A extrema-direita exibia cartazes em que os impostos que pagamos são para pagar aos corruptos e em que pretendia limpar Portugal. Um milhão de eleitores acreditou nestes absurdos. Não admira, note-se que a CNE prestou um mau serviço ao permitir este género de despolitização e insultos a todos os que honestamente dedicam a sua vida a tentar melhorar o país e a vida das pessoas. Permitir tais insultos é uma forma de despolitização, de cultivar o anticivismo, uma forma expedita de atacar a democracia e o que o 25 de ABRIL representa. Não é de admirar num país em que o ensino e divulgação da Constituição é tabu.
Pois bem os tais agentes de limpeza escandalizam-se por o PSD não os querer no governo, isto é, fazerem parte da corrupção, pois por um lado para a extrema-direita a corrupção começou com o 25 de ABRIL, por outro mesmo com o PS no governo o PSD obtinha impostos do IMI e outras fontes.
Recentemente um “comentador”
afirmava que a extrema-direita (o chamado
Chega) era democrático. Antidemocrático
era o PCP, pelo que tinha feito em 1974-1975. Alguém lembrou o
terrorismo praticado pela extrema-direta do ELP e MDLP? Não, nem que
o PCP e seus militantes foram as principais vítimas do terrorismo. Claro que não, e é desta forma que a extrema-direita é promovida.
Atualizemos o exemplo da
extrema-direita
no poder, na Argentina. Milei,
o presidente, cancelou
a entrada da Argentina
no
BRICS, esfriou as
relações com os dois maiores parceiros comerciais o
Brasil e China, alinha
o país com os EUA e
Israel. Milei, já visitou Israel, chorou no muro, dançou e cantou
com colonos, enquanto bombas caíam sobre Gaza e revelou planos para
transferir a embaixada para Jerusalém.
Embora
o
seu projeto de lei geral não
ter sido
aprovado no Congresso o
novo governo da Argentina, pretende abrir as portas a tropas dos EUA,
como
no Peru e no Equador. Embora
a
proposta
para
autorizar a entrada no país de tropas e equipamentos de forças
armadas estrangeiras bem como o envio de forças argentinas para o
exterior,
não tenha sido apresentada
ao Congresso Nacional conforme está
estabelecido
em
Lei, isto
não
impediu que o governo de Milei oferecesse às forças armadas dos EUA
um pequeno e suculento acordo: permissão para operar ao longo do
trecho argentino do rio Paraná, a mais longa via navegável da
América do Sul – algo que Washington vem procurando
ativamente há anos.
Mais importante ainda, o acordo permite a presença militar dos EUA ao longo de toda a extensão da rota fluvial mais importante da Argentina, pela qual transitam cerca de 80% de todas as suas exportações agrícolas. Os militares dos EUA já assinaram um acordo semelhante com o governo paraguaio em 2022, concedendo ao seu Corpo de Engenheiros o direito de operar ao longo do trecho paraguaio do Paraná.
Enquanto isto, o que acontece na Argentina é precisamente o contrário das delirantes promessas eleitorais da extrema-direita no poder: a vida piora cada dia, a taxa de inflação oficial é de 276,2% ; A UNICEF alertou que a pobreza infantil aumentará de 57% para 70% se as condições económicas não mudarem. À medida que os salários reais desmoronam devido à inflação mensal de dois dígitos, salários e pensões estão congelados, os impostos são crescentes, as vendas de quase tudo estão em colapso.
O economista norte-americano Steve Hanke, um dos primeiros apoiantes da campanha de Milei e firme defensor da dolarização da economia argentina, descreveu as políticas de Milei como “engenharia financeira, tentando colocar em prática o que é apenas o programa padrão do FMI. Esses programas, disse ele, “simplesmente não funcionam e têm um histórico de não funcionar”. Além disso, causam dor e destruição económica incalculáveis nas classes média e pobre do país.
A raiva e o desespero do público estão aumentando rapidamente na Argentina à medida que as condições económicas se deterioram. É por isso que a decisão do governo de adotar um protocolo de segurança tão rígido desde logo no seu mandato é tão ameaçadora. O termo “terrorismo” pode ser, e muitas vezes é, usado para justificar a repressão política e social, seja contra manifestantes políticos, trabalhadores em greve ou grupos indígenas mapuches que reivindicam direitos históricos à terra na Patagônia. Não menos ameaçadora é a decisão do governo de convidar as forças armadas dos EUA para ajudar a administrar a hidrovia mais movimentada da Argentina.
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