Dizer que a causa do ataque “terrorista” do Hamas contra Israel, foi a proposta de tratado a ser assinado entre a Arábia Saudita e os EUA, com o estabelecimento de relações entre a Riad e Telavive, dá jeito e atribui o conflito às “ambições” do Irão. Porém, põe de lado 160 resoluções da ONU, vários tratados que Israel não cumpriu apoiada pelos EUA ou o bloqueio do "Quarteto" de mediadores: Rússia, EUA, UE e ONU. Porém, sobretudo décadas de brutal repressão sobre uma população vivendo à míngua num gueto em que a morte de palestinianos (mesmo crianças) era vista em segundos nos noticiários sem comentários. Eram todos terroristas e se não eram eles eram os pais ou maridos.
Para já a ação do Hamas bloqueou o processo para a Arábia Saudita normalizar relações com Israel: a Arábia Saudita responsabilizou Israel pelo que aconteceu devido às suas repetidas provocações e privação de direitos dos palestinianos.
Nas primeiras horas do dia 7, o Hamas a partir de Gaza atacou com mísseis o Sul e Centro de Israel e Telavive. As Forças de Defesa de Israel (FDI), por sua vez, retaliaram atingindo alvos na Faixa de Gaza e afirmaram lutar em vários locais do país, já que combatentes do Hamas estavam a invadir povoações, infiltrando-se por terra, mar e ar.
As Forças de Defesa de Israel foram surpreendidas e muitas tropas foram baleadas ou aprisionadas. O Hamas afirma controlar uma parte do território israelita, apesar dos esforços das FDI. O Hamas informou ter também destruído um tanque israelita.
No dia 8, o número de feridos e hospitalizados em Israel aumentou para 1 864 pessoas, com mais de 300 mortes relatadas, de acordo com o Ministério da Saúde local. O número de mortos na Faixa de Gaza subiu para 370, com 2 200 feridos, informou o Ministério da Saúde do enclave.
Pelo menos 20 000 pessoas em Gaza fugiram de suas casas devido aos bombardeamentos israelitas, de acordo com o organismo da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários. A situação também se agravou na fronteira entre Israel e o Líbano, onde as FDI lançaram ataques em resposta a bombardeamentos do Hezbollah.
O primeiro-ministro de Israel, Netanyahu, declarou o país em estado de guerra. Um representante das FDI reconhece que a guerra será difícil e dias difíceis estão para vir para Israel.
O comandante do Hamas, Mohammad Deif, por sua vez, afirmou que cerca de 5 000 mísseis já foram lançados contra Israel e que o grupo "decidiu dizer basta" a Israel. "Este é o dia da maior batalha para acabar com a última ocupação na Terra", disse Deif, referindo-se a Israel, à Cisjordânia e à Faixa de Gaza, onde os palestinos há muito tentam estabelecer um Estado.
O Hamas tem o apoio do Irão, e do grupo libanês Hezbollah, que elogiou a operação do Hamas como uma "resposta decisiva à ocupação contínua de Israel e uma mensagem para aqueles que buscam a normalização com Israel".
A ação mostra ter havido do Hamas uma intensa e cuidada preparação, e pela parte israelita uma falha dos seus serviços de informações e falhas militares operacionais. O Hamas conseguiu penetrar em povoações e cidades de Israel, provocar sérios danos e penetrar no sofisticado sistema antimíssil israelita. Entretanto moradores do sul e do centro de Israel e de Gaza foram deslocados para áreas protegidas.
Mostra também a inutilidade de dezenas de anos de ataques e repressão sobre a população palestina que atingiram o nível de crimes de guerra. O martirológio do povo da palestina dava um longo livro, recorde-se apenas os massacres de Sabra e Chatila. Ao fim de tudo isto Israel encontra-se em pior situação de segurança que há décadas. A Palestina tem o direito à segurança tanto como Israel. Dizer que o Hamas é “terrorista” nada adianta. O termo terrorista é utilizado ao sabor dos interesses. Também os resistentes antinazis eram considerados “terroristas” pela Gestapo e os SS.
Pelas palavras do professor Kobi Michael, do Instituto de Estudos de Segurança Nacional da Universidade de Telavive, ex-vice-diretor-geral do gabinete de assuntos palestinos do Ministério de Assuntos Estratégicos, a intenção de Israel é destruir o Hamas: "não será o que costumava ser antes, depois desta guerra". Quanto ao povo de Gaza, defendeu que eles pagariam "um preço muito alto" e que isso finalmente "pode ser uma oportunidade para a região remodelar a arquitetura regional".
Como há muitos que nada aprendem com a História, vão tentar repetir os mesmos erros e a confusão está instalada. Os EUA garantem apoio a Israel. A congressista Marjorie Taylor Greene diz que é preciso descobrir onde e como o Hamas conseguiu armas americanas do Afeganistão? Da Ucrânia?
Há que aguardar a evolução deste conflito para se vislumbrar uma conclusão. Entretanto, hoje decorrem negociações em Moscovo entre Lavrov e o secretário-geral da Liga Árabe.
Há também a questão dos preços do petróleo, e a UE vão mais uma vez fazer os seus cidadãos pagarem o preço das políticas irresponsáveis e autodestrutivas.
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