Mundial da Juventude, com mais de 20 000 participantes de 188 países; o Fórum Económico Internacional de São Petersburgo 2024, com 21 300 participantes de 139 países, sendo assinados mais de 980 acordos, num valor superior a 72 mil milhões de dólares (Geopolítica ao vivo – Telegram 08/06); a Reunião Internacional de Altos Representantes para questões de segurança; o Fórum Económico Internacional “Rússia – Mundo Islâmico 2024”, confirmou a ligação da Rússia à Organização de Cooperação Islâmica, cujo comércio mutuo aumentou 30% em 2023. Em África, uma onda de sentimento anti-imperialista difunde-se, rejeitado a influência ocidental.
Os países BRICS+ tomam consciência do seu potencial económico e recursos e da forma de se libertarem do neocolonialismo. Dezenas de países desejam aderir aos BRICS, à OCX ou à UEEA vendo o potencial da China e da Rússia. Neste contexto foi criado um sistema de pagamentos internacional alternativo ao SWIFT, tornando a estabilidade financeira independente do ocidente.
O mundo unipolar já não existe, mas a multipolaridade como a Rússia e a China têm definido também não está instituída globalmente. O que existe são dois blocos em confronto, em que o ex-hegemónico procura congregar aliados, reagrupar oligarquias, com os habituais métodos de dividir para reinar e propaganda maniqueísta gerando antagonismos.
Quando Putin diz que não há lugar no mundo para exclusividade e segregação de ninguém, que enfrentamos a tarefa de construir um novo mundo ou que os problemas globais da humanidade exigem soluções coletivas e que o egoísmo e a presunção levarão a um beco sem saída, no ocidente não querem ouvir, mas o resto do mundo está atento à multipolaridade construída com base no direito internacional e na Carta da ONU, como a China e a Rússia expuseram na sua recente declaração conjunta.
Os EUA perderam a hegemonia: a desdolarização está em curso; a China impôs sanções a várias empresas dos EUA pela venda de armas a Taiwan; o primeiro-ministro da Geórgia diz que o país tomou o caminho da luta contra o fascismo liberal, financiado pelo estrangeiro (Intel Slava Z – Telegrama 11/07); para o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, "o embaixador americano terá de aceitar que a Eslováquia já não é uma colónia americana", prometendo tomar medidas para a Eslováquia ter relações normais com a Rússia. Bem, foi baleado... ( Geopolítica ao vivo – Telegram 11/01)
A visita do primeiro-ministro indiano Modi a Moscovo, (no mesmo dia que na cimeira a NATO "prometia" derrotar a Rússia!) reforçou os laços entre os dois países, e representa outra derrota do mundo unipolar. Agora o objetivo de russo é fazer reuniões a três: China, Índia, Rússia.
A multipolaridade deveria ser um tema central dos partidos que se assumem de esquerda, porque só na paz o desenvolvimento, a justiça social, a não discriminação, o progresso podem ser alcançados. Porém, muitos colocam-se à margem desta questão adotando posições aceitáveis pela UE/NATO. Por isso é urgente o esclarecimento - claro que, "só a verdade é revolucionária"!
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