Do Facebook do Maj General Raul Cunha . Na Tentativa de ajudar, segue mais um pequeno texto a expressar a minha opinião:
AS OPÇÕES DA EUROPA
Tempos
complicados requerem medidas corajosas e dois mil anos de geopolítica
ensinaram-nos uma simples e óbvia lição: todas as grandes potências
colocam os seus próprios interesses em primeiro lugar e, se necessário,
sacrificam os interesses dos seus aliados. O Presidente Trump está a
comportar-se como um actor geopolítico racional, quando coloca em
primeiro lugar aquilo que entende serem os interesses do seu país. A
Europa não se deve limitar a criticar Trump, mas deve, sim, imitá-lo.
Pelo que deverá fazer aquilo que, actualmente, os seus líderes se
mostram incapazes de sequer considerar: declarar que será a partir de
agora um actor estrategicamente autónomo no palco mundial e que colocará
os seus próprios interesses em primeiro lugar.
É
ainda muito cedo para poder dizer quem serão os verdadeiros vencedores e
vencidos deste conflito que agora a intervenção do Presidente Trump
pretende solucionar, pois a situação ainda pode vir a mudar. Entretanto,
não restam dúvidas de que a posição geopolítica da Europa diminuiu
consideravelmente de importância. A decisão do Presidente dos EUA de nem
sequer consultar ou avisar os líderes europeus antes de falar com o
Presidente russo, demonstra o quão irrelevante se tornou a Europa, mesmo
quando os seus interesses geopolíticos estão em causa. No meu entender,
a mediocridade dos actuais líderes da UE e dos deputados no parlamento
europeu preconiza a sua imediata renovação por gente mais competente e
menos condicionada pelos burocratas de Bruxelas e pelos vergonhosos
vícios resultantes duma abundante corrupção moral, após o que haverá que
considerar de imediato as seguintes opções, que talvez possam vir
constituir uma forma de restaurar a posição geopolítica da Europa:
1. NATO
A
Europa deverá anunciar que não aceita que os seus países tenham de
empenhar 5% dos seus orçamentos na defesa e que se os EUA não acharem
isso bem, então “a porta da rua será a serventia da casa” e assim,
aqueles ficarão livres para abandonar a organização, se de facto o
desejarem. A anuência daquela exigência dos EUA dá a impressão ao mundo
de que a Europa está a lamber as botas de quem lhe dá pontapés no
traseiro. Tenhamos presente que aquilo que choca a maioria das pessoas,
com alguns neurónios funcionais, é que os líderes europeus não tenham
previsto o lamaçal em que agora se encontram. Logo após o início da
guerra na Ucrânia, todo o pensamento estratégico europeu assentou no
melhor cenário possível, que era o de os Estados Unidos serem um aliado
totalmente fiável, e isto apesar de terem acompanhado o primeiro mandato
de Trump e as suas ameaças de os EUA se retirarem da maior aliança
militar do mundo e, também, contrariamente ao que a doutrina determina,
que é sempre de prever e planear também para lidar com o pior cenário
possível. Ou seja, houve um pensamento estratégico quase infantil e até
incompetente sobre o conflito na Ucrânia e as suas consequências a longo
prazo, mau grado os alertas daqueles que, de imediato, previram o
descalabro que iria acontecer.
2. Rússia
Tentar
elaborar um novo grande acordo estratégico com a Rússia, com cada lado a
acomodar os principais interesses do outro. Já se sabe que muitas das
tristes cabecinhas estratégicas europeias e que infelizmente ainda têm
influência, irão rejeitar esta sugestão, porque estão convencidas que a
Rússia representa uma ameaça real à segurança dos países da UE. A sério?
Os russos são de um total realismo geopolítico ao mais alto nível.
Estão conscientes que as tropas e carros de combate dos eventuais
Napoleões e Hitlers europeus não voltarão a avançar sobre Moscovo, tal o
respeitinho que agora lhes incutiram. Será que estes pusilânimes
líderes europeus não vêem a evidente contradição entre, por um lado,
terem pensado ser a Rússia incapaz de derrotar a Ucrânia e por outro,
declararem que a Rússia é uma grande e verdadeira ameaça para a Europa.
Muito provavelmente, os russos ficariam felizes por chegar a um acordo
justo e correcto com a UE, respeitando as actuais fronteiras entre eles,
e a um acordo realista sobre a Ucrânia de forma a não serem ameaçados
os interesses principais de qualquer um dos lados. A longo prazo, depois
de ser restabelecida alguma confiança estratégica entre a Rússia e uma
nova Europa estrategicamente autónoma, a Ucrânia poderá então e
gradualmente, servir de ponte entre a UE e a Rússia, em vez de ser um
pomo de discórdia.
3. China e África
Tentar
estabelecer um novo pacto estratégico com a China. No âmbito das
relações internacionais, há uma razão importante pela qual a geopolítica
é uma combinação de duas palavras: geografia e política. A geografia
dos Estados Unidos, que está face à China através do Oceano Pacífico,
combinada com o desejo de primazia de Washington, explica a sua mútua
relação hostil. Mas então, que pressões geopolíticas provocaram a actual
desaceleração nas relações UE-China? O que aconteceu foi os líderes
europeus terem estupidamente acreditado que o exercício de uma lealdade
servil às prioridades geopolíticas dos EUA iria conduzir a elevados
dividendos geopolíticos para eles próprios. E em vez disso, levaram com
um merecido pontapé no traseiro. O mais notável nesta relação é que a
China até pode ajudar a UE a lidar com o seu maior e verdadeiro pesadelo
geopolítico a longo prazo, que é a explosão demográfica em África. Em
1950, a população da Europa era o dobro da de África. Actualmente, a
população de África é duas vezes superior à da Europa. A menos que em
África se desenvolvam as suas próprias economias, haverá um aumento de
migrantes africanos para a Europa. Para evitar que a Europa acabe a ser
governada por partidos extremistas e xenófobos, os europeus devem
incrementar bastante os investimentos em África de forma que criem aí
emprego e mantenham os africanos na região. Ao se opor ao investimento
da China em África, Bruxelas está a sacrificar os seus próprios
interesses estratégicos para servir os interesses americanos, na
esperança vã que essa subserviência geopolítica conduza a algo positivo.
(ideia e partes do texto aproveitados a partir de um artigo entrevisto na internet)
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