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12 de julho de 2024

Os países da UE/NATO não têm voz independente

 A política nos países da UE/NATO resume-se a uma dita "alternância democrática" em que os partidos do sistema apoiam as mesmas políticas. Já houve quem lhe chamasse (dr. Mário Soares) "jogo democrático" com toda a propriedade, Na realidade trata-se de um jogo em que as regras são estabelecidas em Washington, mudando apenas as táticas, não muito diferentes que se alternam nos governos.

Como escreve o prof. Michael Hudson: as diferenças políticas entre os partidos centristas da Europa são marginais, todos apoiam o neoliberalismo, cortes nos gastos sociais, rigidez fiscal, comprometidos com a manutenção do status quo pró-EUA. Como exemplo, aponta MH, os conservadores britânicos neoliberais pró-guerra perderam para o Partido Trabalhista neoliberal pró-guerra.

Todos os partidos centristas em exercício perderam recentemente – e todos os seus líderes derrotados tinham políticas neoliberais pró-EUA semelhantes. O partido no poder adota políticas neoliberais; perde a eleição seguinte para rivais que, no poder, adotam políticas neoliberais. Eles então perdem, e o ciclo se repete.


Na realidade, a política europeia é controlada de Washington através da NATO e da CE colocando as economias em pé de guerra, inflação, dependência comercial dos Estados Unidos e défices resultantes das sanções contra a Rússia e a China.

As regras da zona do euro que limitam os défices orçamentais a 3% significam, na prática, a estagnação económica orientando as despesas para o rearmamento militar – 2% ou 3% do PIB, principalmente em armas dos EUA. Isso significa uma queda na taxa de câmbio do euro.

Isto não é centrista, comenta MH- Trata-se de austeridade de extrema-direita, de redução dos gastos laborais e sociais. A ideia de que o centrismo significa estabilidade e preserva o status quo é na realidade contraditória. O status quo político atual reduz salários, padrões de vida, contrai a economia.

As políticas de esquerda distinguiam-se por ser contra a guerra, mas os partidos de “centro-esquerda” da Europa seguem a liderança pró-guerra dos Estados Unidos, forçando os orçamentos nacionais a entrarem em défice e reduzindo ainda mais os programas de bem-estar social.

A NATO tornou-se uma aliança agressiva contra a Rússia e a China, de acordo com as tentativas dos EUA manterem o domínio geopolítico unipolar. As sanções contra a Rússia e a China não prejudicaram a Rússia, mas fortaleceram-na: agiram como um muro de proteção para sua própria agricultura e indústria, levando a um investimento de substituição de importações. As sanções prejudicaram a Europa, especialmente a Alemanha e levaram ao esvaziamento dos arsenais da UE/NATO enviando armas para a Ucrânia

Os países do BRICS+ expressam uma rutura com sistema ocidental. A Rússia, a China e outros países do BRICS trabalham para desfazer o legado da polarização económica, repleta de dívidas, que se espalhou em resultado das políticas EUA/NATO e FMI.

A chamada “ordem internacional baseada em regras”, afirma MH, é uma "ordem" em que os diplomatas dos EUA estabelecem e mudam as regras para refletir os interesses dos EUA, ignorando a lei internacional e exigindo que os seus aliados sigam a liderança dos EUA.

Apoiar o objetivo dos EUA de desmembrar a Rússia e, em seguida, fazer o mesmo com a China, envolve aderir à iniciativa neocon de tratá-los como inimigos. Isto significa, sanções que empobrecem os países europeus destruindo os vínculos económicos com a Rússia, a China e outros designados inimigos dos EUA.

O apoio à luta contra a Rússia (e agora também contra a China) acabou com o que era a base da prosperidade europeia e está acabando com a liderança industrial da Alemanha na Europa e seu apoio ao euro. Isso é realmente “centrista”? Trata-se de uma política de esquerda ou de direita?

Uma pressão semelhante está a ser feita para separar o comércio europeu da China, resultando numa crescente dependência em relação aos Estados Unidos relativamente ao que era comprado a menor custo. O enfraquecimento da posição do euro levou outros países e investidores estrangeiros a desfazerem-se das suas reservas em euros e libras, enfraquecendo ainda mais as moedas.

Os partidos ditos do “centro” não produzem estabilidade, mas sim retração económica à medida que a UE/NATO se torna um satélite da política dos EUA e do seu antagonismo relativamente às economias do BRICS.



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