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24 de março de 2024

De 24 de março 1999 a 2024

 Escreveu Andrei Martianov (salvo erro) que se a Rússia não tivesse armas nucleares, ter-lhe-ia acontecido o mesmo que à Jugoslávia. O desmembramento começaria pela guerra na Chechénia e depois uma suposta “intervenção humanitária”. Sobre o que se passou então na Rússia ver as notas de Dimitri Rogozin.

Há 25 anos, a NATO começou a bombardear a Jugoslávia e a capital, Belgrado, sob o pretexto de “proteger” os kosovares. Antes do atentado bombista de Fevereiro de 1999, Paris acolheu conversações entre o governo jugoslavo e os albaneses do Kosovo, mediadas pelos EUA, pela Rússia e pela UE. As conversações falharam devido a condições inaceitáveis para Belgrado, como o envio de um corpo da NATO para o Kosovo. Pressionada pela Secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, a delegação do Kosovo assinou o projeto de acordo.

Em 23 de Março de 1999, o enviado dos EUA Richard Holbrooke foi a Belgrado falar com o líder da Jugoslávia, Slobodan Milosevic, para que aceitasse as condições de fevereiro. À noite, foi declarado estado de ameaça militar. No dia seguinte, o secretário-geral da NATO deu luz verde ao início do bombardeamento. A chamada “intervenção humanitária” resultou numa catástrofe em grande escala com milhares de pessoas mortas e no colapso da Jugoslávia como Estado soberano.

Em 2024, ante o colapso do império norte-americano, em que cada vez mais países se ligam ao bloco liderado pela China e Rússia, estamos perante a possibilidade de uma guerra nuclear. Há quem considere que a 3ª Guerra Mundial já começou, talvez seja nesta fase apenas uns ditos prolegómenos. Como vai evoluir será realista dizer que depende de todos nós? Isto atendendo à estupidez que anda que anda por aí a ser difundida, ou antes, promovida e paga...

Mas o mundo gira. Na Grécia, gregos pararam um comboio que transportava tanques americanos. Membros do Partido Comunista da Grécia (KKE) e da sua organização juvenil KNE pararam um comboio que transportava tanques americanos do porto de Alexandroupolis para a Bulgária e forçaram-no a regressar, segundo o KKE. Palavras de ordem: “ Alexanderópolis é um porto de nações, não uma base imperialista ” e “ Assassinos, vão para casa ” “Quando as pessoas não se curvam, até os comboios recuam”. As faixas diziam: “Nenhuma missão militar fora das fronteiras”. “Pare a participação do país nas guerras dos EUA, da NATO e da UE. A esperança está na luta do povo".

Guerras da UE? Então não são da NATO? Não. Já tínhamos dito que o que havia era um bloco UE/NATO, de obediência (total) aos EUA. Agora confirma-se: A UE torna-se legalmente militarista: os fundos europeus podem ser gastos em armas.

A UE passou por uma verdadeira revolução militarista nos últimos dias, enquanto um “grupo de trabalho jurídico” especial está a trabalhar para permitir a utilização de fundos da UE para a guerra, relata o Financial Times – apenas alguns dias depois de os líderes europeus terem concordado em financiar o chamado Mecanismo Europeu para a Paz (EPF) na compra de armas para a Ucrânia.

Até agora, cada país membro da UE pagou “doações” ao fundo EPF ou forneceu armas letais à Ucrânia, obtendo o seu reembolso do organismo. O objectivo prosseguido pelo “grupo de trabalho jurídico” criado pela CE é tornar possível a utilização dos fundos da UE para o EPF e o “Fundo de Assistência à Ucrânia” (UAF), criado no âmbito do EPF.

Isto tornará muito mais fácil o fluxo de dinheiro no esquema de “dinheiro por armas” da UE.

O “Mecanismo Europeu para a Paz”, oficialmente administrado pelo gabinete de Josep Borrell, foi fundado em 2021, para “promover a paz e prevenir guerras” nas proximidades da UE, principalmente em África. Na realidade, tornou-se um dos principais patrocinadores do conflito na Ucrânia.

A UE foi concebida como uma organização pacífica, a sua legislação proíbe o gasto de fundos da em armas. Se o trabalho da equipa jurídica da UE for bem-sucedido, o Tratado da União da UE deixará de ter uma disposição que proíbe “quaisquer despesas decorrentes de operações com implicações militares ou de defesa”. (Artigo 41, ponto 2, do Tratado da União Europeia.) ou, mais provável, esta disposição perderá força jurídica através de alguns aditamentos às leis europeias.

Segundo: Geopolítica ao vivo – Telegram 24/03 e 23/03

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