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22 de fevereiro de 2025

Delírio cognitivo na RTP - 1

 O canal público não quis ficar atrás de outros media no desajuste entre a realidade e o delírio cognitivo, que atinge o nível da estupidez. A estupidez consiste na incapacidade de compreender, aprender. Pessoas inteligentes podem tornar-se funcionalmente estúpidas quando as suas convicções se tornam crenças alheias às evidências, transformando-se em estúpidos majestosos. Isto diz-nos a "Psicologia da Estupidez" e foi o que se viu na RTP-1 em Que Paz Para a Ucrânia?

O que se passou dava para uma tese de mestrado sobre comunicação. É de facto difícil conceber a disfuncionalidade, neste caso, geopolítica, dos participantes do painel. Terem-se iniciado negociações de paz não foi uma oportunidade para a UE/NATO urgentemente normalizar as relações políticas e comerciais com países da sua vizinhança. Não, começa-se por dizer que "estamos perante o pior cenário possível na guerra entre a Ucrânia e a Rússia", embora se trate de uma guerra formalmente não declarada entre a NATO e a Rússia.

Querem mesmo a guerra com a Rússia e sentem-se desorientados ao verem o seu "atlantismo" em estilhaços. Só isto pode explicar que a "Europa tem de preparar-se para a guerra", "garantias de segurança com Putin só com forças militares". "A UE (?) tem de avançar com forças militares com número suficiente para a linha de contacto". A "Europa não pode aceitar o acordo entre os EUA e a Rússia. Não tem que aceitar acordos em que não participa. Zelensky também diz que não aceita." (!!)

Numa coisa estão certos: o futuro da Europa joga-se (jogou-se) na Ucrânia. Antes de chegarem a esta constatação deviam ter pensado antes, agora estão como Goebells que perante a derrota total, proclamava a "guerra total". Mas para que este frenesim belicista se justificasse deviam ao menos apresentar uma evidência, uma declaração que fosse, sobre a intenção da Rússia invadir a Europa.

Falam numa comunidade internacional que só existe nas suas cabeças, o que existe são blocos político-militares, em torno de superpotências nucleares que ou chegam a acordo ou se destroem mutuamente. A equipa de Trump percebeu isto, mas na UE/NATO são incapazes de se libertarem das aldrabices que andaram a propagar por conta dos neocons. Quanto ao direito internacional, ficou enterrado nas invasões, golpes de Estado, "revoluções coloridas", financiamento da desinformação mediática, como agora é revelado das atividades da USAID, NED, etc.

Na versão delirante dos "atlantistas" fanáticos, o golpe de Kiev em 2014, foi uma ação de pura democracia, as regiões que recusaram a ascensão dos neonazis e perseguições, podiam ser dizimadas legitimamente, incluindo crianças. O crime na Casa dos Sindicatos de Odessa em 2014, nunca aconteceu. A Rússia é por definição agressora, tudo o que a NATO e aliados fizeram no mundo, incluindo na Ucrânia, é por definição direito internacional.

Trump procura estabelecer uma nova arquitetura de segurança para a Europa, porque a guerra na Ucrânia está perdida. Não há outra forma de resolver o problema que degrada as economias e esgota o potencial bélico da NATO senão negociações de paz. Porém, para os especialistas da RTP 1, a guerra está num impasse, a Rússia não tem conseguido ganhos militares, estando onde estava há três anos, à custa de 350 mil mortes, mais de 700 mil feridos. Donde vêm estes números não é dito. A aldrabice atinge foros do ridículo ao ignorar a situação económica, social, militar da Ucrânia e dizer que o "fracasso militar da Rússia foi transformada em vitória por Trump", a "Rússia sai do seu isolamento". Isolamento?! O moderador, ouvindo sem levantar dúvidas, parece ignorar a existência dos BRICS, OCX, UEEA, etc.

Como aqueles especialistas são alérgicos a fontes de dados, não lhes custa dizer que a Rússia está numa situação económica "dramática". Vejamos a dívida pública e externa total de alguns países: Rússia: 21% e 14,8% respetivamente; Alemanha 72,8% e 157,7%; França 122,5% e 266,6%; Reino Unido 112,5% e 301%.

Segundo foi dito, a UE já deu 170 mil milhões de euros para pagar o funcionamento da economia e do Estado para além da ajuda militar, estando comprometidos um total de 240 mil milhões. Nestas condições, como é possível a "Europa" aguentar o clã de Kiev, militarizar-se, "preparar-se para a guerra". O que é que isto implica, não houve interesse em esclarecer...

Uma das características da maturidade e mesmo sanidade mental, é a capacidade de avaliar as consequências das suas ações e a coerência do que se diz. Quais são as consequências: de uma guerra com a Rússia? De colocar-se ao lado de Zelensky contra Trump? Que proposta tem a UE/NATO para o conflito? Apenas disse que a "proposta" - inexistente - tem que vir com força... militar. Entretanto van der Leyen e António Costa vão a Kiev dizer que estão ao lado do corrupto clã de Kiev e do seu bando de neonazis o tempo que for preciso.

Mas, algum dito especialista se preocupa com o que as pessoas na "Europa" e na Ucrânia pensam desta guerra e de Zelensky?

1 comentário:

Pena Preta disse...

Para quem não viu o programa seria interessante conhecer os protagonistas