REFLEXÕES SOBRE A DEMOCRACIA NA AMÉRICA
Agostinho Lopes
EUA, uma democracia onde não há oposição
REGRAS E COMPLEXIDADE DO SISTEMA ELEITORAL
A
perversão da democracia norte-americana não fica só pela intervenção do
poder aquisitivo dos dólares, que assim a transforma numa oligarquia.
A
complexidade do sistema eleitoral, referida em artigo anterior, é em si
mesma, uma condicionante negativa de uma qualquer eleição. Como pode o
cidadão votar em própria, livre e boa consciência se não sabe ou
percebe, de forma clara, directa, imediata, poderíamos dizer como uma
evidência, as consequências directas do seu voto, do seu acto, escolha
eleitoral?
Mas depois o
sistema eleitoral nos EUA para a Presidência da República apresenta
outras incongruências. Como sabemos Donald Trump pode perder as eleições
contra Kamala Harris, e ainda assim ser o próximo Presidente. Não
parece muito democrático mas são as regras.
Resultado
de um sistema eleitoral em que o partido que vence no sufrágio
universal pode perder as eleições no Colégio Eleitoral –porque são os
delegados eleitos dos Estados que fazem a segunda volta que decidem – e
pior ainda, em função, unicamente, do resultado de alguns poucos Estados
ditos “swing” (1).
Como
aliás tinha dito o insuspeito Jorge Miranda aquando das eleições de
2020 comentando as eleições de 2016 (“Um sistema eleitoral, um país em
crise”, Público, 16NOV20): “Sendo indireta a eleição, compreende-se bem a
consideração estado a estado, por se estar numa federação (….) O que
não se compreende vem a ser a representação maioritária por estados, que
levou a que Hillary Clinton tivesse tido mais três milhões de votos que
Donald Trump e não tivesse sido eleita. (…) Está aí uma evidente e
profunda crise da democracia e uma crise do próprio sistema
constitucional dos Estados Unidos e da própria comunidade política.
”Mas
é necessário juntar outros elementos da “idiosincrasia eleitoral” dos
EUA. Como há muito acontece com a gestão do recenseamento, a definição
da localização e horário das mesas de voto e o desenho dos círculos
eleitorais sob o poder e tutela dos governadores e da maioria partidária
(republicana ou democrática) em cada Estado.
Escrevia-se
no Público em 14AGO21: “Nos EUA, desenhar um círculo eleitoral é uma
arte e uma questão de sobrevivência” num longo de artigo de Alexandre
Martins, em que se explicava como “Os dois grandes partidos usam os
dados dos censos para tentar ganhar eleições.”. E num importante artigo
“Salamandras, Expresso, 24OUT20”, Pedro Magalhães explicava com pormenor
as “habilidades” eleitorais das maiorias: “os partidos dominantes em
cada estado aprovam e aplicam regras eleitorais de acordo com a sua
conveniência.” “o número de horas e locais disponíveis para votar são
estrategicamente reduzidos nas zonas onde há eleitores que tenderão a
votar contra quem está no poder. E na ausência de recenseamento
automático e de cartões de identificação emitidos gratuitamente, as
exigências colocadas para que se possam recensear e votar acabam por
depender também daquilo que mais convém a quem manda. Quanto maiores os
requisitos de identificação dos eleitores, menor a participação dos mais
pobres e das minorias étnicas.”
“Depois
temos o desenho dos círculos eleitorais. Após cada recenseamento da
população é preciso determinar quantos representantes são eleitos em
cada estado e as novas fronteiras dos círculos eleitorais que vigorarão
durante a década seguinte.” “O resultado previsível é conhecido pelo
nome de gerrymandering (termo criado em 1812, em honra do Governador E.
Gerry, que desenhou um círculo eleitoral com a forma de uma
salamandra!).
