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28 de março de 2024

Os planos geniais de Washington

 Dimitri Orlov fala do “plano genial de Washingtonpara a Ucrânia, agora o país mais pobre da Europa, privada de metade da população e de quase toda a sua indústria, sem condições para a assumir manutenção de cerca de 700 mil soldados. É dirigida por um ex-comediante (que deixou de ser engraçado), ao que parece, viciado em cocaína. Diante de tudo isto, é impossível vencer a maior economia da Europa (por paridade de poder de compra) com a indústria de defesa mais produtiva do mundo, apoiada pela China e pelo Irão e liderada por um estadista experiente e respeitado.

Sim, há toda uma indústria no ocidente dedicada a retratar a Rússia como um país destruído, corrupto, uma ditadura com um exército desmoralizado e uma indústria de defesa em ruínas. Pode ter sido o caso durante alguns anos na década de 1990, mas tudo chegou ao fim muito rapidamente na viragem do século. Pode ser reconfortante no ocidente, e bom para elevar a moral, trabalhar com informações um quarto de século desatualizadas. Claro que não é plausível haver separação entre os que desinformam o público e aqueles que fazem política.

Não é provável que a vitória da Ucrânia sobre a Rússia  fizesse parte do plano dos EUA, dispostos a contentarem-se com muito menos: enfraquecer a Rússia e afastá-la de uma relação mais próxima com a China, que Washington vê como a maior ameaça ao seu ( inexistente) domínio global. A ameaça de genocídio por parte dos ucranianos no leste da antiga Ucrânia (agora parte da Rússia) foi uma maneira de forçar a Rússia a se envolver militarmente, abrindo caminho para a imposição de milhares de sanções. O facto dessas sanções acabarem ajudando a Rússia economicamente enquanto arrastavam o Ocidente para a recessão surpreendeu até os próprios russos, mas foi assim. Paciência!

Então, o que em Washington devem fazer agora (além de perder a face)? Precisam de distrair a Rússia de sua relação cada vez mais próxima com a China, mas não parece que a guerra por procuração da NATO envolvendo o que resta da Ucrânia esteja cumprindo o plano. Pelo contrário, os russos parecem ter concebido um sistema diabolicamente inteligente para alcançar um crescimento económico saudável, investindo recursos em substituição de importações e na produção militar, que pode ser facilmente direcionada para o Leste (se o conflito China-Taiwan escalar).

Os EUA e todo o ocidente meteram-se numa série de dilemas que não têm a mínima ideia como resolver – além de propaganda cada vez mais distorcida para mentes “infantilizadas”. 

Estas coisas não acontecem por acaso, James Kunstler refere-se ao rumo a um colapso dramático de sociedades em que a Lei de Murphy se aplica à geopolítica devido às consequências de menos verdade

A manipulação da linguagem é deliberadamente usada para virar os EUA (e o ocidente) de pernas para o ar. Ex-funcionários do FBI e da CIA foram diretamente implantados em empresas de media social para supervisionar a execução de ordens de censura emanadas da antiga sede. Os "Arquivos do Twitter", descobertos pelos jornalistas independentes Matt Taibbi, Michael Shellenberger e outros, produziram dezenas de e-mails de funcionários do FBI que assediam os executivos do Twitter para desvincular pessoas e eliminar a dissidência. Foram ameaças, não meras sugestões.

Uma sociedade hostil à verdade não pode permanecer civilizada, porque também será hostil à realidade. Essa parece ser a disposição das pessoas que dirigem os Estados Unidos nos dias de hoje. O problema, é que não vivemos num mundo onde a realidade é opcional, apesar dos desejos de muitos nos EUA e no ocidente gostariam que fosse.

O próximo passo do poder que se considera hegemónico será a tentativa de completar a falência dos EUA com uma proposta orçamental de 7,3 milhões de milhões, 20% mais do que no ano anterior, com base num aumento de impostos de 5 mil milhões. Só a cidade de Nova York terá (ou teria...) que pagar 9,15 mil milhões por ano se quiser alimentar pobres e abrigar gente sem abrigo. Não existe dinheiro, claro. Não haverá dinheiro para serviços públicos ou instituições culturais. Este será o fim da cidade de Nova York. Esta é a realidade e é a verdade.

Contudo, uma crise financeira é provavelmente a única coisa, a não ser uma guerra total, que poderá chamar a atenção do público para a realidade neste momento.

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