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20 de fevereiro de 2025

As opções na Europa

Do Facebook do Maj General Raul Cunha .  Na  Tentativa de ajudar, segue mais um pequeno texto a expressar a minha opinião:

AS OPÇÕES DA EUROPA
Tempos complicados requerem medidas corajosas e dois mil anos de geopolítica ensinaram-nos uma simples e óbvia lição: todas as grandes potências colocam os seus próprios interesses em primeiro lugar e, se necessário, sacrificam os interesses dos seus aliados. O Presidente Trump está a comportar-se como um actor geopolítico racional, quando coloca em primeiro lugar aquilo que entende serem os interesses do seu país. A Europa não se deve limitar a criticar Trump, mas deve, sim, imitá-lo. Pelo que deverá fazer aquilo que, actualmente, os seus líderes se mostram incapazes de sequer considerar: declarar que será a partir de agora um actor estrategicamente autónomo no palco mundial e que colocará os seus próprios interesses em primeiro lugar.
É ainda muito cedo para poder dizer quem serão os verdadeiros vencedores e vencidos deste conflito que agora a intervenção do Presidente Trump pretende solucionar, pois a situação ainda pode vir a mudar. Entretanto, não restam dúvidas de que a posição geopolítica da Europa diminuiu consideravelmente de importância. A decisão do Presidente dos EUA de nem sequer consultar ou avisar os líderes europeus antes de falar com o Presidente russo, demonstra o quão irrelevante se tornou a Europa, mesmo quando os seus interesses geopolíticos estão em causa. No meu entender, a mediocridade dos actuais líderes da UE e dos deputados no parlamento europeu preconiza a sua imediata renovação por gente mais competente e menos condicionada pelos burocratas de Bruxelas e pelos vergonhosos vícios resultantes duma abundante corrupção moral, após o que haverá que considerar de imediato as seguintes opções, que talvez possam vir constituir uma forma de restaurar a posição geopolítica da Europa:
1. NATO
A Europa deverá anunciar que não aceita que os seus países tenham de empenhar 5% dos seus orçamentos na defesa e que se os EUA não acharem isso bem, então “a porta da rua será a serventia da casa” e assim, aqueles ficarão livres para abandonar a organização, se de facto o desejarem. A anuência daquela exigência dos EUA dá a impressão ao mundo de que a Europa está a lamber as botas de quem lhe dá pontapés no traseiro. Tenhamos presente que aquilo que choca a maioria das pessoas, com alguns neurónios funcionais, é que os líderes europeus não tenham previsto o lamaçal em que agora se encontram. Logo após o início da guerra na Ucrânia, todo o pensamento estratégico europeu assentou no melhor cenário possível, que era o de os Estados Unidos serem um aliado totalmente fiável, e isto apesar de terem acompanhado o primeiro mandato de Trump e as suas ameaças de os EUA se retirarem da maior aliança militar do mundo e, também, contrariamente ao que a doutrina determina, que é sempre de prever e planear também para lidar com o pior cenário possível. Ou seja, houve um pensamento estratégico quase infantil e até incompetente sobre o conflito na Ucrânia e as suas consequências a longo prazo, mau grado os alertas daqueles que, de imediato, previram o descalabro que iria acontecer.
2. Rússia
Tentar elaborar um novo grande acordo estratégico com a Rússia, com cada lado a acomodar os principais interesses do outro. Já se sabe que muitas das tristes cabecinhas estratégicas europeias e que infelizmente ainda têm influência, irão rejeitar esta sugestão, porque estão convencidas que a Rússia representa uma ameaça real à segurança dos países da UE. A sério? Os russos são de um total realismo geopolítico ao mais alto nível. Estão conscientes que as tropas e carros de combate dos eventuais Napoleões e Hitlers europeus não voltarão a avançar sobre Moscovo, tal o respeitinho que agora lhes incutiram. Será que estes pusilânimes líderes europeus não vêem a evidente contradição entre, por um lado, terem pensado ser a Rússia incapaz de derrotar a Ucrânia e por outro, declararem que a Rússia é uma grande e verdadeira ameaça para a Europa. Muito provavelmente, os russos ficariam felizes por chegar a um acordo justo e correcto com a UE, respeitando as actuais fronteiras entre eles, e a um acordo realista sobre a Ucrânia de forma a não serem ameaçados os interesses principais de qualquer um dos lados. A longo prazo, depois de ser restabelecida alguma confiança estratégica entre a Rússia e uma nova Europa estrategicamente autónoma, a Ucrânia poderá então e gradualmente, servir de ponte entre a UE e a Rússia, em vez de ser um pomo de discórdia.
3. China e África
Tentar estabelecer um novo pacto estratégico com a China. No âmbito das relações internacionais, há uma razão importante pela qual a geopolítica é uma combinação de duas palavras: geografia e política. A geografia dos Estados Unidos, que está face à China através do Oceano Pacífico, combinada com o desejo de primazia de Washington, explica a sua mútua relação hostil. Mas então, que pressões geopolíticas provocaram a actual desaceleração nas relações UE-China? O que aconteceu foi os líderes europeus terem estupidamente acreditado que o exercício de uma lealdade servil às prioridades geopolíticas dos EUA iria conduzir a elevados dividendos geopolíticos para eles próprios. E em vez disso, levaram com um merecido pontapé no traseiro. O mais notável nesta relação é que a China até pode ajudar a UE a lidar com o seu maior e verdadeiro pesadelo geopolítico a longo prazo, que é a explosão demográfica em África. Em 1950, a população da Europa era o dobro da de África. Actualmente, a população de África é duas vezes superior à da Europa. A menos que em África se desenvolvam as suas próprias economias, haverá um aumento de migrantes africanos para a Europa. Para evitar que a Europa acabe a ser governada por partidos extremistas e xenófobos, os europeus devem incrementar bastante os investimentos em África de forma que criem aí emprego e mantenham os africanos na região. Ao se opor ao investimento da China em África, Bruxelas está a sacrificar os seus próprios interesses estratégicos para servir os interesses americanos, na esperança vã que essa subserviência geopolítica conduza a algo positivo.

(ideia e partes do texto aproveitados a partir de um artigo entrevisto na internet)

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