Com a ajuda
de dados políticos e demográficos e sistemas de informação geográfica,
os partidos no poder conseguem fazer com que os eleitores do partido da
oposição sejam concentrados no menor número possível de círculos, ao
passo que quem governa tenha maiorias, mesmo que apertadas, no maior
número possível de círculos. O efeito pode ser estrondoso.” Ou seja, “O
resultado é que, de dez em dez anos, em vez de serem os eleitores a
escolherem os eleitos, são os que governam e os seus agentes políticos
que escolhem os seus eleitores.
”Outro
escrutínio obrigatório – até pelos problemas surgidos com a indigitação
de Biden e os sarilhos com a sua substituição – hoje é bem sabido como
foi resolvido – é o funcionamento do sistema partidário e dos seus dois
principais partidos, PartidoDemocrata (PD) e Partido Republicano (PR). O
que são? Quem os regula e/ou os tutela? Como funcionam? Para que
servem?
Mas certamente
que a primeira constatação é verificar a existência de um sistema
político apoiado apenas em dois partidos, mesmo que existam (e existem)
outros. Um sistema bipartidário em que apenas esses dois partidos
exercem e assumem posições de poder de candidatura e exercício de
mandatos, num regime de monopólio absoluto, numa rotatividade na
Presidência da República, nas maiorias do Congresso e da Câmara dos
Representantes, nos parlamentos, governos e governadores, dos Estados
federados.
Nas eleições
para a Presidência da República todo o aparelho político funciona como
se houvesse apenas dois candidatos. (2) O sistema consolidado ao longo
dos dois séculos de vida dos EUA, fixou as regras do seu complexo
mecanismo eleitoral (da Constituição 1787, praticamente inalterado desde
a fundação dos EUA, Jorge Miranda dixit), onde se destaca a forma
oligárquica do financiamento dos dois partidos e das suas campanhas
eleitorais, via doações dos grandes capitalistas do país! A que se junta
o suporte e influência dos principais e poderosos meios de comunicação
social e indústria cultural, sob posse/tutela de alguns desses
oligarcas, que vão do domínio das grandes tecnológicas, passando pelas
indústrias dos petróleos, até à indústria do armamento/complexo
indústrial-militar.
É
evidente que este sistema bipartidário cobre/absorve/embrulha de facto
um regime de“partido único” dada a evidente correspondência e semelhança
do projecto político, sistema de valores e princípios, para
suportar/preservar/dinamizar a forte estrutura de capital monopolista da
economia dos EUA, a sua supremacia imperial no mundo, a acumulação
capitalista e o poder das oligarquias.
A
luta, por vezes violenta (as mais das vezes nas palavras e agressões
verbais) como acontece nos dias de hoje entre os dois Partidos,
correspondendo a fracturas e contradições de interesses na classe
dominante e cavalgando fragmentações e estilhaçamentos económico,
social, ideológico, da sociedade norte-americana no quadro da crise do
sistema capitalista esituação de declínio do império, tende a ocultar a
sua identidade genética, convergente na defesa do sistema, mas assegura
uma camaleónica diferença para eleitor não ver que o animal é o mesmo.
Tal
sistema bipartidário é no mínimo o completo entorse democrático daquilo
que no dito Ocidente é apresentado em geral como um sistemapolítico
liberal – com diversos partidos, com projectos políticos distintos,
regido por regras e princípios definidos constitucionalmente e regulado
por entidades independentes.
Não
é de estranhar o peso desproporcionado na elaboração e formatação
política e ideológica que preenche o corpo doutrinário daqueles partidos
dos Grupos de Estudo/ThinkTank, as Fundação Soros, Ford, Rockfeller e
etc, grupos de pressão movimentados por lobbies empresariais e grupos
mediáticos, nomeadamente as Grandes Tecnológicas (ver por exemplo, os 40
milhões/mês de ElonMusk para Trump).
