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4 de março de 2024

Promessas e realidades dos liberalismos

 As promessas de crescimento prometidas pelas políticas de direita, são totalmente desmentidas pelas realidades. Eis dois exemplos da crise generalizada a que estas políticas conduzem e do que valem as promessas liberais de um governo PSD com a IL a ir “para além da troika”. Quanto ao PS, se não for puxado por uma esquerda forte, limita-se a não querer ir além da troika. A “troika” é uma imagem das políticas de direita e (neo)liberais.

No RU o primeiro-ministro Sunak, prometeu o crescimento económico como uma prioridade. Em 2022 foi praticamente nulo, no final de 2023, o PIB foi - 0,3%. Os preços de bens alimentares essenciais subiram 20% num ano. O rendimento disponível de uma família média diminuiu 10% em comparação com há dois anos. Cerca de 2 milhões de famílias não pagaram as contas de serviços públicos devido ao aumento dos custos. A cidade de Birmingham, símbolo do antigo milagre industrial britânico, pediu falência.

O exemplo da Argentina remete-nos para um governo do PSD com a IL e Chega. Com o presidente, Milei “el loco” a Argentina caiu no caos económico e social. Milei, na realidade é apenas um fantoche - como outros - do sistema neoliberal e imperialista, para o poder oligárquico dominar totalmente. O fascismo toma agora outras vestes que não as dos Pinochet ou Vilela, que a propaganda já não pode dissimular. Têm que conservar formalismos básicos – apenas estes – da democracia.

A queda da Argentina no abismo económico é tão triste quanto previsível. O novo ministro da Economia (ex-banqueiro do JP Morgan Chase, ex-ministro das finanças, ex-governador do banco central) Luis Caputo, destruirá o que resta da economia da Argentina: desvalorização de 54% do peso argentino; suspensão de todas as obras públicas; congelamento dos salários e pensões do sector público; aumento acentuado dos impostos indiretos; eliminação de muitos subsídios, incluindo para energia e transportes públicos.

Os dados económicos de janeiro, são assustadores, mas de acordo com as teorias liberais há que empobrecer os trabalhadores e os reformados: reduzindo a procura, a inflação acabará por descer... Muitos que votaram em Milei por desespero, frustração e raiva com os partidos do sistema, têm agora como recompensa uma perda esmagadora de poder de compra, devido à brutal desvalorização, eliminação dos subsídios para muitos bens e serviços básicos, aumento de impostos indiretos. O valor das promessas da extrema-direita está patente em Milei que disse repetidamente preferir cortar um braço a aumentar os impostos. A taxa de pobreza já ultrapassa os 40%. A austeridade literalmente mata através do desespero, do suicídio e da falta de acesso aos serviços de saúde.

Em dezembro a produção industrial e de construção foram 12,8% e 12,2% inferiores em valores homólogos. A atividade económica caiu 2,5%. Contudo, como o liberalismo reclama redução de impostos às empresas, foram reduzidos 15% e 25% em termos reais. O salário real dos trabalhadores no sector privado é inferior ao de 2001. Vendas de automóveis, cimento, materiais de construção, vendas a retalho, receitas fiscais… caíram entre 15% e 30% em termos homólogos, as vendas de alimentos caíram 37,1%

Milei diz que tudo isto é necessário para reduzir a inflação e equilibrar o orçamento. Os índices de pobreza subiram oito pontos percentuais em Janeiro, atingindo 57%. Os sindicatos convocam greves exigindo aumentos salariais.

Ao contrário do propalado o investimento estrangeiro não chega dada a incerteza que reina no país. Os bancos estrangeiros esperam para ver e aconselham os clientes a fazerem o mesmo. Do Banco Interamericano de Desenvolvimento, guiado pelos dogmas neoliberais dizem: “para que possamos apoiar o setor privado ainda há necessidade de estabilidade macroeconómica e de uma taxa de juros mais alta.” ”A crise social é a fronteira que deve ser atravessada com sucesso.” Quanto ao FMI prevê uma recessão de 2,8% em 2024.

O governo tem metade do número de ministérios; o Ministério da Segurança é chefiado por um político que não chegou ao segundo turno das eleições, o Ministério das Relações Exteriores chefiado por um economista sem experiência relevante; o novo ministro da Justiça passou um mês preso por ocultar provas; o Ministério do Capital Humano (Educação, Cultura, Política Social) chefiado por um jornalista sem experiência em gestão; Miley nomeou a irmã como chefe do seu secretariado. (Geopolítica ao vivo – Telegram 11/12)

Na desorientação geral, Milei pede aos governadores provinciais e outros líderes políticos que apoiem as reformas e assinem um "pacto social" para apoiar a sua agenda de liberalização económica radical, um acordo que inclui um “equilíbrio fiscal inegociável” e cortes nas despesas públicas, bem como reforma laboral e comércio livre. “Não vamos recuar, vamos continuar a avançar, seja por lei, seja por decreto presidencial.” A divulgação do decreto foi seguida por protestos em massa com ativistas a entrarem em confronto com a polícia junto ao parlamento em Buenos Aires. (Geopolítica ao vivo – Telegram 02/03)

Como se vê, estão aqui expressados objetivos comuns e resultados esperados dos liberalismos de cá, mesmo quando disfarçados de social-democracia.

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