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28 de julho de 2025

Afinal a fome em Gaza é culpa do Hamas...

 Disse na CNN a comentadora Helena Ferro Gouveia: "Do ponto de vista militar a guerra em Gaza está ganha. O Hamas foi destruído. Luta para sobreviver politicamente à custa da população palestina. Este conflito podia estar resolvido há muito se o Hamas se desmilitarizasse e entregasse os reféns." Vê-se que a senhora é uma pessoa bem informada, pois repete com Anthony Blinken a lição sionista. Recorde-se que sendo Sec. Est. de Biden, pressionou para cortar o financiamento à UNRWA, abrindo caminho para a fome em Gaza.

A fome foi um dos processos nazis de liquidar prisioneiros, fornecendo menos de metade das calorias necessárias à sobrevivência. Num livro de Eric Maria Remarque, "A centelha da vida" refere-se este processo - na democracia liberal não é preciso PIDE para o proibir livros, o "mercado", isto é, quem controla as editoras, trata disso.

Quanto à vitória das FDI, o mais temível exército do Médio Oriente, vitorioso apenas contra civis, não foi capaz em 22 meses de libertar os reféns em Gaza, nem aceitar o fim da guerra em troca da sua libertação. São centenas as resoluções da ONU que Israel não cumpriu, tratados e acordos que violou, com o sionismo instalado após o assassinato de Yitzhak Rabin.

O Hamas era um movimento político armado, que organizava a vida em Gaza, odiado por Israel e pela colaboracionista e corrupta "Autoridade Palestina" da Cisjordânia, território sucessivamente ocupado por "colonos" que com as FDI aterrorizam a população. O Hamas contrariava as ambições de expansionismo, o "lebens raum" ("espaço vital"), sionista. Agora Israel anexa os territórios da Cisjordânia por votação no parlamento. A morte por bombardeamentos em campos de refugiados, assassinatos, prisões arbitrárias e tortura, ausência dos mais elementares direitos cívicos ou mesmo humanos foi a prática instituída por Israel relativamente aos palestinos. Recentemente o Campo de Nur-Shams, na Cisjordânia, foi bombardeado.

Não ficarei em silêncio quando Israel comete crimes contra os palestinos”, diz o académico judeu-americano Norman Finkelstein, condenando aqueles que usam o sofrimento do Holocausto para justificar a brutalidade israelense. "Meu falecido pai esteve em Auschwitz. [...] E não considero nada mais desprezível do que usar o sofrimento e o martírio deles para tentar justificar a tortura, a brutalização que Israel comete diariamente contra os palestinos".

Diz o prof. Jeffrey Sachs: "Israel está deliberadamente levando à fome o povo de Gaza. Isto não é exagero, quero dizer literalmente: a privação intencional de comida para a população. Israel é um estado criminoso, perpetuamente envolvido em crimes de guerra. Além disso, agora atingiu o nível de genocídio. E tudo isso está sendo feito sem vergonha, sem remorso, sem verdade, sem qualquer consciência do que está acontecendo. Mas ao fazê-lo, Israel está colocando em risco sua própria segurança, porque cada vez mais pessoas ao redor do mundo começam a questionar a legitimidade do Estado israelita. Isso só terminará quando os Estados Unidos pararem de fornecer armas a Israel. Israel não vai parar, não há um pingo de contenção no governo atual. Eles são um gangue de assassinos. Fanáticos com uma visão messiânica de controlar todos os territórios palestinos. Não têm intenção de parar. Acreditam na necessidade de limpeza étnica ou pior. Mais uma vez, os Estados Unidos dão-lhes apoio e todos os outros políticos falham em parar esse massacre."

O cientista político prof. Mearsheimer alerta: o apoio de Washington à política israelita é irracional, Israel está caminhando para uma guerra sem fim, isolamento e autodestruição a longo prazo.

Moon of Alabama, traz-nos um texto acerca da indelével vergonha a que o chamado ocidente se presta, como império do caos. E cita: Gaza ultrapassou o ponto de inflexão em direção à fome. Uma vez ultrapassado esse ponto, a fome tende a seguir um padrão catastrófico, já visível em Gaza. Um lento deslize em direção à morte dá lugar à rápida mortalidade em massa à medida que os órgãos falham, o sistema imunológico entra em colapso, as vítimas perdem a vontade de continuar e as mortes tendem a aumentar exponencialmente. Isto significa que enquanto aguardam para tomar medidas corretivas, a linha técnica foi cruzada e milhares de pessoas – especialmente crianças pequenas – podem ser condenadas à morte. Se nada for feito, haverá não apenas milhares, mas centenas de milhares de mortes em Gaza. Sinto vergonha de viver num país "ocidental" onde o governo reivindica superioridade moral, mas recusa-se a fazer qualquer coisa a este respeito.

Em 2023, o internacionalmente reconhecido Escritório Central de Estatísticas da Palestina contou 2.226.544 pessoas em Gaza. Trump quer remover todos os palestinos de Gaza e dá números como 1,7 ou 1,8 milhão de pessoas, assumindo a morte de 400 a 500 mil palestinos.
Israel matou 20,7% da população de Gaza. São 434.000 pessoas. Com os dados mais recentes, (21 de julho), atualizados  com base num modelo estatístico desenvolvido pela prestigiada revista médica The Lancet, Israel matou cerca de 434.800 pessoas em Gaza desde que o exército do país começou a atacar o território em 8 de outubro de 2023. Isso representa 20,7% da população de Gaza antes do conflito. Mais da metade são mulheres e crianças.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando o demente Netanyahu afirmou que iria exterminar o Hamas, quis dizer ao Mundo que iria exterminar todos os palestinianos, e, o Mundo calou-se e comportou-se como se não tivesse percebido. O Estado Assassino está a cumprir as ameaças com a conivência de todos, porque a vida palestiniana parece não valer nada, face a outras vidas. Como pode, com a precisão da tecnologia actual, continuar a viver um louco assassino? A quem convém?