Inevitavelmente
que todo o sistema eleitoral e político dos EUA está hoje dominado,
tutelado e percorrido pelas corporações mediáticas e plataformas cuja
propriedade se distribui pelos oligarcas do sistema económico. Basta ver
a intensa intervenção eleitoral mediática e de “fação” a favor dos dois
partidos...
Mas depois
há certamente muitas outras interrogações e dúvidas sobre o seu
funcionamento: como são escolhidos os seus dirigentes? Quem comanda os
aparelhos partidários? Quais os seus estatutos? Como funcionam? Como se
seleccionam os candidatos? Quem os fiscaliza? Não se argumente com a
existência de umas ditas primárias que claramentetudo permitem a quem
domina os partidos. Basta lembrar as primárias nas eleições de 2016
entre Hillary Clinton e Bernie Sanders, e de como este foi “arrumado”
num processo tortuoso e nunca esclarecido pela direcção do PD!
Por
outro lado verificarmos a impotência total (pelo menos aparente) da
direcção do PD em afastar Biden após o debate com Trump, o que acabou
por ser resolvido pela intervenção dos “Doadores”! Ou importantes
decisões como a escolha/nomeação/indigitação dos Vice-Presidentes, por
escolha dos indigitados/nomeados Presidentes. Aparentemente, para quem
está à distância, os dois Partidos são apenas os instrumentos, as
escadas, para alcançar o poder, ser candidato com forte sustentação
financeira dos doadores! Segundo CFA (4), sem Partidos (o PD e o PR) não
há doadores!
No entanto
parece ser hoje manifesta a rejeição do bipartidarismo. Em diversos
estudos de opinião uma percentagem significativa de norte-americanos
gostariam que 3º candidato presidencial, além dos dois apresentados pelo
PR e PD. Um estudo da Reuters/IPSO de 25JAN24 indicava que “uma maioria
absoluta de americanos (52%) não está satisfeita com o sistema de dois
partidos e quer uma terceira escolha.” (3) E Gary LaFree (Prof.
Catedrático de Criminologia e Justiça Criminal da Universidade de
Maryland) em recente entrevista ao Público apontava o estrangulamento
pelo bipartidarismo do aparecimento de outros candidatos, como uma das
razões para a violência na sociedade americana. (5)
UM ESTADO DE DIREITO?
Outra
interrogação que inevitavelmente ressalta de todas estas informações e
comentários é que Estado de Direito são hoje os EUA?
A
simples observação de diversas vertentes da sua política interna e
externa, não precisa do actual sarrabulho eleitoral para a justificar.
Estamos num Estado de Direito democrático, ou seja um Estado limitado
pelo direito e o poder político estatal legitimado pelo povo, mas também
um Estado vinculado ao direito internacional, no respeito pelos
princípios da paz, da independência nacional, do direito dos povos à
autodeterminação, da igualdade entre os povos, da solução pacifica dos
conflitos e da não ingerência nos assuntos internos de outros Estados?
Um
Estado que mantém uma prisão política offshore como Guantánamo, onde
pratica a tortura, e onde impõe um completo vazio, ausência da
legalidade jurídica da sua própria Constituição, negando inclusive as
leis e princípios jurídicos que prevalecem no seu próprio território,
pode ser um Estado de Direito? Que Estado de Direito é este que não põe
cobro à violência civil, social, política, interna, legal (das suas
forças policiais e militarizadas como a Guarda Nacional) e ilegal face
às suas leis, praticamente desde a sua fundação e exercida sem qualquer
limite até aos dias de hoje?
