Partes de um texto entrevisto aqui no FB
e com o qual concordo por inteiro, e só lamento que não seja visto pela
maioria dos meus concidadãos.
General Raul Cunha facebook
UCRÂNIA DA NEGOCIAÇÃO À NEGOCIATA...
Zelensky
nunca pôde exigir muito. Nem quis. Eleito com a complacência de Putin a
troco de parar com os massacres perpetrados contra os russófilos e
russófonos ucranianos do Donbass dirigidos a partir do golpe de Estado
de 2014 pela dupla Nulland-Poroshenko, o ator rapidamente deu o dito por
não feito. Percebeu que a rapaziada das suásticas não estava para
brincadeiras, que os democratas da UE e dos Estados Unidos não se
incomodavam nada com a amizade deles estendendo-lhes a mão enquanto eles
esticavam o braço na velha saudação. E, a troco de prosseguir os
caminhos que tornariam a Ucrânia num centro de treino para neonazis de
todo o mundo, num centro para perigosas investigações de guerra
biológica que os Estados Unidos não queriam ter no seu território, como a
troco de tentar enganar os russos, com a colaboração da má-fé dos então
dirigentes da Entidade europeia, Merkel e Holande, vendeu alegremente a
retalho o que agora quer lotear e vender de novo. O seu país.
De
caminho, declarou não se lembrar em que bolso guardou cem mil milhões
dos dólares que recebeu a troco de “desgastar a Rússia até ao último
ucraniano”, como disse o antigo secretário norte-americano da defesa
Lloyd Austin
Por seu lado
a Entidade a que por cá chamamos “a Europa” começou por ter uma relação
difícil com a verdade e acabou tendo um problema irresolúvel com a
realidade. Começaram por esquecer que, por mais proposicional que possa
ser (e só proposicional pode ser), a verdade requer, porém, a
factividade, a natureza factual das coisas determináveis. E foi assim
que acabaram a fantasiar uma verdade que, aliás, nunca existiu.
Nestes
momentos em que a mentira sobre a Ucrânia estrebucha penosamente a um
tal ponto que os seus cultores deveriam escolher entre as categorias da
hipocrisia ou da estupidez em qual delas gostariam mais de se rever,
lembremo-nos, pois, de algumas das “teses”, ou mais bem-dito: das linhas
de propaganda, que foram adoptando desde o início da intervenção
militar russa na Ucrânia. A primeira é que Putin estava louco (a
clássica teoria da “psiquiatrização” do oponente) e por isso decidiu
invadir e conquistar a Ucrânia. A segunda explicava que por estar louco e
mal assessorado, não percebeu que o seu exército nem sequer tinha
peúgas e botas; que os seus blindados ficavam parados em fila indiana
por uma razão desconhecida; que os seus soldados tinham de aprender a
manejar as metralhadoras através da Wikipédia. Em suma, a Rússia, como
por cá se disse, era uma estação de serviço, munida de armas nucleares. A
terceira explicava-nos a corrupção dos seus generais e oligarcas. Esta
seria responsável por atrasos técnicos de tal ordem, que para fabricar
os seus mísseis, os russos tinham de se socorrer dos tambores das
máquinas de lavar que roubavam nas localidades ucranianas que sem se
saber como- conquistavam.
Tudo
isto demonstrava não apenas a vitória ucraniana, como, mais do que
isso, a queda do regime russo. O facínora mal-disposto do Kremlin cairia
sem apelo nem agravo sob os escombros da sua aventura “ilegal e
injustificada” contra uma nação pacífica e soberana, lutando em defesa
da liberdade e da democracia. Antes disso, porém, atingiria todos os
civis e as suas casas, os teatros, hospitais, escolas e infantários,
centros comerciais e parques de estacionamento que pudesse, sem esquecer
os vendedores de gelados, os quiosques de rua e os lares de anciãos.
Era o episódio do outono de 2022, no qual Vladimir Zelensky, no papel de
presidente da Ucrânia, anunciava que já iria passar esse Natal à
Crimeia.
Estranhamente
não foi assim. E talvez por isso surgiu uma outra tese insólita. Os
russos tinham o mau hábito de bombardear as suas próprias posições e
infraestruturas. Destruíram assim uma prisão em Poltava, onde tinham
prisioneiros de guerra ucranianos. Assim bombardearam a ponte de Kersh
que ligava a Crimeia ao restante continente. E, ainda assim, das quatro
centrais nucleares existentes na Ucrânia, resolveram bombardear a única
que ocupavam, em Zaporíjia. Nada se compararia, porém, à destruição que
perpetraram do gasoduto Nordstream 2 que tinham construído conjuntamente
com a Alemanha para venderem gás natural à Europa e que assim viam
destruído. Isolados do mundo, sucumbindo às poderosas sanções
ocidentais, a contraofensiva ucraniana de 2023 pô-los-ia no lugar em
pouco tempo.
Não foi
assim. E não só não foi assim como os russos, afinal, tinham o apoio da
China e, em parte, até da índia. O seu ministro dos Negócios
Estrangeiros viajou por toda a África fixando contratos económicos e
militares um pouco por todo o lado. Expandiram os BRIC, multiplicaram
contactos, relações, transações económicas e financeiras marginalizando o
dólar… a tudo isto chamou-se por cá, o isolamento russo perpetrado pelo
“ocidente alargado”.
Não
só não foi, portanto, como acabámos a dizer que temos de nos armar,
porque os mesmos russos que não tinham botas nem peúgas e que não
sabiam disparar estavam preparados para chegar a Lisboa enquanto o diabo
esfrega um olho, caso não desviássemos o dinheiro dos nossos
pensionistas, serviços de saúde, escolas, etc., para comprar armas ao
complexo militar-industrial norte-americano.
No
momento em que os norte-coreanos desapareceram dos noticiários
ocidentais onde estavam colocados em posição de combate, é nesta tese
que estamos: Cuidado que vêm aí os russos! Agora com uma diferença.
Zelensky já não vai de férias à Crimeia pelo Natal. Pelo contrário, está
desesperado. Diz que entrega a Trump o que tem e, sobretudo, o que não
tem da nova Ucrânia que ainda não se sabe muito bem em que consistirá.
Como se disse, é um facto que há muito que a clique dirigente de Kiev
imposta pelo golpe de Estado que a senhora Victoria Nulland dirigiu em
2014, declarando então “fuck Europe”, tem à venda o país que
corruptamente trocou pelas suas fortunas pessoais e em nome do qual diz
falar.
Entretanto, estima-se em mais de um milhão o número de jovens russos e ucranianos mortos ou feridos por quantos tudo fizeram para que isto não fosse evitado. Refiro-me aos governos norte-americanos e europeus, refiro-me à insanidade deletéria reinante em Kiev que ficará na História daquela terra por ter condenado uma geração inteira dos seus com a mesma frieza com que mentiu ao mundo, na guerra que confessamente escolheu travar em nome do património da NATO e do seu próprio. O que aqui há uns meses era indizível por ser verdade é hoje evidente por se confirmar que era verdade.
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