Nestas histórias de guerra o dia a dia não nos leva muito longe, cada qual interpreta à sua maneira, certa ou errada. O nada de novo na frente, significa que vai morrendo gente normalmente os que menos são responsáveis pelo que acontece. Importante é olharmos para os contextos e as estratégias.
O primeiro contexto que tem de se referir – esquecido – é o facto de Israel reivindicar o espaço palestiniano como tendo direitos históricos. Pertence ao povo judaico e teria sido ocupado por outros (muçulmanos). Argumentar desta forma é assumir uma guerra religiosa e quanto a direitos históricos é um disparate total.
Não é por serem judeus, europeus, americanos ou africanos que têm direito aquele espaço. Se se analisasse o ADN das populações israelitas e palestinos iria verificar-se que os descendentes dos antigos semitas são os que permaneceram no território, isto é, os palestinianos. Não praticam o judaísmo, tal como antepassados deixaram de ser cristãos. O contrário é usar a religião como argumento político, uma guerra mascarada de argumentos religiosos.
Quando à situação militar, não há muito a dizer. Os bombardeamentos sobre Gaza continuam, quarteirões inteiros tornados escombros. Porém, isto pouco tem reduzido a atividade bélica do Hamas que continua a lançar mísseis sobre cidades israelitas. O Hamas estabeleceu uma rede de subterrâneos, onde armazena munições, armas, abastecimentos e os 150 reféns que Israel diz estarem em poder do Hamas. Entretanto o Hamas libertou 1 mulher com 2 crianças pequenas, reféns. As negociações sobre os reféns estão sendo conduzidas através do Egito.
Posto isto, tendo sido visto o número de mortes, interessa ver como se apresenta a situação dos combatentes. O principal problema do Hamas parece ser o da logística. Não se sabe quantos dias as suas reservas materiais durarão, nem como será abastecido atendendo ao bloqueio, num conflito que Israel admitiu ser para durar.
Israel pretende aproveitar este conflito para aniquilar o Hamas, expulsar os 2,3 milhões de palestinos e ocupar o território. Aqui teve um primeiro revés, o Egito recusa-se a aceitar refugiados e mantém o corredor de Rafa aberto para ajuda humanitária.
O bloqueio imposto a Gaza por Israel, dificilmente pode ser defendido no ocidente pelos media… o que não quer dizer que não o façam. A diretora de Socorro e Comunicação da ONU, Juliette Touma, criticou a situação: "Gaza está sob um bloqueio severo nos últimos 16 anos, com altos níveis de pobreza, com dependência de várias agências da ONU, qualquer endurecimento do bloqueio vai tornar as coisas muito piores, para civis, entre eles muitas mulheres e crianças." Esclareça-se que a CNN informa que Israel não confirmou aos EUA nenhum caso de decapitação de crianças pelo Hamas. (Intel Slava Z – Telegrama 12/10) Mas os “animais” são os palestinos...
O Ministro da Saúde israelita, Moshe Arbel, instruíu os hospitais públicos a pararem de tratar militantes do Hamas. (Geopolítica ao vivo – Telegram 12/10) É um crime de guerra, porém, Israel, como no passado pode pratica-los impunemente, sem um sanção, sem sequer uma crítica. O governo, de extrema-direita, de Israel, ocupar Gaza: punir Gaza "como nunca foi punida antes". Mas Israel nunca parou de punir a Palestina desde 1948 - 75 anos de abusos - as ameaças de "esmagar Gaza" só provam que os arrogantes nuca aprendem.
Israel terá de pagar um elevado preço humano e material para ocupar Gaza, entre as ruínas que criou e os subterrâneos do Hamas. O tempo também não está a favor de Israel. Embora o Irão e o Hezbollah pouco tenham feito, para além de declarações de apoio, tal como a generalidade dos países árabes, as ações em Gaza poderão alterar isto se Israel continuar a bombardear em ações “preventivas” o Líbano e a Síria. Na Cisjordânia e em campos de refugiados o Hamas mobiliza-se. Que solução tem o governo israelita para isto? Ir até ao fim com os seus 2 000 tanques?
Israel convocou 660 000 reservistas, além das 170 000 forças regulares. A ausência desta da força de trabalho, coloca a economia israelita em sérias dificuldades. A moeda e o mercado de ações caíram significativamente, e o banco central teve que intervir. (Moon of Alabama) Claro que isto vai representar mais um encargo para os EUA e por acréscimo para os súbditos da UE.
Internamente, o apoio à guerra não é inquestionável, de acordo com uma sondagem do Dialog Center, 86% dos entrevistados, atribuem o ataque surpresa de Gaza à liderança israelita, com 92% dizendo que a guerra está causando ansiedade. (Geopolítica ao vivo – Telegram)
Sem comentários:
Enviar um comentário