Um
Estado onde a permissividade com o comércio e uso de todo o tipo de
armas e a existência de milícias armadas é total. A Ku Klux Klan não é
um mito! Que Estado de Direito é este onde a violência civil é uma
instituição e onde o Estado tudo parece fazer para a preservar!? O
atentado a Trump não foi uma excepcionalidade! “25% dos presidentes dos
EUA ou foram mortos ou feridos em tentativas de assassínio”.(5)
Que
dizer de um Estado de Direito face ao que veio a lume da situação no
Supremo Tribunal Federal (STF)? O que disse a Juíza Sónia Sotomayor que
votou contra a decisão da imunidade dos presidentes? “A (decisão) vai
contra um princípio fundacional da nossa Constituição e do nosso sistema
de governação segundo o qual ninguém está acima da lei”. Se o
Presidente “Organiza um golpe militar para se manterno poder? Está
imune? Aceita um suborno em troca de um perdão presidencial? Está
imune?”.
E textos
publicados em Portugal, perguntam se é possível falar de um Estado de
Direitoe da separação de poderes face aquela decisão do STF. Escreveu
LAC (6): “O principal legado do mandato anterior de Trump é uma maioria
reaccionária no Supremo Tribunal que tem exarado decisões que põem em
causa os Estados Unidos como uma sociedade decente ( e até como um
Estado de Direito, na verdade). Ainda esta semana saiu uma deliberação
do Supremo que reconhece uma imunidade criminal ao Presidente dos
Estados Unidos tão alargada que o torna praticamente inimputável.” Onde
está a tão clamada separação de poderes, separação do poder político do
poder judicial, e a independência do poder judicial, quando vemos uma
composição do STF completamente determinada pela Presidência da
República e uma escolha dos juízes segundo critérios que permitam
garantir fidelidade do STF aos interesses de quem os nomeou?
E
MJM (7) conclui que aquela decisão “por arrasto aumentando
dramaticamente a esfera de poder de qualquer presidente, faz temer o
estrangulamento da democracia americana em caso de nova administração
Trump (pergunta-se: só neste caso?).” E confessa “Quase soltamos
gargalhadas (amargas) por um dia termos considerado os Estados Unidos o
país dos mais apurados checks and balances.”! Quem mais vai amargamente
chorar com MJM os ditos e tão celebrados Checks and Balances como
expoente do equilíbrio democrático, factores de contrapoderes dos
diversos órgãos de soberania do Estado dos EUA??? Haverá muitos
certamente…
UMA FÁBULA DEMOCRÁTICA PARA FECHAR
Naturalmente
que qualquer leitura do “estado da democracia nos EUA”, mesmo nos
aspectos formais, direito e liberdade de voto, liberdade de formação de
partidos políticos e da sua igualdade perante a Lei, financiamento pelos
seus membros e simpatizantes, e/ou pública, capacidade de se
candidatar, liberdade de propaganda, transformação de votos em mandatos,
etc – (aqueles que constituem a cartilha dos cultores da “democracia
liberal”), precisa também de ser confrontada, reflectida, encaixada, nas
suas raízes e mazelas históricas, nas suas minorias étnicas
profundamente marginalizadas e descriminadas, numa sociedade de classes,
profundamente desigual, no acesso à cultura, manipulada por confissões
religiosas (se o Estado Federal aparece em teoria (às vezes não parece!)
como Estado laico, muitos são os Estados que são verdadeiramente
confessionais…)
Isto é,
não é possível, na análise da “democracia norte-americana” esquecer os
limites económicos, sociais, culturais e ideológicos da “democracia
burguesa” (outros chamar-lhe-ão “democracia liberal”!) e do
funcionamento dos seus órgãos e instituições do sistema democrático,
assentes numa sociedade de classes, dominada pelo capital, marcada por
profundas desigualdades económicas e sociais, transmitindo e
condicionando desigualdades e descriminações no acesso dos cidadãos e
cidadãs ao exercício das liberdades, direitos e garantias, nomeadamente
da capacidade de voto activa e passiva.
Depois
não é nunca possível esquecer o papel do dinheiro, particularmente
visível nas eleições norte-americanas, na corrupção, subversão e
distorção democrática dos actos eleitorais e o papel dos órgãos de
comunicação social dominantes e das centrais/agências de informação
(Thomson Reuter, Associated Press (AP), Agence France Press (AFP), EFE,
…) na manipulação passada e presente das massas eleitorais (os
comunistas, seus alvos, que o digam!).
