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27 de fevereiro de 2025

O que a Europa pode fazer pela Ucrânia - 2

 A decisão de Trump não consultar os líderes europeus antes de falar com Putin, mostra a insignificância geopolítica da Europa (isto é, a UE/NATO). A única maneira de ter uma voz na geopolítica seria considerar três opções impensáveis com os atuais líderes: dispor-se a abandonar a NATO; estabelecer um pacto estratégico com a Rússia, levando em conta os interesses fundamentais de cada parte; desenvolver um acordo estratégico com a China.

Políticos e burocratas europeus acreditavam, como vassalos idiotas que são, que a lealdade servil às prioridades geopolíticas americanas lhes permitiria colher bons dividendos. Em vez disso, foram postos de lado. Agora, limitam-se a implorar estarem nas negociações, o que demonstra a sua incapacidade e que nada valem sozinhos.

Afinal o que é que esta gente que supostamente deveria gerir os povos da UE/NATO, quer como futuro? Obviamente não têm ideia, para além de propalar que vão ser invadidos pelos russos. Se com esta paranoia têm tanto medo da Rússia caso vença na Ucrânia (o que já aconteceu como os EUA foram forçados a reconhecer) porque não avançam com soldados, armas e mais dinheiro para a Ucrânia para expulsar os russos? Mas... a opinião dos povos dessas zonas não conta? A UE que prove que querem ficar submetidos à ditadura racista russofóbica de Kiev?

A inconsciente nº1 da CE, van der Leyen, diz que “na Ucrânia é o destino da Europa que está em causa. É certo, mas são também os lugares principescamente remunerados que estes burocratas desfrutam. Quando foi a Kiev reafirmou apoio a Zelensky e prometeu apresentar “muito em breve um plano para aumentar a produção de armas e capacidade de defesa na UE. A senhora raramente faz ideia das consequências e do significado do que diz, embora com isto a UE se tenha tornado um pacto militar. Belicistas seguidistas dos neocons não podiam ter escolhido melhor para presidir ao declínio ou mesmo fim da atual UE.

De uma forma geral, a NATO enfrenta uma grave escassez de munições particularmente de longo alcance e equipamentos pesados. A realidade é a dependência dos EUA. Que armamento querem produzir? O atraso tecnológico da UE/NATO nestas matérias é enorme relativamente à Rússia. Recuperar, requer longos anos de trabalho, investimento, investigação. Portanto, no imediato, o aumento de gastos militares irá em grande parte para os EUA, o desenvolvimento autónomo demora anos além da dependência tecnológica.

Nenhum dos sistemas de defesa antimísseis ocidentais existentes podem intercetar o Oreshnik. Mesmo contra um Kinzhal um Patriot em Kiev disparou todos os seus 32 mísseis, não conseguiu atingi-lo e acabou destruído. As defesas aéreas ocidentais apenas podem atingir mísseis com velocidade de Mach 2,5, o Kinzhal atinge Mach 10, o Oreshnik mergulha sobre o seu alvo a Mach 12. Em áreas críticas como os sistemas de defesa aérea, as indústrias militares europeias estão longe de serem capazes de garantir a defesa dos seus próprios países, e muito menos de suportar a guerra na Ucrânia.

Para além de intenso palavreado não existe um plano nem de produção nem de desenvolvimento. Para o estabelecer é necessário definir especificações e quantidades num cronograma de produção e financiamento. Faltam trabalhadores qualificados e os problemas da cadeia de fornecimentos também são problemáticos dos componentes eletrónicos aos combustíveis. Quem fornece os materiais necessários, designadamente fora da UE/NATO? Em resumo, como já foi dito: “Grande conversa, mas sem substância.”

As grandes promessas de apoio a Kiev dificilmente se cumprirão: os países não têm capacidade financeira nem material para as sustentar Kiev, e o crescente descontentamento na Europa, irá impedir as elites belicistas de passarem das palavras. A guerra na Ucrânia, como qualquer outra em grande escala, mostra que a capacidade industrial prevalece, dado o consumo intensivo de equipamentos, veículos, munições. Na UE/NATO a capacidade industrial foi reduzida, baseada na financeirização e na globalização neoliberal-imperialista.

Quanto custa e quem paga o apoio ao clã de Kiev? Imprimir euros? E depois? O euro não é o dólar e até este recua perante o mundo multipolar. Quanto à Ucrânia na UE, só para efeitos de reconstrução serão necessários 524 mil milhões de dólares, segundo o primeiro-ministro ucraniano. (Geopolítica ao vivo – Telegram 25/02)

Na bolha mediática da propaganda os belicistas a resposta que a Rússia dará às suas ações não faz parte da equaçãoO presidente finlandês disse na Conferência de Munique que as próximas negociações deveriam ser usadas para "rearmar a Ucrânia" e pressionar a Rússia. (como?!) A UE não encontrou ninguém melhor para ocupar o cago de relações exteriores que a russófoba estoniana Kaja Kallas, que se distinguiu como primeira-ministra da Lituânia na demolição de monumentos soviéticos à libertação do país da ocupação nazi, exposta como "invasão russa". Sente-se chocada com as negociações da Rússia com os EUA: "Não vamos cair nas armadilhas russas”. 

Pensar que a Europa substitui os Estados Unidos em termos de apoio militar e financeiro à Ucrânia é um completo absurdo. Será que os belicistas esperam que o caos seja uma oportunidade manterem a ilusão de poder? Deviam então escutar Lavrov: "será impossível chegar a acordo sem um acordo sustentável de longo prazo que aborde as causas profundas desta situação".

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