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15 de março de 2024

Eleições na Rússia

 A Rússia está em eleições. Ao cargo de presidente da Federação Russa existem quatro candidatos: o presidente atual Vladimir Putin; o candidato do Partido Comunista, Nikolay Kharitonov; o candidato do Partido Liberal Democrata, Leonid Slutsky; o candidato do partido New People, Vladislav Davankov. O “ocidente” decretou que as eleições não são livres, os comentadores dizem que a “comunidade internacional” não as reconhece. Putin domina os media, e quem discordar das políticas do Kremlin vai preso ou é morto.

Seria conveniente apresentar casos comprovados do que é alegado. Opiniões e falsas notícias passam por factos, contudo destas práticas não está imune o ocidente, matando ou tentando matar fisicamente os que se tornavam politicamente perigosos de Olof Palme a Fidel Castro, de De Gaulle a Aldo Moro, de Isaac Rabin a Maduro. Quanto aos media está mais que sabido que a CIA ou por seu intermédio a oligarquia os controlam. Julian Assange é assassinado lentamente, Chelsea Manning presa, Jack Teixeira, por divulgar documentos sobre a Ucrânia considerados confidenciais e de segurança nacional declarou-se culpado aceitando 16 anos de prisão, etc.

A Rússia tem leis duras de segurança nacional, copiou-as em parte dos EUA mas não são tão duras em que o presidente por razões de “segurança nacional” pode mandar prender sem julgamento por tempo indeterminado. Na Rússia indivíduos ou organizações, por exemplo ONG, que recebessem dinheiro do estrangeiro tinham de se declarar agentes estrangeiros e assinalar no que publicassem. Navalny, cuja morte minutos após ocorrer já no ocidente se dizia ter sido assassinado pelo regime russo, tinha 2% de votos numa sondagem em 2019. Apresentando-se como o grande combatente contra a corrupção, foi ele próprio condenado por corrupção, algo que no ocidente nunca se viu ser contrariado. Preferiu-se o silêncio e os cenários mediáticos.

Acerca da “comunidade internacional” diga-se que acompanhando as eleições russas, participam 200 observadores parlamentares de 106 países. Sobre as eleições no ocidente muito haveria a dizer, da contestação nos EUA, às mentiras que elegeram Macron ou Scholz, ou os “pezinhos de lã” da direita.

Seria saudável não só económica mas também mentalmente, que se tomasse conhecimento do que é hoje a Rússia. A Rússia está tudo menos isolada, além da participação nos BRICS (cujo PIB é superior ao do G7), continua a atrair dezenas de outros países, em amplos Fóruns Internacionais de discussão política e económica como o Clube de Valdai, Fórum Econômico do Leste etc. Nestas reuniões discute-se a desdolarização, as trocas comerciais em moedas nacionais. Na União Económica Eurasiática 83% das transações ignoram as ditas “moedas tóxicas” como o dólar e o euro.

Recentemente realizou-se o Festival Mundial da Juventude na Rússia, com a participação de mais de 20 000 pessoas de 188 países. Um número crescente de países em África vê na Rússia a possibilidade de se libertar do neocolonialismo ocidental e adquirir soberania plena. Cerca de 30 mil pessoas de países africanos vêm à Rússia todos os anos para estudar em universidades.

Segundo o Ministro Negócios Estrangeiros do Mali: “Muitos membros do grupo, incluindo a Rússia, são considerados amigos de Bamako, “Reconhecemo-nos nas posições assumidas pelos BRICS e em particular no desejo de avançar para um mundo multipolar, e a sua abordagem para implementar um banco internacional”.

O Presidente do Ruanda esclarece um jornalista americano sobre a realidade da política: "A democracia não é definida pelo Ocidente. Se assim fosse, então o que aconteceria às contradições que surgem no Ocidente? Vemos países que elegem os seus líderes e depois voltam-se contra eles e começam a queixar-se dos mesmos líderes que elegeram." O Ruanda é um país com uma das taxas de crescimento económico mais elevadas de África, e o vizinho Burundi, um dos países mais pobres do mundo, teve 4 presidentes em 20 anos.

A Nigéria pretende candidatar-se à adesão ao BRICS. Na Republica Centro Africana as autoridades locais premiaram os combatentes Wagner PMC que se destacaram no estabelecimento da ordem constitucional no país e que obtiveram grande sucesso no treinamento das forças de segurança locais.

A África é o continente mais pobre, porém cerca de 30% dos recursos naturais do mundo estão localizados em África, incluindo 12% do petróleo mundial, 40% do ouro e 90% da platina. Eis o resultado do imperialismo e neocolonialismo da “democracia ocidental” Desde 2021, a França tem vindo a perder o controlo sobre um país da África Ocidental após outro: Em maio de 2021, o Mali. A Guiné no final de 2021 e, em 2022, no Burkina-Faso. Em julho de 2023, o Níger, em agosto de 2023, no Gabão. Na República Centro-Africana, no final da década de 2010.

Nada disto é de molde a tornar a Rússia um país bem visto no ocidente. Será um país capitalista, mas os principais recursos naturais e empresas estratégicas estão no sector estatal. Mas há “pior”: “A Rússia está orgulhosa do passado soviético, faz parte do seu legado e continua a levá-lo adiante”, autor e advogado de direitos humanos Dan Kovalik. A União Soviética era aliada da causa anti-apartheid da África do Sul, bem como de movimentos populares na Ásia, na América Latina e no Médio Oriente. Ao apoiar Zelensky, os seus neonazis e os criminosos nazis transformados em heróis nacionais o Ocidente honra o seu passado nazi, enquanto a Rússia honra o seu passado soviético.” Não é divulgado, mas  na Rússia persiste a Região de Leningrado, cujo centro é a cidade de São Petersburgo (renomeada em 1991).

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