Uma
conclusão inevitável : afinal quase toda a gente sabia e sabe do
“sistema obsoleto” a que se encontra reduzido “o modelo da democracia
liberal” dos EUA….Só que até ver, não tiram muitas ilações e lições
desse conhecimento!
Mas
verdadeiramente extraordinário depois disto tudo é lermos na comunicação
social a seguinte notícia de 03JUN24: “O Governo dos EUA anunciou hoje
que vai lançar um programa regional, que inclui Angola, de cerca de 10
milhões de dólares (9,3 milhõesde euros), para promover sistemas
pluripartidários representativos. Em comunicado, a Embaixada dos EUA em
Angola e São Tomé e Princípe afirma que o Programa de Apoio aos Partidos
Políticos para uma Democracia Resiliente e Inclusiva (PQPRID, sigla em
inglês), financiado pela Agência para o Desenvolvimento Internacional
(USAID), (Será uma variante da “National Endowment for Democracy,
NED,“Suporting Freedom Around the World” que semeia por todo o mundo
dinheiro para fazer brotar a democracia?) será lançado na quarta-feira,
em Luanda, e será implementado, em Angola, em parceria com o Governo e
com os partidos políticos com assento parlamentar.” Notável!
Mas
não seria melhor começarem pela própria casa? Uma democracia tão boa,
tão boa….que até se exporta com dumping, mesmo se as mais das vezes é
com botas cardadas e à bomba…
(1)
Explica José Pedro Teixeira Fernandes, “Caso se mantenham as tendências
de voto actuais, o próximo Presidente dos EUA será determinado pelo
desfecho eleitoral emsete estados da federação: Arizona, Carolina do
Norte, Geórgia, Michigan, Nevada,Pensilvânia e Wisconsin. (Em algumas
análises o número é alargado até 12.) Trata-se dos chamados “swing
states” ou, numa terminologia mais ou menos similar,“battleground
states”. Por outras palavras, são estados onde o voto pode ainda
oscilardecisivamente entre o Partido Democrata (…) e o Partido
Republicano (…) afectandoa composição do colégio eleitoral, ou seja, a
escolha do futuro Presidente.”, Público,25JUL24.
(2)
“De facto os partidos e candidatos que tentam concorrer com o regime
bipartidáriosão sistematicamente impedidos pelo aparelho eleitoral.
Poucos se conseguemqualificar para aparecer nos boletins de voto, cujos
critérios variam em cada estado. Assondagens dos media só mencionam os
nomes dos candidatos democrata e republicano– pouquíssimas vezes citam
um terceiro ou quarto candidato. A imprensa não noticiaas actividades
dos outros candidatos nem os entrevista. Para participar nos debates
organizados pela Comissão dos Debates Presidenciais o candidato precisa
de 15% dasintenções de voto nas sondagens (…). Toda o aparelho do regime
eleitoral norte-americano – fiscalização, justiça, instituições,
imprensa, (...) funciona como se houvesse apenas dois candidatos: o
democrata e o republicano.” Eduardo Vasco,Eleições nos EUA: uma
democracia que não permite oposição, Opera Mundi - Diálogos do Sul
Global, 13MAI24.
(3) Eduardo Vasco, Eleições nos EUA: uma democracia que não permite oposição,Opera Mundi -Diálogos do Sul Global, 13MAI24.
(4) Clara Ferreira Alves, Follow the Money, Revista do Expresso, 29OUT20.
(5) Gary LaFree, Entrevista, Público, 21JUL24.
(6) Luís Aguiar-Conraria, Uma sociedade demente, Expresso, 05JUL24.
(7)Maria João Marques, O pessimismo justifica-se, Público, 03JUL24.
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