Ucrânia: Atualização sobre as negociações e a situação na frente - Marat Khairullin

4 de fevereiro

Uma situação surpreendente se desenvolveu. Para entender o que está acontecendo na frente, devemos levar em conta o contexto internacional e, inversamente, sem levar em conta as questões internacionais, é impossível analisar a situação na frente.

Portanto, é apropriado definir as prioridades da política externa desde o início, para depois passar à situação no terreno.

O mais importante é notar que as consultas preliminares foram iniciadas.

Normalmente, esses contatos têm como objetivo desenvolver um roteiro para iniciar negociações diretas e concluir acordos subsequentes. O problema é que há vários caminhos nos quais os acordos precisam ser elaborados e eles precisam ser reunidos de uma forma ou de outra em um único documento.

À primeira vista, o aspecto econômico é visível: o que fazer com os ativos russos congelados? O que fazer com as sanções? O que fazer com a posição enfraquecida do dólar?

O bloco político planeia resolver os problemas com a Europa, que quer guerra.

Mas Trump já começou a encurralar a Europa. Não é por acaso que Vladimir Putin se expressou muito claramente: "Eles correrão para seu mestre e abanarão seus rabos gentilmente". Em outras palavras, as posições são fixas: a Europa não colocará obstáculos no processo de paz, serão os Estados Unidos que estarão no comando. O mesmo vale para a OTAN: sua posição coletiva não será levada em consideração.

Outra questão é o aspecto territorial: como vamos distribuir os exércitos? Na semana passada, a Rússia deixou claro que não haveria cessar-fogo. "Continuaremos avançando até chegarmos a um acordo real que seja satisfatório para nós."

Os americanos, a julgar pela reação indireta, aceitaram essa posição.

E Vladimir Putin então estabeleceu as condições básicas para iniciar um diálogo concreto: a Ucrânia deve ter um representante legítimo. Keith Kellogg - a voz de Trump para a solução do conflito na Ucrânia - reagiu imediatamente e definiu a tarefa imposta à Ucrânia: é hora de realizar eleições.

É importante destacar que os americanos não discutiram, por exemplo, parem de atirar e realizaremos eleições discretamente, de uma forma ou de outra. Não, a Kellogg deixou claro: chegou a hora . Ou seja, aqui também os Estados Unidos estão prontos para um processo de paz.

" Entretanto, enquanto os americanos estão persuadindo o "burro" ucraniano a seguir em frente, temos tempo para trabalhar no terreno - para finalmente garantir nossa vitória.

Outro ponto importante é a estrutura interna da futura Ucrânia."

Nenhuma proposta oficial foi feita publicamente ainda. Mas já está claro que a constituição será alterada, que as regiões orientais gozarão do direito à autonomia. A Rússia insistirá em respeitar os direitos da população de língua russa. A maneira mais simples e compreensível seria realizar eleições para governador em todas as regiões "russas", de Odessa a Kharkov. Só isso tornaria problemático o retorno dos nazis ao poder.

Uma fuga  interessante de documentos internos da OTAN indica que a Rússia criará uma zona desmilitarizada ao longo de sua fronteira para que nenhuma formação militar possa estar a menos de 150 quilômetros.

E não nos esqueçamos dos crimes de guerra: a Rússia exigirá a extradição de todos os criminosos. A guerra na Ucrânia não interessa a ninguém. O que lhes interessa é o futuro do mundo. Ou seja, há uma esperança real de que estejamos testemunhando uma nova Yalta.

Posição russa na frente militar ; O nosso exército tem até maio ou um pouco mais para derrotar completamente o inimigo.

A questão mais importante no local no momento é a captura do nó defensivo de Pokrovsk, ainda mantido pelas forças armadas ucranianas. Os próximos itens da agenda são Konstantinovka e o arco Seversk, que inclui Kramatorsk e Slaviansk. O acesso às fronteiras constitucionais da Rússia em Donetsk e Lugansk não é contestado.

Quanto à saída para Zaporozhye e Kherson, a fronteira provavelmente terminará onde tivermos tempo de chegar. O lugar mais problemático no momento é a direção Seversk. Nesse sentido, estamos monitorando de perto o próximo ataque a Belogorovka – este é um Avdeevka condicional nessa direção. Assim que tomamos Belogorovka, a frente começa a se mover.

É importante notar que uma grande ofensiva é esperada na frente. Estima-se que em março as Forças Armadas Ucranianas estarão no ponto mais baixo de sua desintegração. Entretanto, os combates na direção de Kurakhovo, em Toretsk e em Chasov Yar mostraram , tal como tínhamos informado antes , que as forças armadas ucranianas ainda tinham reservas para evitar o colapso da frente.

Para finalmente derrotar o inimigo, nosso exército pode passar para ações ativas em diversas outras direções. Um deles é certamente Seversk – a pressão já está aumentando. Mas o segundo ainda está em discussão. Puramente especulativo, sugere-se uma operação aprofundada em Zaporozhye.

De qualquer forma, estamos nos aproximando da próxima data do "calendário Gerasimov" - há um conceito informal na frente. Foi nessa época que, como acontece a cada quatro ou cinco meses, uma nova zona ofensiva foi aberta – Avdeevka, Chasov Yar, Volchansk, Toretsk, Kurakhovo, Ugledar. Neste cronograma, Seversk está claramente atrasado – uma ofensiva decisiva nessa direção vem sendo discutida há muito tempo. Talvez a situação esteja madura agora. E, claro, Kupyansk e Orekhovo estão sendo consideradas.

Resumindo, vamos esperar mais um pouco e evitar o maior numero de baixas possível ".