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14 de outubro de 2023

 Do facebook do General Raul Luís Cunha

Porque sempre me fez muito asco e azia a mentira, a falsificação e a hipocrisia, anexo em seguida um texto que me enviaram e o qual "trunquei" um pouquinho, dada a sua relevância face ao que está a acontecer em Israel. Não junto fotos de bebés assassinados pelos "valentes" pilotos das IDF, na esperança do FB não me censurar.
Disclaimer: Não sou a favor nem do Hamas, nem do Bibi, mas sou contra os miseráveis "ultras" associados a este último.

A ESCABROSA OPERAÇÃO DE MISTIFICAÇÃO DOS «40 BEBÉS» 
No início da semana, uma jornalista do canal televisivo i24News de Israel, disse em lágrimas num directo, que havia relatos de que guerrilheiros do Hamas tinham matado «40 bebés» e decapitado vários deles durante uma incursão em Kfar Aza, um kibbutz na fronteira com Gaza.
Agora, num extenso artigo do site norte-americano "The Grayzone", o director desse site de investigação, Max Blumenthal, desmascara toda essa operação de desinformação, identificando a principal fonte do boato. Trata-se de David Ben Zion, um vice-comandante da Unidade 71 do exército israelita que é também um conhecido líder extremista de colonos ilegais, e que já antes incitara violentos motins contra os palestinianos na Cisjordânia, ocupada no início deste ano.
«Horas depois da sua entrevista ao i24, ainda na aldeia, Ben Zion podia ser visto a sorrir repetidamente num vídeo publicado no seu Facebook — uma disposição estranha para quem era uma suposta testemunha de um massacre metódico de bebés», relata o artigo de Blumenthal.
Entretanto, essa ideia grotesca, baseada unicamente naquele relato, foi prontamente promovida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel, correu rapidamente por toda a internet, foi replicada dezenas de milhões de vezes no Twitter e acabou em grandes canais de televisão por todo o mundo.
Mais tarde, o próprio exército israelita, foi questionado pela imprensa local sobre o caso, e num exercício de seriedade, afirmou não ter quaisquer evidências de um tal evento.
Mas num discurso no dia 10 de outubro, o senil presidente norte-americano Joe Biden afirmou numa conferência de imprensa que «nunca pensei que iria ver... ter imagens confirmadas de terroristas a decapitar crianças», e logo as estações de televisão de todo o Ocidente reproduziram o discurso de Biden, conectando-o com a história nunca verificada dos «40 bebés» da i24News.
O que é mais estranho e grave em toda esta história, é que contrariando Biden, a Casa Branca esclareceu no dia 11 «que o presidente Joe Biden e outros responsáveis norte-americanos não viram nem confirmaram de forma independente que os terroristas do Hamas decapitaram crianças israelitas», informava o "The Times" de Israel. «Segundo um porta-voz da Casa Branca, o presidente baseou os seus comentários em declarações do porta-voz de Netanyahu e em meios de comunicação social de Israel».
Entretanto, alguns repórteres que inicialmente divulgaram as alegações oficiais israelitas sobre os bebés decapitados começaram a recuar nas suas próprias qualificações, diz o artigo da Grayzone.
Oren Ziv, um repórter israelita que participou na visita oficial dos jornalistas a Kfar Aza, comentou no Twitter: «Estou a receber muitas perguntas sobre os relatos de "bebés decapitados pelo Hamas", que foram publicados após a visita dos meios de comunicação social à aldeia. Durante essa visita não vimos qualquer prova disso, e o porta-voz do exército ou os comandantes ali presentes também não mencionaram tais incidentes».
No artigo de Blumenthal, são apontadas ainda vários personagens do establishment ultra-sionista que rodeiam o actual governo israelita, e outros casos em que esses figurões perseguem os seus propósitos de forma totalmente amoral.
E o artigo conclui que «Netanyahu utiliza a duvidosa alegação de bebés decapitados para atrair os seus patrocinadores americanos para a sua guerra».  
Nos media, sobretudo nos ocidentais de grande difusão, cada vez mais a verdade deixou de importar face à necessidade de condicionar a opinião pública. Nestes casos, a reação emocional a uma alegação desprovida de qualquer análise crítica ou de provas factuais, é muito mais importante do que a realidade. Uma simples alegação não verificada, pode desempenhar um papel decisivo na conquista dos corações das massas de espectadores, leitores e ouvintes.
Pelo que agora parece, tratou-se apenas de uma tentativa para contrariar a nítida perda de simpatia da causa israelita entre as massas a nível internacional, num momento em que por todo o lado continuam a aparecer milhares de imagens reais, essas sim verificadas e em directo, de dezenas de crianças palestinas, incluindo bebés, mortas pelos impiedosos bombardeamentos israelitas sobre Gaza.

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