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20 de março de 2024

O mau perder

 As eleições russas representaram o completo falhanço dos objetivos da NATO (EUA e súbditos) quanto à Rússia. Vencer a Rússia tratava-se de levá-la a um estado de degradação económica e social e isolamento internacional, que a população se revoltasse contra Putin e colocasse no Kremlin democratas como Ieltsin ou Gorbatchov, submetendo-se às “regras da ordem internacional”, que ninguém sabe ao certo quais e como são aplicadas.

Foram aplicadas contra a Rússia milhares (!) de sanções, intensa propaganda mediática, o país rodeado de bases da NATO, a população russófona na Ucrânia reprimida desde 2014, confrontada com uma guerra no Donbass. Mas nada do que fantasiavam aconteceu.
Resta propaganda totalmente contraditória com o que diziam antes. A Rússia estava derrotada, a Ucrânia ia retomar a Crimeia, etc. Agora a derrota da NATO na Ucrânia tornou-se “uma questão existencial para a “Europa”. 

Os irresponsáveis da “Europa” (UE/NATO) tomam decisões (em obediência aos neocons de Washington) sem pensar nas consequências. Expandiram a NATO mentindo descaradamente, fizeram um golpe de Estado russofóbico em Kiev em 2014, sabotaram dois acordos de Minsk, ignoraram uma proposta de segurança coletiva em novembro de 2021, qual o resultado? Uma derrota que se tornou uma “questão existencial para a Europa”. Porquê? Não dizem nada de concreto.

A cobertura mediática das eleições russas foi inundada de desinformação. “É o oposto da realidade”, disse o analista russo Mark Sleboda, apontando a falsa sugestão da mídia ocidental de que os cidadãos do Donbass foram forçados a participar nas eleições russas sob a mira de uma arma. Na verdade, as pessoas nas novas regiões da Rússia estavam a ser alvejadas pelo regime ucraniano enquanto tentavam votar. “o regime [ucraniano] atacou, lançou ataques de artilharia, munições de fragmentação, tentou atingir as assembleias de voto, obviamente para punir o povo da antiga Ucrânia Oriental por participar numa verdadeira democracia, processo que eles não têm em seu próprio país”, “Porque, primeiro, Zelensky proibiu eleições por enquanto no país. E segundo, ele já proibiu todos os partidos do leste da Ucrânia antes.” Tudo foi tão transparente e seguro quanto possível. Mas isso não faz nenhuma diferença para o Ocidente. Não aceitarão os resultados, não importa o que aconteça, porque, os resultados não são o que eles desejam. Como Victoria Nuland afirmou antes de renunciar, não é a Rússia que queríamos.” (Geopolítica ao vivo – Telegram 19/03)

Houve quatro candidatos: Vladimir Putin , presidente em exercício, de 71 anos, especialista em direito, doutorado em economia. Putin delineou a sua visão do desenvolvimento do país numa mensagem à Assembleia Federal em 29 de fevereiro. Nikolai Kharitonov, pelo Partido Comunista da Federação Russa, 75 anos, especialista em estudos agrários, doutorado em economia e sociologia, propunha devolver setores estratégicos da economia ao controle estatal, proibir a privatização de empresas estaduais e municipais e nacionalizar ativos estrangeiros. Leonid Slutsky , Partido Liberal Democrático da Rússia, 56 anos, especialista em gestão, propunha organizar uma ofensiva em grande escala do exército russo e confiscando as propriedades dos emigrantes a favor do Estado. Vladislav Davankov, Novo Partido do Povo, 40 anos, especializado em história, propunha como o “máximo pragmatismo”, alcançar a paz e negociar com a Ucrânia nos termos russos.

Os resultados foram concludentes: Putin 87,28; PCFR – 4,31%; NPP 3,85%; PLD – 3,20%. Em 2012, Putin tinha obtido 63,6%. Como habitualmente o PCFR ficou em segundo lugar. A votação nas novas regiões foram um total revés que a propaganda tem dificuldade em distorcer. Putin venceu na Região de Kherson com 88,12%; Zaporozhye, 92,95%; Lugansk 94,12%; Donetsk 95,23%. A participação eleitoral foi de 77,44% dos eleitores. Mesmo os votantes no estrangeiro votaram maciçamente em Putin. À propaganda restou encenações de “opositores” que liam como robots guiões na sua frente e transformar em protestos filas de votantes no estrangeiro.

Comentadores” disseram que não tinham sido autorizados observadores internacionais. Falso. Houve centenas de observadores de 109 países que verificaram a normalidade e mesmo entusiasmo com que as pessoas votavam. Em Kerson observadores dos EUA e da África do Sul, não encontraram ali a “ocupação” sobre a qual escrevem os media ocidentais. As pessoas pareciam felizes com suas circunstâncias e onde estão. Manuel Camati, membro da CNE de Angola: “Não encontramos nenhum problema, nenhuma violação.

Foram instaladas câmaras de vídeo em todas as assembleias de voto, permitindo que observadores independentes monitorizassem o processo de contagem de votos em tempo real e sinalizassem quaisquer potenciais violações. Os russos tiveram uma ampla gama de opções para votar – seja na privacidade de sua casa on-line ou em uma secção eleitoral com cédulas de papel e urnas lacradas.

Sobre o “isolamento internacional”, a “comunidade internacional”, etc., Putin recebeu felicitações de muitos países. Salientamos apenas do presidente do Conselho Presidencial da Líbia (!), Mohamed al-Menfi, observando a natureza amigável especial das relações Rússia-Líbia. Do Presidente da República do Congo, elogiando a amizade e a cooperação entre o Congo e a Rússia. Dos BRICS, Nicolás Maduro, Kim Jong-un; Daniel Ortega; Luis Arce (Bolívia); de Cuba; do Mianmar, das Honduras, etc.

Distorcendo o contexto os media disseram que Putin tinha falado sobre Navalny. Falou em resposta à pergunta de um jornalista: “Ele faleceu, é invariavelmente um acontecimento triste, mas houve outros casos em que pessoas na prisão faleceram, e isso não acontece nos EUA?"

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