Desta vez é diferente. O exército israelita depois de décadas a realizar ações punitivas, por vezes contra adolescentes a atirarem pedras (intifada) agora defronta um exército que pretende arrasta-lo para confrontos onde perde vantagem.
Mas as complicações não ficam por aqui. Vejamos os países que manifestaram publicamente a sua posição. Apoiam Israel: EUA, RU, Canadá, França, Alemanha, Índia, Suíça, Geórgia e Ucrânia. Apoiam Palestina: Iraque, Irão, Qatar, Kuwait, Síria, Paquistão, Afeganistão. Neutralidade: Rússia, Egito, Turquia, Arábia Saudita.
O problema de Israel é que os seus apoiantes estão longe, desfalcados pela guerra da Ucrânia e os EUA não têm planos para enviar tropas Israel, informou a Casa Branca, enquanto os apoiantes da Palestina estão perto e alguns com elevado poder militar (Irão).
Israel demonstrou importantes fragilidades nesta guerra. A primeira foi a incapacidade de a prever. Outra a incapacidade do seu sistema de defesa aéreo deter a barragem de mísseis do Hamas. Israel encontra-se com falta de munições, tendo pedido aos EUA que reabasteçam o seu sistema de defesa aérea e outros equipamentos. Israel, a pedido dos EUA, forneceu do seu arsenal 300 000 munições para a Ucrânia. Do que resta só podem usar uma fração em Gaza, pois têm de prever o suficiente para uma eventual (ou previsível) guerra se países vizinhos intervierem.
A tendência para uma diminuição no fornecimento de armas a Kiev é inevitável, o dinheiro escasseia, novas necessidades surgem. Em que condições os EUA e a NATO vão poder fornecer material e dinheiro (Israel era o país que mais recebia ajuda dos EUA) para as duas guerras em curso?
Qassem (líder do Hamas) diz que “desta vez vamos até à vitória final. A ação do Hamas foi cuidadosamente preparada quanto ao momento em que os aliados de Israel estão verdadeiramente atulhados na Ucrânia. O objetivo de fazer o maior número possível de reféns civis, é uma forma de provocar Israel a invadir Gaza com infantaria, onde a maior parte de sua vantagem se perde, podendo o Hamas resistir com voluntários árabes numa cruel guerra urbana.
Israel tem portanto o dilema de intensificar os bombardeamentos com risco de matar os reféns, além do problema da disponibilidade de munições, que pela experiência na Ucrânia e não só, não derrotarão o Hamas, sendo necessário a intervenção da infantaria. Uma operação com muitos riscos para Israel em termos humanos num território semidestruído, muito difícil de controlar.
O Hamas disse dispor de 40 000 combatentes em Gaza, e que não pretendem negociar a questão dos prisioneiros enquanto os combates continuarem. Entretanto, continuaram a enviar mísseis para Israel, atacando o aeroporto Ben Gurion e as cidades de Ashdod, Ashkelon, Telavive e Sderot onde deflagrou um grande incêndio numa fábrica. Israel relatara ter atingido mais de 500 alvos do Hamas e da Jihad Islâmica em Gaza. Segundo o Hamas estes ataques mataram quatro prisioneiros israelitas.
O ministro da Defesa de Israel ordenou um bloqueio completo de Gaza: não haverá fornecimento de alimentos e energia. O prosseguimento desta guerra pode ter que ver com a reação a esta decisão por parte dos aliados dos palestinianos, no entanto a UE diz que a ajuda humanitária deverá prosseguir.
Qual vai ser o papel do Irão e dos EUA? O facto é que os EUA não poderão acorrer a todos os casos que têm pela frente: Ucrânia, Taiwan e Irão, além da contenção da Coreia do Norte e alimentar com armamento os aliados da NATO e na Ásia. Israel tem armas nucleares, mas ninguém vai permitir que as use, seria o seu fim. O Irão possui o maior e mais diversificado arsenal de mísseis balísticos e de cruzeiro do Médio Oriente, tendo investido significativamente para melhorar essas armas e capacidade de produção, tornando-se uma ameaça consistente para as forças dos EUA e aliados na região.
Quanto ao Hezbollah (o conflito parece alargar-se ao Líbano) possui um estoque de mísseis antinavio. As suas capacidades evoluíram graças ao Irão. A Marinha de Israel não poderá manter o bloqueio se o Hezbollah se juntar ao conflito. Essas armas já provaram ser uma ameaça com os houthis e atividades no extremo sul do Mar Vermelho.
À medida que os conflitos ao redor do mundo emergem a capacidade dos EUA para detê-los diminui. A história nunca terminou, e agora a elite americana é forçada a contar com um mundo estranho que nunca previram. E neste caso, a divisão entre aliados locais dos EUA na região é notória.
A Rússia diz que a escalda do conflito entre Israel e Palestina confirma que o atual status quo na região é ineficaz. Netanyahu afirmou que a resposta militar de Israel ao Hamas "mudará o Oriente Médio". Tudo aponta para isso, mas o que mais irá mudar será com toda a probabilidade a política de Israel.
Segundo informações de: Geopolítica ao vivo – Telegram e Intel Slava Z – Tele\grama
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