Cuidado, andam a vender (pelo preço de votos) um produto falsificado. A “banha da cobra” era inofensiva, mas eles não. Vem do “reaganomics” e da aventureira fascizante sra. Tatacher. Se se quiser ver o resultado dos dogmas instituídos nesse sistema olhe-se para a economia real - produtiva - dos EUA e do RU, não para a fictícia, distorcida pela especulação financeira e endividamento, já não falando na degradação social.
Por cá, desde o PS (incluindo o designado “Livre”) à extrema-direita todos obedecem à “ordem baseada em regras” e à “democracia liberal” – eufemismo para “democracia oligárquica”, um oximoro – única permitida na UE/NATO. Ao ouvir o ministro das finanças do governo PSD+CDS repetir a decorada lição dos dogmas da religião liberal, como a baixa do IRC para “criar mais riqueza” (para quem?), é preciso dizer que a mercadoria está fora de prazo.
A tese do “pinga para baixo” (pinga?!): que os ricos sejam mais ricos, para que os pobres sejam menos pobres, é em si uma inqualificável hipocrisia cujos resultados foram e são crises económicas e sociais e obscenas desigualdades, demonstradas com números pela OXFAM e por Thomas Piketty.
Perante a miséria que o fascismo salazarista criara, em certa altura umas tarjetas apelavam à caridade: “que os ricos sejam menos ricos para que os pobres sejam menos pobres”. Repare-se no ponto de contacto entre o liberalismo/neoliberalismo e o fascismo: as funções sociais do Estado devem ser minimizadas ou mesmo tendencialmente anuladas. Tudo o que temos a fazer é enriquecer os mais ricos - para eles fazerem caridade...
A fraude teórica que os liberais debitam com óbvio fanatismo ou mero interesse material, foi desde logo demonstrada por relevantes economistas mesmo fora da área marxista. Raros foram traduzidos em Portugal – e não recentemente. A censura editorial existe, está ativa e como se diz do diabo, o seu maior êxito é convencer as pessoas que não existe. Olhe-se para o lixo que enxameia os escaparates.
Os que apregoam o liberalismo dão a ideia de não saberem bem do que falam ou então quererem enganar-nos com as virtudes da globalização neoliberal, isto é, o "capitalismo monopolista transnacional". P. Barnevick, ex-presidente da transnacional ABB, explica: “Eu definiria globalização como a liberdade para o meu grupo investir onde quiser, pelo tempo que quiser, produzir o que quiser, comprando e vendendo onde quiser, e tendo que suportar o mínimo possível de restrições em termos de direitos laborais e convenções sociais.” (Citação do dia 28/06/2024 em https://www.legrandsoir.info/)
A afirmação de Margaret Thatcher: “Não existe essa coisa de sociedade”, reflete a essência da liberdade do liberalismo/neoliberalismo, que procura reverter as conquistas dos trabalhadores por meio das suas lutas e do derramamento de sangue na Primeira e Segunda Guerra Mundiais. No entanto, a frase, extraordinária no seu radicalismo, revela-nos o neoliberalismo como uma pura negação da realidade. (…) O que a liberdade liberal significa é que cada um deve sustentar-se inteiramente por conta própria e não precisa de programas sociais. A ideia da “mão invisível” do mercado substituir as necessidades populares, baseia-se na exploração competitiva de muitos para os privilégios de poucos. (1)
A liberdade de escolha - bandeira dos liberais - é o sofisma para privatizar tudo o que pode dar lucro. Para o liberalismo, liberdade significa isolamento do cidadão comum, alienado em conceitos de “livre arbítrio”. Porém, “os homens enganam-se quando pensam ser livres e esta opinião consiste em serem ignorantes das causas pelas quais são determinados. (...) dizem que essas ações humanas dependem da vontade, mas tais palavras não correspondem a qualquer ideia concreta.” (Espinoza, Ética)
Enquanto é imposto um programa para satisfazer a oligarquia, é objetivo da propaganda mediática do neoliberalismo, que as pessoas ignorem as causas dos salários bloqueados, inflação, pensões reduzidas, pobreza crescente e fantasias de vitórias militares na Ucrânia, no Médio Oriente e contra a China.
É neste contexto de descalabro político, económico e social que aparecem autores criticado o sistema, como Emmanuel Todd no seu “La défaite de l'occident””, porém como Ramin Mazaheri destaca relativamente ao capítulo 4, Todd critica o neoliberalismo, defendendo o “antigo liberalismo” que era o bom! Esquecendo que o mercado capitalista foi construído com lucros de guerras imperialistas, salários de miséria, semiescravatura, ditaduras fantoches, etc.” (1)
Os antissocialistas acusam constantemente os erros no socialismo, mas inocentam totalmente os crimes dos liberalismo. Nisto mostram eficiência na defesa dos próprios interesses, é contra isto que o socialismo legisla. (1)
Todd pretende apresentar uma moral: “a revolução neoliberal, parece ser a simples libertação de um instinto de aquisição dissociado de toda moralidade. A palavra que me vem à mente é “ganância”. Todd escreve como se a ganância fosse algo novo! Aparentemente, nunca leu Zola, que há 150 anos descreveu a ganância incrivelmente desumana em França, ou estudou o imperialismo como fenómeno histórico. Saberá o que os belgas fizeram no Congo por dinheiro? (1) Como aliás todos os outros colonialistas nos seus territórios.
1 – https://raminmazaheri.substack.com/p/emmanuel-todd-on-the-uks-russophobia, por Ramin Mazaheri, autor e jornalista, principal correspondente da PressTV em Paris
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