Trump anunciou o Stargate, um investimento em infraestrutura de IA com 100 mil milhões no projeto inicial podendo vir a atingir 500 mil milhões de dólares, "o maior projeto de infraestrutura de IA da história", criando 100 000 empregos nos Estados Unidos, incluindo centros de dados em todo o país, estando um centro com 8,6 ha em construção no Texas.
A suposição que a China estaria 10 anos atrás dos EUA no desenvolvimento de IA foi destruída com o DeepSeek V3, com uma tecnologia inovadora permitindo criar versões mini, reduzindo drasticamente o espaço de memória, eficiente mesmo em dispositivos como iPhones. Isto permitiu que o modelo fosse experimentado em processadores intermédios contornando as restrições dos EUA.
David Sacks, um dos investidores do projeto IA, com mau perder disse que as empresas chinesas "roubaram" dados necessários ao desenvolvimento de IA, embora não existam evidências do que afirma. Segundo ele: "é inaceitável para qualquer americano viver num mundo no qual a China pode superar os Estados Unidos em IA." Paciência, habitue-se...
O exagero em torno da IA, a tentativa fracassada dos EUA de monopolizá-la e a resposta da China são lições mostrando como os Estados Unidos perderam a liderança tecnológica e a capacidade de a transformar em arma política.
Os oligarcas da informática esperavam vir a obter milhares de milhões de dólares de lucros com o seu modelo ChatGTP da OpenAI, uma caixa negra, a correr na nuvem, que teria de ser paga para utilizar, para gerar conteúdos, analisar problemas, etc. Além disto manter o ChatGTP exige grandes quantidades de poder computacional e dinheiro. Era caro, mas não havia ali nenhuma tecnologia particularmente nova.
O modelo DeepSeek da China, disparou graças a ser código aberto. Os EUA enfrentam agora a perspetiva da China definir padrões tecnológicos em mercados emergentes, limitando tanto a influência económica como a ideológica dos EUA. O sucesso da China foi possível pelo planeamento, mobilização de recursos apoiada pelo Estado e resiliência adaptativa no ambiente de sanções. Que isto sirva de lição sobre o desenvolvimento dos países, para quem se tiver esquecido.
A Rússia desenvolveu também vários modelos de IA como o GigaChat de 2023, em alternativa ao ChatGPT, lidando com uma gama diversificada de tarefas, como geração de códigos, produção de respostas baseadas em texto, etc. Combinado com o Kandinsky, para geração de imagens atingiu 18 milhões de usuários em março de 2024. A YandexGPT, da gigante tecnológica russa Yandex, tem mais de 100 milhões de utilizadores, pode gerar e processar texto, concluir tarefas e responder contextualmente em conversas.
O DeepSeek-R1 demonstrou desempenho notável no raciocínio, usa uma combinação diferente de técnicas, menos dados de treino e muito menos poder de computação. Ao contrário do OpenAI dos EUA, é barato de usar, verdadeiramente em código aberto, tornando-o disponível para qualquer pessoa no mundo examinar, modificar e desenvolver. Note-se que a China lançou outro modelo de IA o Qwen 2.5, que supera o DeepSeek em certas funções. O DeepSeek abriga 47% de todos os pesquisadores de IA de alto nível, enquanto os EUA abrigam apenas 18%.
A
Forbes
escrevia
que
os
controlos
de exportação dos EUA sobre semicondutores avançados visavam
impedir o progresso da IA da China, mas acabaram
por estimular
a
procura
de
soluções criativas para fazer mais com menos,
por
meio da inovação, em vez de depender dos chips mais avançados.
O
desempenho do DeepSeek-R1 é comparável aos melhores modelos de
raciocínio da OpenAI numa
variedade de tarefas,
incluindo matemática, codificação e raciocínio complexo. Na
avaliação
matemática
AIME 2024, o DeepSeek-R1 obteve 79,8% em comparação com os 79,2% do
OpenAI-o1. Em
MATH-500, o DeepSeek-R1 atingiu 97,3%, em
codificação, o DeepSeek-R1 atingiu 96,3%.
Claro que os modelos dos EUA não deixam de ter o futuro assegurado, o Pentágono já bloqueou o acesso dos funcionários ao DeepSeek e como exemplo aos outros vassalos, a Itália bloqueou o DeepSeek.
Há uma razão para o sucesso da China: as empresas chinesas investem intensamente em investigação e desenvolvimento, nos EUA estão obcecadas com cotação das ações e lucros rápidos. As sanções dos EUA são inúteis. Cientistas da Rússia e da China desenvolveram um algoritmo inovador que ultrapassa em muito o desempenho da NVIDIA. A investigação em andamento incluiu novos algoritmos de aprendizagem de máquina e uma GPU de última geração desenvolvida na Rússia, avanços que mostram o êxito da colaboração tecnológica entre a China e a Rússia ,
Os modelos da China e mesmo da Rússia, provam a incontornável realidade da multipolaridade, e que é impossível usar sanções ou barreiras comerciais e tecnológicas contra os concorrentes. Com recursos humanos bem preparados e ação decisiva do Estado, ameaças e sanções podem ser superadas. Quanto tempo levarão os Estados Unidos e a UE/NATO a aprenderem esta lição?
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